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Estado de Minas ESTRATÉGIAS NA MESA

O xadrez político da campanha presidencial das eleições de 2022

Com o fim da janela partidária, política brasileira teve dias intensos envolvendo pré-candidatos ao Palácio do Planalto


04/04/2022 04:00 - atualizado 03/04/2022 22:06

Ilustração
(foto: Arte: Lelis/EM/D.A Press)
Bolsonaro (PL) sai fortalecido com a exoneração de ministros para aumentar sua base de apoio nos estados. Doria (PSDB) foi bem-sucedido em sua manobra para conquistar os holofotes, porém ainda luta com a falta de apoio em seu próprio partido. Recém-filiado, Moro (União Brasil) causou uma crise na legenda e quase foi impugnado, mas o partido desistiu de expulsá-lo no sábado. De qualquer forma, ele não deve mais concorrer ao Planalto. Já Lula (PT) atua nos bastidores, costurando acordos entre partidos de esquerda e preparando seu plano de governo e o lançamento oficial da pré-candidatura.

Para analistas políticos, a terceira via sai enfraquecida da semana e a expectativa é que a corrida presidencial permaneça polarizada entre os líderes Lula e Bolsonaro. O cientista político Nauê Bernardo considera que, de forma geral, a terceira via saiu prejudicada na semana passada.

“Mostra que há um completo descompasso na tomada de decisões. Falta certeza e, no contexto que a gente vive, o eleitor  precisa de certeza. Sem isso, você não tem como avaliar o que aquela pessoa pode oferecer para resolver os problemas da população brasileira”, avalia.



Bolsonaro viabiliza palanques

O atual ocupante do Planalto exonerou na última quinta-feira nove dos seus ministros e dois secretários para que eles possam concorrer nas eleições e atuar na formação de palanques em seus estados. Entre eles estão Damares Alves, que deve concorrer ao Senado; Tarcísio de Freitas, que disputa o governo de São Paulo; e João Roma, que deve concorrer ao governo da Bahia.

Para o cientista político Nauê Bernardo, a movimentação foi bastante estratégica e fortalece a candidatura de Bolsonaro. “Isso demonstra essa intenção e esses arranjos estratégicos que precisam ser feitos para viabilizar uma candidatura competitiva”, disse. Bolsonaro vem crescendo nas últimas pesquisas eleitorais e se aproximando do líder, Lula.

Caso Moro saia da corrida presidencial, parte considerável dos votos do ex-juiz devem ir para Bolsonaro. “Enxergo de forma muito clara que há ali um desejo competitivo, com arranjos que podem garantir ao presidente condições de competir no Brasil inteiro, reconhecendo a força do adversário”, analisa Nauê.

Lula nos bastidores

Por enquanto, Lula atua de forma mais intensa nos bastidores. O PT mantém um olhar atento para o fortalecimento de Bolsonaro, mas fontes próximas ao partido garantem que isso já era esperado.

O ex-presidente costura alianças com partidos de esquerda e de centro para fortalecer seus palanques. A federação já está fechada com o PCdoB e o PV. Além disso, há conversas não-oficiais entre Lula e Gilberto Kassab, presidente do PSD. Dentro do partido, a aposta é que Lula reverterá o crescimento de Bolsonaro assim que for para as ruas.

Enquanto isso, o ex-presidente participa de eventos com seus apoiadores. Na última terça (29) ele se reuniu com representantes da Federação Única dos Petroleiros (FUP), e defendeu o fim da política de preços da Petrobras bem em meio à troca na presidência da estatal.

No dia seguinte, ele participou de um ato com lideranças de esquerda na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

Moro não deve concorrer

O ex-juiz Sergio Moro quase foi expulso do União Brasil. Para se filiar, o acordo era que Moro deveria deixar de concorrer ao Planalto e buscar algum cargo no Legislativo por São Paulo.

Na quinta, Moro divulgou nota oficial sobre sua troca de partido, afirmando a desistência de concorrer à Presidência. No dia seguinte, porém, ele disse em pronunciamento pelas redes sociais que “não havia desistido de nada”, e que não concorrerá como deputado federal.

Pouco tempo após o pronunciamento, oito membros da cúpula do União Brasil, encabeçados por ACM Neto, anunciaram que entrariam com um pedido de impugnação contra Moro, já que ele havia quebrado o acordo que precedeu sua entrada no partido.

“A nossa posição não é nada pessoal. Todo mundo reconhece o valor do ex-ministro. A questão é que não tem nenhum acordo para ele concorrer à presidência”, disse a deputada Professora Dorinha, uma das parlamentares que endossam a saída de Moro. No sábado, porém, o União Brasil afirmou ter desistido de expulsar Moro, mas frisou em nota assinada por dirigentes da legenda – incluindo ACM Neto – que o papel do ex-juiz é em São Paulo.

Edurdo Leite e Simone Tebet?

Apesar da manobra realizada por João Doria na semana passada, considerada bem-sucedida por analistas políticos, uma ala considerável do PSDB continua defendendo a candidatura de Eduardo Leite. Ele é tido como uma opção melhor para uma candidatura única da terceira via, articulada pelo União Brasil, MDB, PSDB e Cidadania.

Nos bastidores ouvidos pelo Correio/Estado de Minas, há a crença de que Doria não sairá da corrida eleitoral como se estivesse desistindo. A estratégia da ala pró-Leite é segurar ele até junho para que desidrate e fique evidente que não deslanchará. 

“(O Doria) causou muita colisão para ser escolhido candidato, mas antes disso para concorrer ao governo de São Paulo. Ele tem alguns rachas, como com o grupo do Aécio, e está isolado mesmo tendo vencido a previa”, analisa o cientista político André Rosa. 

Na sexta, em evento de filiação de Rodrigo Maia (RS) no PSDB, o presidente nacional do partido, Bruno Araújo, deixou claro que há oposição interna a Doria na sigla e ele se manterá na disputa ao Palácio do Planalto se articular com os demais partidos envolvidos na decisão de um nome.

Por outro lado, Araújo também deixou claro que não haverá coibição para as movimentações de Eduardo Leite para se tornar pré-candidato à presidência, oferecendo sustentação para as especulações de uma eventual chapa entre Leite, como cabeça de chapa, e Simone Tebet (MDB) como vice. Oficialmente, isso não é considerado. Os demais partidos da coligação negociam a candidatura única sem se envolver na disputa interna do PSDB. Tebet disse que “é preciso reconhecer a legitimidade” de Doria e que trabalham com esse cenário.


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