(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas ELEIÇÕES 2022

''Não há governo pior do que este'', diz Simone Tebet, pré-candidata do MDB

Única mulher na disputa ao Planalto afirma que maior desafio será combater a desigualdade social no Brasil, critica o governo Bolsonaro e o Congresso


13/02/2022 04:00 - atualizado 13/02/2022 07:41

Simone Tebet anunciiou Elena Landau para coordenação do seu programa econômico
'O Brasil está passando por um populismo, por um governo irresponsável que não conhece as mazelas do Brasil, que não conhece de gestão' (foto: Jefferson Rudy/Agência Senado - 8/12/21)

Brasília – Pré-candidata do MDB a presidenta, Simone Tebet, de 50 anos, nasceu em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul. Também advogada e professora, sua estreia na política ocorreu em 2002, quando foi eleita deputada estadual pelo MDB, legenda à qual permanece. Foi eleita senadora em 2014 e teve como principal auxiliar político o pai, Ramez Tebet, ex-governador do Mato Grosso do Sul. Em 2019, Tebet foi eleita a primeira mulher a presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, posto que exerceu até o fim de 2020. A atuação da senadora na CPI da COVID-19, em setembro de 2021, deu a ela projeção nacional.

Em entrevista ao Correio Braziliense/Diários Associados, a agora postulante ao Palácio do Planalto comentou o cenário econômico do país e defendeu que o “Orçamento precisa sobreviver a 2022” diante das propostas que levam ao descontrole de gastos promovido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), que, visando à reeleição, na avaliação da senadora do MDB, tem recorrido a medidas eleitoreiras. “Este é um ano em que o presidente vai fazer de tudo e mais um pouco as políticas eleitoreiras para estar no segundo turno e ganhar as eleições. E ele vai fazer isso diante de um Congresso hoje complacente”, afirma.

Única pré-candidata à Presidência neste ano, Tebet defende a importância de uma representante feminina no Executivo. “O Brasil que queremos e para quem queremos não pode ser respondido com um timbre exclusivamente masculino”, diz. Ela cita que o Brasil entrou para o mapa da fome e, para ela, um dos principais desafios dos próximos anos será a diminuição da desigualdade social no país. E critica a gestão do presidente Jair Bolsonaro. “Não há governo pior do que este que aí está.” Veja os principais trechos da entrevista.

A senhora anunciou montagem de equipe. O que os eleitores podem esperar dela?
Tivemos o cuidado de deixar muito claro que a economia é um bem para se alcançar um fim. Então, não tenho pressa de formar equipe econômica, apenas de ter uma pessoa que tem identidade de visão de projeto e de país, que é minha, para a partir daí construirmos e fazer uma equipe. Por isso, chamei Elena Landau, que tem uma visão muito parecida com a minha, de uma liberal moderada, uma liberal social. Ela já reviu muitas coisas e, hoje, tem essa preocupação de que, infelizmente, é o Brasil que temos, desigual e que entrou para o mapa da fome. Não tem como não ter uma equipe econômica sem esse olhar 24 horas por dia. Economistas que tenham experiência em políticas públicas setoriais e desenvolvimento regional e política na área fiscal.

Qual o maior desafio para a montagem de um programa de governo? Área fiscal, saúde, educação?
A mais desafiadora é diminuir a desigualdade social. E há um meio para se chegar lá. O Brasil está passando por um populismo, por um governo irresponsável que não conhece as mazelas do Brasil, que não conhece de gestão, que extinguiu o Ministério do Planejamento, então não sabe aonde quer chegar. Não tem programa, não tem metas de resultado, não tem um plano nacional e nem regional de desenvolvimento e torra todo o Orçamento com projetos pontuais, eleitoreiros, para atender ao curral eleitoral de parlamentares. O dinheiro é pouco e mal gerido. O maior desafio neste momento é impedir neste ano que se comprometa o fiscal dos próximos anos.  Então, para reduzir a desigualdade social, o foco passa a ser o cuidado com o fiscal. Hoje temos um desgoverno que não conhece o Brasil e que não tem gestão, que, num ano eleitoral começou a ter um viés populista. O mais importante é sobreviver a 2022. O orçamento precisa sobreviver a 2022.

Como pensa em tratar essa questão, as chamadas emendas secretas desse orçamento, que está basicamente sequestrado pelo Congresso?
Este é um ano em que o presidente vai fazer de tudo e mais um pouco das políticas eleitoreiras para estar no segundo turno e ganhar as eleições. E ele vai fazer isso diante de um Congresso, hoje, complacente, porque através do orçamento secreto sequestrou o orçamento do Executivo por incompetência do próprio Executivo que não tem planejamento de visão programática de país de se fazer a pequeno, longo e médio prazos. Se ele não apresentou as emendas para o Brasil, o Congresso se viu no direito errado de sequestrar o Orçamento e jogar em seus currais eleitorais do jeito que der, sem nenhuma política, para enxugar gelo. Basta olhar lá para ver que nós temos que sobreviver, seja em retrocesso na pauta do enfrentamento ambiental, seja na pauta de criar despesas sem ter caixa para isso e alguém vai ter que pagar a conta. Quem vai pagar é o próximo presidente da República, que não pode aumentar imposto e vai ter que cortar gastos, inclusive, de política públicas. Então nós temos que sobreviver este ano, não podemos deixar passar projetos eleitoreiros.

O fato de ser a única candidata mulher significará uma atenção especial na política para as mulheres?
O foco especial é para a família. Nada cala mais fundo para uma mulher, para uma mãe, e sou as duas coisas. Quero mostrar que o Brasil é grande o suficiente para acolher todos os filhos, a família na inteireza. Isso significa garantir casa popular, teto para morar, para que a mãe, no fim do mês, não tenha que fazer a escolha entre colocar a comida na mesa e pagar aluguel. Significa dar assistência à criança e ao que o jovem realmente precisa. É verdade que o ensino infantil é responsabilidade dos municípios e o ensino médio é responsabilidade do estado, mas o ensino público, de um modo geral, é responsabilidade de todos. A União não pode ficar omissa nesse processo, por mais que a Constituição diga que a responsabilidade de garantir a vaga numa escola ou numa creche seja do município.

O governo da presidente Dilma Rousseff deixou imagem negativa ao sofrer um impeachment. Como limpar essa imagem?
Quantos homens vieram antes de uma mulher e erraram? Vamos julgar por uma única experiência todas as mulheres? Isso não deixa de ser misoginia. Tivemos homens que foram impedidos, e que não o foram por uma circunstância político-partidária, que é natural do jogo democrático. Tivemos o Collor, que foi impedido e temos inúmeros pedidos de processo de impeachment contra o presidente Bolsonaro. Não há governo pior do que este que aí está e está nas mãos de um homem. Então, acho que temos aí a grande oportunidade de mostrar que a mulher tem condições de ocupar qualquer espaço de poder e ser competente.



receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)