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Estado de Minas VEREADOR ELEITO

Nikolas Ferreira sobre Bolsonaro: 'Em qual crime ele está envolvido'?

Vereador eleito com segunda maior votação de BH diz que vai 'combater ideologia de gênero' e defende cristianismo como 'base da civilização'


16/11/2020 19:44 - atualizado 23/02/2021 16:26

'Mais uma vez, você está falando dos parentes do Bolsonaro e não do cara que me apoiou', diz Nikolas Ferreira, ao ser confrontado com o envolvimento da família do presidente em esquemas de rachadinha.(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A.Press)
'Mais uma vez, você está falando dos parentes do Bolsonaro e não do cara que me apoiou', diz Nikolas Ferreira, ao ser confrontado com o envolvimento da família do presidente em esquemas de rachadinha. (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A.Press)
Segundo no ranking de votação da Câmara Municipal de Belo Horizonte nas eleições deste domingo (15), Nikolas Ferreira (PRTB) ostenta 29.388 votos e uma coleção ainda maior de certezas. Rígido, seu discurso tem pinceladas de acusações de tribunal. Especialmente quando o assunto são os parlamentares de esquerdaespectro político que ele classifica como “naturalmente errado” e “mau”

Formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG) e frequentador da Comunidade Evangélica Graça e Paz, Nikolas atribui o sucesso de sua campanha justamente à personalidade austera. “As pessoas vêem em mim um jovem conservador, com valores e princípios firmes. A população está cansada de frouxos na política e gente politicamente correta”, avalia. 

O vereador adota um tom mais ponderado quando o assunto é o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), de quem chegou a receber apoio explícito nas redes sociais. “Não é mais prudente aguardar o desenrolar da história?”, propôs, ao ser confrontado com o suposto envolvimento do chefe do executivo em esquemas de rachadinha (desvio de salários de assessores para o parlamentar ou secretário a partir de um acordo pré-estabelecido).

Ao Estado de Minas, Ferreira falou também sobre as propostas de seu mandato. Além de “combater a esquerda”, ele diz que pretende “investir no social”, a fim de mostrar que a pauta também é cara à direita. 

'As pessoas veem em mim um jovem conservador, com valores e princípios firmes. A população está cansada de frouxos na política e gente politicamente correta', diz Nikolas Ferreira, segundo vereador mais votado de BH(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A.Press)
'As pessoas veem em mim um jovem conservador, com valores e princípios firmes. A população está cansada de frouxos na política e gente politicamente correta', diz Nikolas Ferreira, segundo vereador mais votado de BH (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A.Press)

Você disse à imprensa no domingo (15) que será “uma muralha contra a esquerda”. Quais pautas desse espectro político pretende combater e por que acha que ameaçam a cidade?

Uma das questões é a ideologia de gênero. A esquerda quer abordar isso nas escolas. E estou atento, pois o que eles não conseguem passar no âmbito da União e do estado, eles tentam aprovar na esfera municipal. Outro ponto que vou combater é qualquer discurso que venha relativizar a vida, qualquer tipo de palestra ou atividade que defenda o aborto. Vou trabalhar para que nenhuma dessas pautas passe. A esquerda, ela é muito criativa. Eu não consigo descrever tudo o que ela pode fazer no âmbito municipal porque eles são muito criativos. Coisas que não são nem da competência do vereador, eles querem pautar na câmara. A ideologia de gênero, o aborto e o feminismo são exemplos disso. Eles fazem uma ginástica mental muito grande para inserir o progressismo dentro da nossa cidade. Mas, enquanto eu estiver na câmara, vou fazer de tudo para que nenhuma proposta ideológica deles passe. 

Mas o você não está a serviço apenas do seu eleitorado. Como todo vereador, terá que atuar em benefício de todos os cidadãos, incluindo os que se identificam com a esquerda. Como pretende equilibrar suas preferências e deveres?

