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Estado de Minas ENTREVISTA

'Falta mineiridade na política brasileira', diz senador Rodrigo Pacheco

Candidato à presidência do Senado prega diálogo e respeito às divergências


24/01/2021 04:00 - atualizado 24/01/2021 08:04

Rodrigo Pacheco (D) ao lado do senador Carlos Viana(foto: LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS 5/1/21)
Rodrigo Pacheco (D) ao lado do senador Carlos Viana (foto: LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS 5/1/21)
Senador em primeiro mandato, desde o início de 2019, o mineiro Rodrigo Pacheco (DEM), de 44 anos, é um dos candidatos à presidência da Casa Legislativa.

Apoiado pelo atual comandante do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre (DEM-AP), o parlamentar diz ter topado o desafio após ser apontado pelos colegas como o nome ideal para suceder ao amapaense.

Com amplo leque de apoio, que vai do PT a Jair Bolsonaro (sem partido), ele crê que pode, por meio do diálogo, impulsionar a construção de políticas de desenvolvimento social e crescimento econômico.

“Todos querem geração de emprego, a vacina o mais rápido possível e o crescimento da economia com os melhores índices”, diz, se referindo à diversidade que marca o cordão em torno de seu nome.

Em entrevista exclusiva ao Estado de Minas, ele fala das articulações para garantir os 41 dos 81 votos necessários para se eleger, e apresenta suas metas de gestão caso seja eleito presidente do Senado e, consequentemente, do Congresso Nacional.
 
Pacheco é adepto do que chama de “mineiridade”. Conciliador, quer pacificar o Senado e unir a Casa em prol de pautas positivas para o país.

Embora reconheça o prejuízo causado por manifestações antidemocráticas contra o Legislativo e o Judiciário, aposta na defesa do regime republicano.

“Não se conseguirá agradar a todos, e há bolhas de irracionalidade que não se consegue convencer na base do diálogo e da demonstração daquilo que é o real”, admite. “A representação popular se dá por Câmara e Senado”, lembra.

O senador diz que Bolsonaro tem “erros e acertos”, mas prega a soma de esforços pela superação dos problemas impostos, sobretudo, pela pandemia. Quando questionado sobre a postura ante eventual processo de impeachment do presidente, Pacheco adota cautela.

“Como senador, e buscando ser presidente do Senado, não me permito falar por hipótese sobre um assunto como esse”.

O que levou o senhor a disputar a presidência do Senado?
Surgiu diante da impossibilidade da reeleição do presidente Davi Alcolumbre. (Foi) uma percepção dele e de outros senadores que eu teria o perfil para preencher esse cargo, para disputar a presidência do Senado. Houve apoio, naquele momento, dos senadores de Minas Gerais. Depois que consegui apoio do Democratas, indicação do Alcolumbre, de outros senadores e apoio da bancada mineira, pude viabilizar minha candidatura à presidência do Senado. Não partiu de mim (o desejo de disputar). O partido, os senadores do partido, o próprio Alcolumbre e senadores de outros partidos, em uma reunião, disseram que o meu perfil era o adequado para assumir esse espaço importante. Uma vez indagado a respeito disso, aceitei o desafio e cá estou como candidato.

Seu leque de apoios vai do PT a Bolsonaro – e o Republicanos, partido de Flávio. Como equilibrar as demandas e compromissos vindos de tantos grupos diferentes?
O exercício da presidência do Senado não é o exercício de uma ideologia ou de um partido político. É um cargo que exige equilíbrio, moderação, ponderação, cumprimento da Constituição, respeito ao Estado democrático de direito e capacidade de diálogo. Esses partidos, de diversas áreas ideológicas, direita e esquerda, oposição e base do governo, quando se somam a uma candidatura em comum (formam) uma circunstância que permite — e isso é muito positivo — que haja, depois, alguém que possa ser magistrado dessas relações.

Que possa convergir, buscar consensos e respeitar as divergências. E, se não houver consenso em relação a determinadas matérias, será alguém que vai ter isenção e submeter ao plenário, para que vença a maioria no debate sobre cada um dos temas. Em vez de perceber isso com estranheza, vejo com grande responsabilidade. Queremos pacificação a partir dessa pacificação do Senado. O tom tem que ser de pacificação. Está faltando na política brasileira a mineiridade, que é a capacidade de entrar em consenso, interpretar e respeitar divergências e diferenças e entender que, de um lado ou do outro, há uma pauta comum, de interesse do Brasil.

