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Estado de Minas FIM DAS FÉRIAS

Congresso volta ao trabalho quarta-feira sob clima de incertezas

Reforma tributária e preço dos combustíveis são prioridades do Legislativo, após o fim do recesso parlamentar


31/01/2022 04:00 - atualizado 31/01/2022 07:08

 presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG)
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), quer votar reforma tributária neste semestre (foto: WALDEMIR BARRETO/AGÊNCIA SENADO)
Brasília - O clima de incertezas sobre o quadro eleitoral, em especial, em relação à reeleição do presidente Jair Bolsonaro, desarrumou a base e a oposição no Congresso, comprometendo o bom andamento das pautas no retorno dos trabalhos, a partir da próxima quarta-feira.

Deputados que em muitas votações apoiavam os projetos do governo, planejam se distanciar, de olho na sobrevivência eleitoral. E, nesse sentido, nem o PL, partido de Bolsonaro, nem o PP, do ministro a Casa Civil, Ciro Nogueira, votarão fechados com os desejos do Planalto. Parte das bancadas do PSDB e do DEM, que davam lastro em algumas questões econômicas, tendem a se afastar de vez.
 
Não há consenso sequer para definir se a reforma tributária deve começar na Câmara ou no Senado. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, pré-candidato ao Planalto, já disse com todas as letras que esse tema será prioridade dos senadores neste primeiro semestre. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), defende uma proposta diferente daquela que tramita por lá e não se cansa de referir ao Senado como a Casa revisora, numa indicação de que dará preferência ao texto que está na Câmara.

O primeiro movimento desta semana será uma reunião entre Pacheco e Lira para tentar chegar a um acordo em relação aos próximos passos da tributária e avaliar ainda o que pode ser feito para tentar reduzir o preço dos combustíveis, um tema que interessa a todos num ano eleitoral.
 
Também está no radar dos parlamentares a derrubada dos vetos ao Orçamento, com vistas à recomposição de valores destinados à educação, por exemplo. Porém, fora desses assuntos que ajudam a aliviar o bolso do eleitor, as dificuldades serão grandes. Se o presidente não se recuperar logo perante o eleitorado, não vota mais nada de interesse exclusivo do governo, conforme avaliam os integrantes da base. O que os governistas falam reservadamente, os oposicionistas dizem de peito aberto: “Não vejo clima para grandes avanços na agenda do país”, diz o deputado Júlio Delgado (PSB-MG).
 
Deputados do PP e PL, que hoje são a principal base no governo na Câmara, ao lado de uma parte do PSL e do Republicanos, já olham meio desconfiados para a reeleição de Bolsonaro. Embora eles saibam que eleição é sempre um risco, o que leva muitos a manter uma certa distância do governo é o receio de que ele fique fora do segundo turno.
 
Alguns que estão distantes, não querem nem saber de aproximação. O PP da Bahia, por exemplo, se orgulha da parceria de 16 anos com o PT e vai apoiar Lula. No PL do Ceará, a parceria é com o governador Camilo Santana. Entre os deputados de ambos os partidos, muitos dizem em conversas reservadas que o presidente terá dificuldades em manter os votos dos nordestinos em pautas que não forem de interesse direto da população. Ou seja, tudo o que vier apenas para agradar Bolsonaro ou exigir sacrifícios do eleitor, dificilmente passará.
 
Se entre os maiores aliados está difícil, imagine em outros partidos. PSDB e Cidadania, que vão discutir uma federação, devem passar a ter uma atuação de maior parceria na Casa, mais distante do governo. O DEM e o próprio PSL, que aguardam a instalação do União Brasil, também estarão distantes do Planalto, em busca de uma agenda e de uma marca distantes daquelas que pregam os bolsonaristas.


OPOSIÇÃO


Na oposição, a vida também não será tranquila. A vaga de líder da oposição, por exemplo, pelo acordo feito lá atrás, caberá este ano ao PDT de Ciro Gomes. PT e PSB, que passaram as últimas semanas discutindo uma federação, chegam estremecidos, depois que Marcelo Freixo (PSB-RJ) acenou com um apoio á candidatura de Fernando Haddad (PT) ao governo de São Paulo, desconsiderando Márcio França, o nome do PSB para concorrer ao Palácio dos Bandeirantes, Alessandro Molon começa a se movimentar para concorrer ao Senado pelo Rio de Janeiro, comprometendo a parceria de Freixo com o PT no Rio.
 
A esperança de Lira para conseguir votar, pelo menos, as medidas provisórias, é o sistema remoto, mantido neste início de ano por causa do aumento do número de casos de COVID entre os servidores da Câmara. E para turbinar essa turma, será preciso ainda liberar as emendas que faltam do Orçamento do ano passado, incluídas em restos a pagar. Até aqui, os donos do cofre não deram um sinal de que essa liberação será feita no curto prazo.

Com a COVID e a falta de liberação das emendas, fevereiro sem a folia do carnaval será um período para que os líderes sempre assíduos em Brasília tentem organizar um pouco mais a bagunça causada pela tensão pré-eleitoral. O problema é que, se demorar demais, aí é que não haverá clima ou tempo para votar as tão propaladas reformas. Nesse caso, dizem alguns políticos, o Brasil terá mais um ano sem planejamento de agenda técnica e legislativa, levado na base do improviso e ao sabor das pesquisas.
 
A Câmara tem 145 propostas de emendas à Constituição prontas para votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) ou no plenário. O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), afirma que o governo deve ter dificuldades para conseguir aprovar as PECs. “A bancada da base do governo está firme. Temos mais dificuldades para votar propostas de emendas constitucionais (PEC), mas para aprovar matérias de lei complementares e lei ordinárias, temos maioria com mais tranquilidade”, avalia.
 



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