Pode ter certeza de que as pautas que forem boas para a cidade, principalmente as econômicas e de educação, tudo o que seja para facilitar a vida das pessoas e para o bem comum da capital, eu vou apoiar, mesmo se o autor das propostas for uma pessoa de esquerda. Agora, quanto aos projetos de lei da esfera ideológica, eu preciso representar os 29.388 que me elegeram. 

Você acusa a esquerda de agir conforme “ideologias”, mas também tem a sua, que é religiosa e conservadora. Não acha que precisa ficar atento a isso para exercer seu mandato de forma satisfatória? 

O cristianismo não é uma ideologia. Ele tem como base Cristo. Quer dizer nada mais que ser um imitador de Cristo. 

Mas tem gente que não acredita em Cristo.

Eu sei. Mas trata-se da cosmovisão, no sentido de que, ainda que você não concorde, aquilo ali vai estar certo. Você não pode ignorar uma religião que construiu a civilização ocidental inteira. 

Você tem certeza de que quer afirmar isso? Não acha muito impositivo?

Não é impositivo, é a realidade. As universidades foram criadas por quem? Precisamos dar mérito a quem tem mérito. Depois que a esquerda erguer a sua maior instituição de caridade do mundo, como as mantidas pelas igrejas evangélicas e católicas, quando ela construir uma civilização, quando ela apresentar filósofos que mudem a história da humanidade, aí ela pode querer reivindicar alguma coisa. Até lá, ela só vai ser uma ideologia que matou milhões de pessoas. De todo modo, é importante ressaltar que eu vou combater a Duda no campo ideológico. Naquilo que disser respeito ao trabalho que ela fizer na câmara voltado ao bem comum, pretendo reconhecer. 

No domingo, você afirmou não reconhecer Duda Salabert como mulher. Sua postura foi avaliada como transfóbica pela comunidade LBGTQI+. Não teme ser processado, considerando que transfobia agora é crime equiparável ao racismo? 

É biologia. Eu não estou falando algo que eu acho. Ele é um homem. E é importante deixar claro que não existe nenhuma criminalização com relação à biologia. Simplesmente estou falando aquilo que a ciência diz. Por favor, me aponte onde eu tive uma atitude homofóbica e onde há jurisprudência ou qualquer ordenamento jurídico que diz que fui transfóbico. Chamar um homem de homem não é transfobia, é dizer aquilo que ele é à luz da ciência. Mudem a ciência. 

Você foi um dos cinco vereadores a quem o presidente Jair Bolsonaro manifestou apoio explícito. Como é a sua relação com ele?

Conheci  o presidente Jair Bolsonaro em 2015. Estive no gabinete dele (então deputado federal pelo Rio de Janeiro) por conta de uma viagem que fiz para acompanhar a segunda votação do impeachment da (ex-presidente) Dilma (Rousseff). Viajei junto com o deputado federal Cabo Júlio Amaral (PSL-MG). Lá, apresentamos o movimento Direita Minas para Bolsonaro. Nesta última semana, eu estive novamente no Palácio da Alvorada, tomei um café com o presidente. A gente conversou e ele então manifestou apoio à minha campanha. 

Você diria que apoia irrestritamente o presidente?

Com certeza. 

Inclusive no que diz respeito à condução da pandemia de COVID-19?

Ele lidou de maneira certa com a pandemia. A gente pôde ver isso. Enquanto ele estava defendendo que a economia era “vida”, que havia condição de manter o comércio aberto de forma segura e responsável, prefeitos e governadores assumiram uma postura ditatorial, impedindo as pessoas de ir e vir, quebrando um princípio básico da nossa Constituição, que é a liberdade. Isso sem subestimar o vírus, mas com atenção à economia, porque ela também é vida. 

Sem as políticas adotadas pelos prefeitos, não teríamos tido mais mortes?