Todos querem geração de emprego, a vacina o mais rápido possível e o crescimento da economia com os melhores índices. Cada um pensa de uma forma, há divergências, mas há um sentimento em comum da política que é gerar o bem-estar do cidadão. O que farei como presidente do Senado, caso chegue lá, é a mediação para que se chegue a um denominador comum, respeitando as diferenças e a independência do Senado.
 
Vivemos tempos em que correntes extremistas tentam desacreditar o Legislativo e o Judiciário. O que fazer para mostrar à população que o Senado age de forma independente?
(É preciso) demonstrar à sociedade que temos uma Constituição Federal, uma obediência e busca da preservação do Estado democrático de direito, que tem que ser observado. Temos que defender a República, o princípio dela, inclusive a moralidade pública e a ética, que se exige muito. É perfeitamente possível fazer o nosso trabalho, e que ele seja respeitado pela sociedade.

Não se conseguirá agradar a todos, e há bolhas de irracionalidade que não se consegue convencer na base do diálogo e da demonstração daquilo que é o real, mas tenho absoluta convicção de que a sociedade brasileira, no geral, espera de um presidente do Senado alguém equilibrado, aberto ao diálogo, que respeite o presidente da República e o Supremo Tribunal Federal (STF), mas que tenha a firmeza necessária de afirmar as convicções do Parlamento. No final das contas, a representação popular se dá por Câmara e Senado.

Na Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia recebeu uma série de pedidos de impeachment de Bolsonaro. Se algum desses processos chegar ao Senado, como pretende agir?
Não podemos banalizar o instituto (do impeachment). É sério, grave e abala as estruturas do país. Recentemente, tivemos dois processos de impeachment, e isso é página triste da história do Brasil. Temos que ter muita cautela e responsabilidade ao tratar de impeachment. Como senador, e buscando ser presidente do Senado, não me permito falar por hipótese sobre um assunto como esse. É preciso que haja algo concreto que justifique, e obviamente caberá à Câmara dos Deputados essa análise. Caso venha surgir algo concreto em relação a isso, no momento oportuno o Senado deverá se pronunciar.

Como avalia o governo Bolsonaro?
Avalio com erros e acertos, como todo governo. Como senador e como presidente do Senado, caso o seja, vou buscar ajudar o governo federal a fazer as melhores políticas públicas para o Brasil, ressalvando e resguardando sempre a independência do Senado e nossas convicções, mas temos que ser colaborativos. É um processo de pacificação. É preciso que o passado fique no passado e que, no futuro, possamos valorizar aquilo que mais interessa à sociedade brasileira: uma política pública adequada de crescimento econômico, desenvolvimento social e para a saúde pública no combate à pandemia. Seremos sempre colaborativos, com a ressalva da independência do Senado.

O senhor tem o apoio de nove partidos. Isso, em tese, possibilita 41 votos. Como evitar possíveis traições?
Não há uma estratégia predefinida, estabelecida e estudada sobre isso. O que temos feito é conversar, muito abertamente, com senadores e senadoras. Já angariamos o apoio de alguns partidos à nossa candidatura. Temos otimismo com a eleição em fevereiro, mas até lá o diálogo permanece. O voto pertence a cada senador. Por isso, é preciso buscá-los com bastante transparência e propostas consistentes para o Senado.

Para garantir o apoio do PSD, segunda maior bancada do Senado, o senhor esteve na casa de Alexandre Kalil. Interlocutores presentes ao encontro dizem que o senhor abriu mão de tentar o governo em 2022 para conquistar o aval dos pessedistas. Como isso ocorreu?
Quando afirmamos a candidatura, não formalmente, mas quando decidimos, tive uma convicção pessoal, íntima, de que assumir a presidência do Senado, pelos próximos dois anos, com muitos desafios, saindo de uma pandemia, vai exigir uma energia concentrada, um foco absoluto no trabalho do Senado. Compreendi que não é correto sentar na cadeira de presidente do Senado pensando em um projeto político local para o governo de Minas.

Por isso, afirmei a todos os senadores, aos partidos, inclusive o PSD, de Anastasia, Viana e Kalil, essa minha percepção, de que a presidência do Senado e a candidatura ao governo do estado seriam incompatíveis. Foi isso o que aconteceu. Não houve qualquer compromisso à pauta futura. E, buscando a presidência do Senado, não me permito, neste momento, discutir política eleitoral para 2022. Haverá tempo próprio para discutir isso. Tem uma pandemia para tratar aí.

TRAJETÓRIA POLÍTICA


» Eleito deputado federal pelo MDB em 2014

» Candidato à Prefeitura de Belo Horizonte pelo MDB em 2016

» Filiou-se ao DEM em 2018

» Eleito senador em 2018


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