![André Mendonça aguarda desde julho ser chamado para a sabatina na CCJ do Senado(foto: Marcos Corrêa/PR) André Mendonça](https://i.em.com.br/g3dfsJrxdBI4_pXInQx3S-U2ANU=/790x/smart/imgsapp.em.com.br/app/noticia_127983242361/2021/11/27/1326423/andre-mendonca_1_41724.jpg)
Mesmo antes da sabatina na CCJ, os governistas já fazem as contas para a votação no plenário do Senado. Por esses cálculos, Mendonça terá a indicação ao Supremo confirmada por 51 ou até 55 votos favoráveis, entre o total de 81 senadores.
A indicação de um candidato ao Supremo nunca demorou tanto tempo para ser avaliada. Mendonça foi escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro, em julho, para ser seu ministro "terrivelmente evangélico" no STF. O ex-AGU é candidato a ocupar a vaga deixada com a aposentadoria do ministro Marco Aurélio Mello. Porém Alcolumbre só agendou nesta semana a apreciação do nome do pastor presbiteriano.
Travando uma guerra fria com o Palácio do Planalto, do qual virou inimigo político, Alcolumbre recebeu pressões até mesmo de aliados, como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que cogitou levar a indicação de Mendonça diretamente ao plenário da Casa.
Na avaliação de Leonardo Barreto, doutor em ciência política pela Universidade de Brasília (UnB), o presidente da CCJ trabalhou em causa própria em um movimento de apoderamento da indicação. "A fraqueza não é só do governo. Por que isso está acontecendo? Não por qualidade do indicado. Mendonça tem experiência, ele foi AGU, ele é do ramo. Não é um problema de currículo. É um problema de padrinho", afirmou. "Parece-me que Alcolumbre deseja é ser padrinho do ministro do STF. O senador e um grupo ligado a ele querem apadrinhar, serem os donos da indicação e estão desafiando o presidente Bolsonaro."
Após ceder às pressões e agendar a sabatina de Mendonça, Alcolumbre, com aliados, trabalha num plano B para tentar derrubar a indicação do ex-AGU. O grupo, agora, articula uma estratégia para esvaziar o plenário do Senado no dia da votação.
Plano B
Embora sustente que não vai desistir do nome de Mendonça, Bolsonaro já trabalha com um plano B, caso o pastor evangélico seja rejeitado. O escolhido seria o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins. Outro cotado para o cargo é o ministro João Otávio de Noronha, também do STJ, relator do caso das rachadinhas envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ). Noronha tem dado decisões favoráveis ao filho do presidente — e é elogiado pelo Planalto.
Para ocupar o Supremo com aliados, Bolsonaro conta com a ajuda do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Após a proposta de emenda à Constituição (PEC), que reduz de 75 para 70 anos a idade para aposentadoria compulsória de ministros da Corte, ser aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Lira decidiu dar prioridade a outra medida relacionada ao Supremo. Ele criou, na quarta-feira, uma comissão especial para analisar a PEC que amplia de 65 para 70 anos a idade máxima para nomeação nos tribunais. A proposta pode abrir caminho para que magistrados com boa interlocução com o Planalto sejam indicados para futuras vagas no STF.