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Estado de Minas SUCESSÃO NA CÂMARA

Aliados do Planalto trancam pauta na Câmara contra projetos que desagradam

Deputados da base do governo federal não marcam presença na Casa para evitar que seja formado quórum de votação de projetos, inclusive texto pró-vacinação


22/12/2020 04:00 - atualizado 21/12/2020 23:33

Sessão no Parlamento, que põe eleição à frente da discussão de propostas como o repasse de verba para a compra de vacina contra a COVID-19(foto: Najara Araújo/Câmara dos Deputados - 21/7/20)
Sessão no Parlamento, que põe eleição à frente da discussão de propostas como o repasse de verba para a compra de vacina contra a COVID-19 (foto: Najara Araújo/Câmara dos Deputados - 21/7/20)

 
Brasília – O Palácio do Planalto orientou parlamentares que integram a base do governo a deixarem de marcar presença no plenário da Câmara. A intenção é que não seja formado quórum para votações com as quais o governo não concorda. Além disso, seria uma forma de dar um recado ao atual presidente da casa, o deputado Rodrigo Maia. Ontem, ao longo do dia, partidos que apoiam o Executivo passaram obstruíram a pauta do plenário da casa.

Hoje pode ocorrer a última sessão do ano, de acordo com o calendário oficial. Apesar disso, Rodrigo Maia defende que o Congresso não pare, em razão da pandemia de coronavírus, que está se intensificando no Brasil, com a chegada de uma segunda onda. O deputado é favorável a propostas que não encontram respaldo na agenda econômica do Executivo, como o pagamento do 13º do Bolsa-Família.

Existe ainda a chance de que os parlamentares aprovem a extensão do auxílio emergencial para 2021. Percentual de 36% dos beneficiários têm o programa como única fonte de renda. Isso ocorre no momento em que a inflação sobe, puxada pelo preço dos alimentos, e o funcionamento do comércio começa a ser novamente restringido no país.

Um dos projetos na pauta prevê o repasse de R$ 2 bilhões aos estados e municípios para a compra de vacinas contra a COVID-19. O dinheiro poderia ser utilizado na compra de seringas, agulhas e de imunizante. Se aprovada, a proposta poderia retirar o protagonismo do governo federal na imunização. Muitos governadores e prefeitos criticam a demora do governo em apresentar um plano concreto para vacinação, além de fixar data para que as primeiras doses comecem a ser aplicadas. O presidente Jair Bolsonaro critica a "pressa" da população, de especialistas e políticos a iniciarem a aplicação do medicamento.

A orientação para não marcar presença segue ao longo do dia de hoje. Caso tenha quórum na sessão, como ontem, o Executivo pede que aliados obstriuam a pauta. Integrantes de siglas do chamado Centrão, bloco que se alinhou ao Planalto, chegaram a critivar a campanha de vacinação contra o coronavírus, sugerindo, por exemplo, que o início da imunização seja adiado. O deputado Giovani Cherinni (PL), apoiador do governo, afirmou que o uso de máscaras é ruim por não deixar as pessoas respirarem e citou uma suposta imunidade natural contra a covid, que poderia ser incentivada para conter a doença. As declarações não encontram base científica.

Sucessão embolada

Candidato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à eleição para a presidência da Câmara, marcada para fevereiro, o deputado Arthur Lira (PP-AL) partiu para a ofensiva, nas redes sociais, contra o atual ocupante do cargo, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Entre várias alfinetadas, Lira diz que “na nova Câmara” que ele pretende comandar “não é o presidente quem dita” a pauta de votações, “ele só coordena”. Além disso, o deputado alagoano acusa Maia de se posicionar contra o recesso parlamentar para ter tempo de “articular um processo pessoal de sucessão”.

Líder do Centrão, bloco parlamentar que apoia o governo, Lira subiu o tom depois que Maia anunciou, na sexta-feira, a formação de uma frente ampla, com a participação de partidos de esquerda e de centro, para lançar um candidato à presidência da Câmara que tenha perfil independente em relação ao Palácio do Planalto. Ao todo, o grupo soma 281 deputados (54,7% do total de 513), do PT, PSL, MDB, PSB, PSDB, DEM, PDT, Cidadania, PV, PCdoB e Rede.

Ao mesmo tempo em que Bolsonaro intensifica a oferta de cargos e de emendas para conseguir o apoio de deputados à candidatura de Lira, o líder do Centrão critica a atuação de Maia na presidência da Câmara, considerada por ele como centralizadora. “A nova Câmara é aquela que não barra nem libera as chamadas iniciativas radicais. A nova Câmara é aquela que põe todos os assuntos na mesa, que dialoga e chega no entendimento. Com o plenário sempre soberano”, tuitou Lira, ontem. “Não é o presidente quem dita o que é discutido. Ele só coordena. Esse é meu pensamento: dar voz a todos”, acrescentou.

Ao citar “iniciativas radicais”, o deputado se refere a pautas defendidas pelo presidente Bolsonaro e que enfrentam resistência de Maia. A flexibilização do Estatuto do Desarmamento, a PEC do voto impresso e a regulamentação das atividades de mineração em terras indígenas estão entre elas.

Lira também tem criticado o posicionamento contrário de Maia ao recesso parlamentar. O presidente da Câmara defende que o Congresso trabalhe em janeiro para organizar uma pauta de enfrentamento da crise econômica e da pandemia de COVID-19. O deputado alagoano acusou Maia de querer impor sua vontade.

Maia avança 

A ofensiva de Arthur Lira parece não estar surtindo efeito. A frente ampla formada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, deve receber ainda mais adesões. A vice-líder do Psol na Câmara, Fernanda Melchionna (RS), propôs que o partido passe a integrar o grupo. “A estratégia da esquerda na eleição da Câmara tem que ser derrotar o candidato de Bolsonaro. Todas as táticas são válidas, como lançar candidato para demarcar programa. Mas, forças ocultas querem igualar o candidato de Bozo (Bolsonaro) ao campo de Maia para ajudar o Lira. O PSOL não cai nessa”, tuitou a parlamentar.
 
 


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