A forma como se lidou com isso foi histérica. Inclusive o Átila “Marinho” (Átila Iamarino, microbiologista brasileiro com pós-doutorado em virologia pela Universidade de Yale) disse que morreriam três milhões de pessoas. As pessoas ficaram completamente histéricas com relação a isso. Só que, de repente, convencionou-se que estava liberado andar em ônibus lotados, pegar um avião com alguém sentado ao lado. Mas, na rua, o distanciamento social precisava ser mantido. Ficam algumas perguntas diante disso: se o distanciamento funciona, para quê a máscara? Se a máscara funciona, por que o distanciamento? E se os dois funcionam, por que a quarentena? Para mim, as medidas impostas na pandemia, além de histéricas, foram políticas. A gente observa várias hipocrisias e inconsistências. Por exemplo, fechar os shoppings tradicionais e deixar o (shopping popular) Oiapoque aberto durante um período. Qual o sentido disso? Qual o sentido de obrigar uma pessoa a entrar em um shopping com máscara mas, quando ela se senta, permitir que ela retire? 

A ciência demonstra que flexibilizar, ainda que com a adoção de medidas de higiene, é perigoso dentro de um cenário de alto risco de transmissão do vírus. Por isso a quarentena: os cuidados só são eficazes quando a propagação da COVID está mais controlada. 

Muitas pessoas poderiam ter sido curadas inclusive com o protocolo de hidroxicloroquina. Realmente, as pessoas que usaram o medicamento de maneira precoce tiveram resultado. Num momento de pandemia, para salvar vidas, é preciso fazer algo. Não tem condição simplesmente dizer às pessoas para ficarem em casa. E na favela, como é que faz? ‘Ah, fica em casa, a economia a gente vê depois’. Mas e o pão de todo dia que o trabalhador precisa colocar na mesa? A pessoa não morre de COVID, mas morre de fome. 

E quanto ao combate à corrupção, que foi uma das bandeiras da sua campanha? O presidente tem sido associado a alguns escândalos. 

Em qual crime ele está envolvido?

Por exemplo, o escândalo da rachadinha. Os filhos dele são investigados em operações conduzidas pelo Ministério Público e pela Polícia Federal….
 
Você está falando do presidente ou dos filhos dele?

Segundo as autoridades, a esposa do presidente recebeu, mais de uma vez, recursos supostamente oriundos da prática de rachadinha. 

Mais uma vez, você está falando dos parentes do Bolsonaro e não do cara que me apoiou. 

Você acha possível excluir completamente o presidente desses escândalos?
 
É simples: alguma das contas bancárias que recebeu o dinheiro rachadinha é dele? Já existe alguma sentença? Não é mais prudente aguardar o desenrolar da história? 

Como pretende construir sua relação com o prefeito reeleito Alexandre Kalil (PSD)?

Eu vou fazer o meu papel legislativo de fiscalizar o prefeito e fazer uma oposição firme a ele. Porque não pode um prefeito que, de manhã, acha que é rei e, de tarde, ele tem certeza. Ele fechou os estabelecimentos, não tem nenhum planejamento. Então eu vou cobrar planejamento. Se vier uma segunda onde, ele vai  fechar a cidade de novo sem estabelecer diálogo com a população? Então, pode ter certeza de que se ele agir novamente sem diálogo, eu vou estar lá para ser oposição. 

Quais são as suas principais propostas? O que o povo de BH pode esperar do você?

Estruturação da segurança pública. Vou trabalhar também para desburocratizar a liberação de alvarás, para que o empreendedor, realmente, consiga empreender aqui. Quero propor ao executivo a redução do peso do estado sobre o empreendedor. Tenho inclusive um projeto que propõe revogar leis inúteis em BH, o chamado “revogaço”. Se não me engano, foi o (vereador) Mateus Simões (Novo) quem começou isso por aqui e eu vou dar continuidade. Pretendo ainda atuar na parte social, para mostrar que não é só a esquerda que se preocupa com o social. No âmbito da educação, quero inserir educação financeira e empreendedorismo no currículo das escolas. E, no que diz respeito à segurança pública, vou trabalhar para fortalecer a Guarda Municipal, para termos mais liberdade econômica aqui no município. 


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