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Estado de Minas CRISE

Saída de Moro renova dúvida sobre permanência de Guedes no governo

Percepção de que Guedes pode ser o próximo a abandonar o barco paira tanto nos bastidores do governo, quanto no mercado


postado em 24/04/2020 16:20 / atualizado em 24/04/2020 16:54

(foto: Mauro Pimentel/AFP)
(foto: Mauro Pimentel/AFP)
saída do ex-ministro Sergio Moro da Pasta da Justiça renovou as dúvidas sobre a permanência do ministro da Economia, Paulo Guedes, no governo de Jair Bolsonaro. A percepção de que Guedes pode ser o próximo a abandonar o barco paira tanto nos bastidores do governo quanto no mercado e parece agravar o clima de incerteza sobre o caminho da recuperação econômica brasileira.

Analistas e empresários que mantêm contato direto com a equipe econômica dizem que a perspectiva de saída de Guedes ganha força diante deste cenário por vários motivos. Primeiro, porque a relação entre o ministro da Economia e o Planalto já vinha desgastada há um tempo. 

Prova disso é que, nesta semana, a Casa Civil apresentou um plano de recuperação econômica para o pós-coronavírus que vai na contramão da política liberal de Guedes.
 
E nesta sexta-feira (24), antes da demissão de Moro, Bolsonaro se encontrou com dois fiadores desse plano – os ministros de Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, e da Infraestrutura, Tarcísio Freitas –, enquanto Guedes permanecia recluso na Granja do Torto. 

Segundo, porque Guedes ajudou Bolsonaro a atrair o ex-juiz Sergio Moro para o governo. E a saída de Moro mostrou que Bolsonaro está disposto a não segurar mais os "superministros" do seu governo – enquanto Moro era o pilar do governo com a sociedade civil, Guedes é a base do Planalto com o mercado financeiro.

Aproximação com o Centrão


"A saída de Moro dá conta de uma estratégia de aproximação de Bolsonaro com o Centrão. A saída de Valeixo facilita isso. Mas, se Bolsonaro estiver fazendo isso para se aproximar do Centrão, o Centro vai desejar mais que a Polícia Federal e isso implica gastos fiscais extras, que o ministro Guedes não corrobora", analisou o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito.

Reforça essa tese, por sinal, a aproximação de Bolsonaro com o presidente do PTB, o ex-deputado Roberto Jefferson, que, segundo alguns interlocutores do governo, poderia assumir o Ministério do Trabalho em uma eventual divisão do Ministério da Economia. Divisão que, por sinal, não agrada a Guedes.

"Guedes não deve demorar, porque não acredita no caminho que está predominando no governo. A não ser que abra mão de uma coisa que nunca abriu ", afirmou um empresário.
 


Guedes cancelou agenda


E toda essa incerteza só aumentou com o vai e vém da agenda desta sexta-feira do ministro Paulo Guedes. Há dias sem aparições públicas, Guedes cancelou duas conferências que faria com o mercado assim que veio à tona a confirmação da demissão de Moro.

Depois disso, ainda surgiu um boato de que o ministro faria uma entrevista coletiva na tarde desta sexta, antes do pronunciamento convocado por Bolsonaro para falar sobre a saída do ex-juiz do governo. A entrevista, porém, não foi confirmada pela assessoria do Ministério da Economia.

Por conta disso, os analistas admitem que a queda de quase 7% da Bolsa de Valores de São Paulo e a alta de 3,5% do dólar, que já opera na casa dos R$ 5,72, registradas hoje, não refletem apenas a saída de Moro. Mas também a percepção de que todos esses ruídos políticos também vão acabar caindo no colo de Guedes. 

"Não é o momento. É muito ruim perder dois pilares assim ao mesmo tempo", diz um dos fiadores da agenda liberal de Guedes no Congresso, que resiste à ideia da saída do ministro da Economia. "O governo tinha deixado Guedes contrariado, mas deve procurar administrar essa agora. Já perdeu uma ponte com a sociedade , deve tentar manter uma ponte com o mercado pelo menos", torce.

Também já há quem diga, contudo, que a saída de Guedes pode não pesar tanto quanto a de Moro. "Tudo mudou. O mundo inteiro já fala de liberar dinheiro para incentivar a retomada. Mas Guedes não muda, continua com o mesmo discurso do pré-coronavírus e resiste a um pleito que ganha força na sociedade", alegou um empresário, dizendo que o governo de fato poderia "cumprir um papel de transição, mesmo que temporariamente" para ajudar o país a sair da crise da COVID-19, como deseja a Casa Civil.


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