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Estado de Minas Entrevista/Gilson Guimarâes

"Quero ser vereador líder comunitário", anuncia parlamentar eleito em BH

Morador do Aglomerado da Serra promete atenção a projetos em áreas pobres da capital


15/12/2020 04:00 - atualizado 15/12/2020 13:23

(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)


Eleito pela Rede Sustentabilidade, Gilson Guimarães inicia, em 2021, o primeiro mandato como vereador de Belo Horizonte.

Morador do Aglomerado da Serra, na Região Centro-Sul da capital, ele deseja ser a voz da comunidade na Câmara Municipal.

“Quero ser chamado de ‘vereador líder comunitário’”, projeta, em entrevista ao Estado de Minas.

Para honrar os 3.593 votos recebidos, pretende atenuar problemas que afetam os moradores do entorno, como o número de médicos ofertados pela rede pública de saúde, o trânsito interno e a coleta de lixo.

Na década de 1980, ele morava na Vila Ponta Porã, nas proximidades da Avenida dos Andradas, quando perdeu a casa por conta de uma enchente.

Depois de passar por outras localidades, foi viver no Aglomerado. Gilson protesta contra a pouca representatividade da comunidade no poder Legislativo.

“Em época de eleição, o pessoal só vem aqui buscar votos”. Uma das ideias é garantir que os bailes funks ocorridos nas redondezas aconteçam sem extrapolar os decibéis impostos pela Lei do Silêncio.

Sob o lema “aqui tem vereador”, se preocupa com os efeitos do novo coronavírus na periferia.

Aos 52 anos, Gilson Guimarães vivenciou as agruras proporcionadas pelo racismo.

Por isso, vai encampar bandeira em prol da igualdade racial. “Pretendo mostrar a que viemos e que o negro, sim, sofreu muito em seu passado”, diz.

Qual será a prioridade de seu mandato?
Dentro do Aglomerado, temos demandas nos postos de saúde, como a falta de médicos. A qualidade do atendimento em algumas áreas clínicas está precisando melhorar. (Assim como) a organização do transporte, em termos de recapeamentos e do trânsito dentro do Aglomerado, bem como a questão do lixo, que está deixando a desejar. Precisamos viabilizar a questão dos moradores que ainda estão em áreas de risco. A gente quer fazer um mandato bem popular, voltado ao Aglomerado, dando atendimento às questões de esporte, que são carentes, não só na Serra, mas também no São Lucas. Ali não existe uma quadra esportiva ou uma academia da cidade. Algumas pessoas não podem subir até o campo do Bola de Ouro por brigas de facções. A gente quer criar uma área esportiva no São Lucas, além de melhorar o trânsito dos micro-ônibus naquela região. No Aglomerado, muitas questões urbanísticas precisam ser olhadas, como moradias, ruas que precisam ser asfaltadas e casas sem esgoto. Queremos fazer um trabalho popular, voltado à comunidade. Quero ser chamado de vereador líder comunitário. O lema da campanha foi ‘com o povo o não se brinca’.


Qual a importância de ter um representante do Aglomerado na Câmara?
O Aglomerado, praticamente, ficou desassistido em termos de liderança. Não diria desassistido pela prefeitura, pois ela vem e dá os atendimentos necessários, mas a comunidade não tem um representante. Em época de eleição, o pessoal só vem aqui buscar votos. Eles não têm preocupação de pegar as demandas da comunidade e levá-las a quem pode nos dar uma atenção. Então, quero ser o líder comunitário, o síndico, do Aglomerado da Serra. Somos sete vilas. Quero dar atenção especial à Regional Centro-Sul e, também, atender aos anseios dos belo-horizontinos.


O senhor já pensa em um primeiro projeto de lei?
No Aglomerado, temos um problema nítido, que é a questão dos bailes funks. A gente quer fazer um trabalho e reivindicar a Lei do Silêncio. Com a COVID-19, ela não está sendo respeitada e assistida como deveria ser, para evitar aglomerações. Quero, em cima de projetos de lei que já existem, exigir que sejam respeitados. Queremos criar vários projetos para a comunidade, sim, mas queremos exigir que alguns que foram votados sejam atendidos. A pandemia está real dentro do Aglomerado da Serra. Pretendo votar projetos que exijam que a barreira do som seja respeitada dentro de toda BH. Tenho projetos para fazer matinês, para a gente não retirar a cultura dos que gostam de curtir, mas queremos organizar o Aglomerado.


O senhor é negro e vai ocupar um espaço majoritariamente branco. Pretende levar, à Câmara, bandeiras do povo negro?
Sim. Recentemente, times saíram de campo devido ao racismo. A Rede tem essa bandeira em prol do negro. Então, pretendo mostrar a que viemos e dizer que o negro, sim, sofreu muito em seu passado, e que não apenas eu, mas outros, como negros, podem exercer mandatos e fazer um bom trabalho. Já sofri muito preconceito em minha vida.


Como o senhor pretende se portar ante o governo Kalil?
Tenho tido conversas e reuniões muito boas com secretários do prefeito. Pretendo ser base do governo.


Como é sua relação de liderança comunitária no Aglomerado?
Quando a presidente (da associação local) faleceu, me levantei como liderança comunitária. Consegui trazer recapeamento para a rua que corta todo o Aglomerado da Serra e, como participante da Comissão Regional de Transportes e Trânsito (CRTT), consegui trazer mudanças de ônibus dentro da comunidade, fazer mão única em várias vias e trazer placas de sinalização. Consegui benefícios à comunidade e, assim, meu nome foi crescendo como líder. Minha luta começa em 1982, quando morava na Vila Ponta Porã, ao lado do Boulevard Shopping, e perdi minha casa em uma enchente. Fui morar no Morro Alto, depois no São Lucas e, após isso, a Vila Fátima.


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