Bolsonaro a apoiador que fez gesto considerado nazista: 'Pega mal pra mim'
Presidente pediu que partidário apagasse foto em que posou ao seu lado fazendo o sinal atribuído a grupos supremacistas; registro foi em fevereiro de 2020
No Brasil, o sinal geralmente significa "ok". Dependendo do contexto, pode assumir uma conotação obscena, numa referência ao ânus. Já nos Estados Unidos, supremacistas brancos se apropriaram do gesto e o fazem para exaltar o "white power" ou "poder branco". Martins, porém, negou qualquer apologia aos nazifascistas e argumentou que, no evento no Senado, estava apenas ajeitando a lapela do terno.
O episódio entre Bolsonaro e seu partidário foi filmado em frente ao Palácio da Alvorada, em Brasília. Na ocasião, um homem branco com a cabeça raspada se aproximou do chefe do Executivo para tirar uma foto ao lado dele e fez o famigerado símbolo com a mão esquerda. Ao notar o gesto, o presidente se afastou e disse: “Esse gesto aí… (inaudível) gesto bacana, mas pega mal para mim”. Um segurança então pediu: “Apaga essa foto aí”.
Nas imagens, transmitidas ao vivo por um canal no Youtube, Bolsonaro também aparece alertando à sua equipe que preste atenção nos sinais feitos pelas pessoas que o cercam.
Caso sob apuração
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM) disse nessa quinta-feira (25/3) que solicitou à Secretaria Geral da Mesa que apure o gesto feito por Filipe Martins. O pedido de investigação partiu do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
O sinal foi feito durante o dicurso que Pacheco proferiu essa quarta-feira (24/3) na sala de transmissão da sessão temática remota do Plenário do Senado. O assessor de Bolsonaro acompanhava o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, um dos convidados do evento. Enquanto Pacheco discursava, Martins, que estava sentado atrás do senador, fez o gesto usando a mão direita.
%uD83C%uDDE7%uD83C%uDDF7 Filipe Martins, assessor internacional do presidente da República, durante sessão do Senado Federal para ouvir o chanceler Ernesto Araújo. pic.twitter.com/EVinI5T9jd
Em sua conta no Twitter, Filipe Martins argumentou que é judeu e negou a reverência ao movimento white power.
“Um aviso aos palhaços que desejam emplacar a tese de que eu, um judeu, sou simpático ao ‘supremacismo branco’ porque em suas mentes doentias enxergaram um gesto autoritário numa imagem que me mostra ajeitando a lapela do meu terno: serão processados e responsabilizados; um a um”.
(foto: Twitter/Reprodução)
Filipe também publicou imagens do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do youtuber Felipe Neto fazendo gestos semelhantes aos dele, numa tentativa de mostrar que se trata de uma espécie de cacoete.
Filipe Martins argumenta que gesto foi apenas um cacoete (foto: Twitter/Reprodução)