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Estado de Minas Crise política

Ordem de Bolsonaro é lutar para colocar aliados na CPI da COVID

Em semana decisiva para a CPI da COVID, Palácio do Planalto joga todas as fichas para impedir controle nas mãos dos chamados independentes


19/04/2021 04:00 - atualizado 19/04/2021 07:21

Governista, Eduardo Girão (Podemos-CE) anunciou que disputará o comando da comissão, para driblar os críticos Omar Aziz e Renan Calheiros (foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado - 21/3/21)
Governista, Eduardo Girão (Podemos-CE) anunciou que disputará o comando da comissão, para driblar os críticos Omar Aziz e Renan Calheiros (foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado - 21/3/21)
Brasília – O Palácio do Planalto ainda não reconheceu a derrota para a oposição na instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai investigar as ações do governo na pandemia e os repasses federais para estados e municípios e manobra para impedir que o senador Omar Aziz (PSD-AM) assuma o comando dos trabalhos, e indique como relator o senador Renan Calheiros (MDB-AL).

A batalha é travada apesar de o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), ter dito a ambos que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não se opõe a que assumam, respectivamente, os dois cargos da comissão.

Nesse domingo (18/04), o senador governista Eduardo Girão (Podemos-CE), que havia apresentado o pedido de uma CPI para investigar estados e municípios, anunciou que pretende disputar a presidência da CPI e o senador Ciro Nogueira (PP-PI), aliado incondicional de Bolsonaro, voltou a insistir que o centro das investigações deve ser o desvio de recursos destinados pelo Ministério da Saúde aos governadores e prefeitos.

Na sexta-feira, o chefe da casa Civil, general Luiz Ramos, fez a última tentativa de evitar que o senador Renan Calheiros fosse o relator da CPI, mas não teve sucesso. Diante disso, o objetivo do governo passou a ser derrotar Aziz, visto como uma ameaça ao governo, principalmente porque a crise da saúde em Manaus é o principal objeto de investigação da CPI.

Mirando nessa direção, o alvo principal será o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, e o grupo de militares que comandou a pasta na sua gestão de forma desastrosa. Preocupado com a situação, Bolsonaro pretende, inclusive, incorporar Pazuello ao seu estado-maior no Palácio do Planalto, nomeando-o para a Secretaria de Modernização do Estado.

O governo só conta com quatro senadores na comissão. Além de Girão e Nogueira, tem apoios de Marcos Rogério (DEM-RO) e Jorginho Melo (PL-SC). Aziz, Renan; o líder do MDB, Eduardo Braga (AM), e Tasso Jereissati (PSDB) divergem do grupo assumidamente oposicionista – formado por Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Humberto Costa (PT-PE) e Otto Alencar (PSD-BA) – apenas por causa da política econômica. Esse “grupo independente” porá o governo nas cordas durante a CPI.

Vice-presidente da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), autor do requerimento de instalação da CPI e notório oposicionista, reiterou ontem que a CPI investigará a crise do Sistema Único de Saúde (SUS) em Manaus e outros fatos relativos à atuação do governo durante a pandemia, como atraso na compra de vacinas e a falta de insumos para funcionamento de unidades de terapia intensiva (UTIs). Entretanto, o primeiro objetivo será reunir os principais cientistas do país para mudar o curso do combate à pandemia.

“Nós não podemos mudar o começo da história da pandemia, mas ainda podemos mudar o final.  Vamos convocar os melhores infectologistas, epidemiologistas, biólogos e sanitaristas para isso.” Randolfe Rodrigues elogiou a atuação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-RJ), por ter instalado a CPI conforme o requerimento que apresentou e por ter assegurado condições plenas para o seu funcionamento, dentro dos protocolos de segurança sanitária.

“O presidente Pacheco não interferiu no funcionamento da comissão”, destacou o senador oposicionista, a propósito da batalha surda pelo controle das investigações que ocorre nos bastidores. Segundo Randolfe, o senador Alessando Vieira (Cidadania-SE), que é delegado de polícia e seu suplente, está preparando um roteiro para as investigações.

Cloroquina 


Uma das linhas de investigação da comissão será o rastro da compra de grandes estoques de hidroxicloroquina, apesar da grande quantidade produzida pelo laboratório do Exército, a mando do presidente Bolsonaro. Ainda restam 1,8 milhão de comprimidos nos estoques.

Serão investigados o empresário Renato Spallicci, dono do Laboratório Apsen Farmacêutica, que produz o Reuquinol, do qual Bolsonaro fez propaganda em uma de suas lives. A empresa assinou dois contratos de empréstimo com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 2020, no total de R$ 153 milhões, para investir em atividades de pesquisa e ampliar sua capacidade produtiva.

Outro que está na mira da CPI é Carlos Sanchez, dono dos Laboratórios EMS e Germed, que produz um genérico do medicamento. Por duas vezes, o empresário se reuniu com Bolsonaro, antes da aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para teste da hidroxicloroquina contra a COVID-19.

Ogari de Castro Pacheco, dono  do Laboratório Cristália, que recebeu a visita do presidente Bolsonaro na inauguração de uma das plantas do laboratório, em Itapira (SP), também será investigado. O laboratório francês Sanofi-Aventis, que tem autorização para vender o medicamento no Brasil, do qual o ex-presidente dos EUA Donald Trump é um dos proprietários, também está no raio de ação da CPI. O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) propaganda do Plaquino, a hidroxcloroquina francesa.

ALVOS QUE PREOCUPAM

Linhas de investigação da CPI

Contratos feitos com laboratórios para compra de grandes estoques de hidroxicloroquina

Os atrasos até que o governo se decidisse a tentar negociar a aquisição de vacinas contra a COVID-19

As ações não só do ex-ministro da saúde, Eduardo Pazuello, como da equipe, que não miraram a escassez de medicamentos e insumos para as UTIs



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