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Estado de Minas SURTO DE CORONAVÍRUS

Aeroportos adotam alerta, mas sem detectar febre

Anvisa descarta uso de scanners para identificar passageiros com sintoma, enquanto o Ministério da Saúde veta bloqueio a chineses e diz que vai avaliar diretrizes da OMS


postado em 31/01/2020 04:00 / atualizado em 30/01/2020 22:10

A doença se espalha e é confirmado no Brasil o número de nove pacientes com suspeita de contaminação pelo vírus(foto: Juni Kriswanto/AFP )
A doença se espalha e é confirmado no Brasil o número de nove pacientes com suspeita de contaminação pelo vírus (foto: Juni Kriswanto/AFP )


Passageiros que desembarcam nos principais aeroportos do Brasil já ouvem mensagens de alerta sobre o coronavírus, que já deixou 212 mortos na China e mais de 8 mil infectados. Há ocorrências da doença confirmadas em 20 países. As mensagens de um minuto de duração – em português, inglês e mandarim – informam sobre os sintomas da doença e as medidas para evitar a transmissão. Contudo, diferentemente de terminais aeroportuários da Europa e dos Estados Unidos, no país não serão usados scanners térmicos para detectar passageiros com febre.

Ontem, o Ministério da Saúde informou que continua a monitorar nove casos de pacientes com suspeita de contaminação pelo coronavírus no Brasil. Apesar de o número ser o mesmo do que já havia sido informado ontem, casos relatados no dia anterior foram descartados, mas outros, incluídos. No Rio Grande do Sul, por exemplo, dois casos foram incorporados à estatística. Segundo a pasta, os outros casos estão distribuídos em Minas Gerais (1 caso suspeito), Rio de Janeiro (1), São Paulo (3), Rio Grande do Sul (2), Paraná (1) e Ceará (1). Ao todo, 43 ocorrências foram notificadas a autoridades de saúde do País, mas nem todas são tratados como suspeitas.

O resultado da análise de exames para identificar a doença pela Fundação Fiocruz em Belo Horizonte, estará disponível, provavelmente, amanhã, e não hoje como estava previsto. A avaliação está sendo feito de material colhido de dois pacientes, uma mulher de BH, e um paciente do Rio de Janeiro. O caso suspeito na capital mineira é o de uma estudante de 22 anos que esteve em Wuhan, na China. Ela retornou ao Brasil no último dia 24. Antes de chegar no destino final, o voo fez escala em Paris (França) e Guarulhos (SP).

Ainda de acordo com o ministério, as novas recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a situação da contaminação pelo coronavírus no mundo serão analisadas. Na tarde de ontem, a OMS decretou emergência de saúde pública de importância internacional. O secretário de Vigilância em Saúde da pasta, Wanderson Oliveira, afirmou que o governo brasileiro não mudará nenhuma conduta em relação ao monitoramento da doença, por enquanto.

“Não sabemos quais são as novas recomendações e amanhã (hoje) informaremos quais condutas teremos que mudar ou se vamos manter nossas posições. Até o momento, entendo que não há nada para mudar. Mas a OMS é soberana e seguiremos as recomendações”, afirmou. Segundo o secretário, o país só vai elevar o grau de risco de nível 2 para 3 quando for confirmado o primeiro caso de contaminação pelo coronavírus no Brasil. O grau máximo significa "emergência em saúde pública de importância nacional".

Nos aeroportos brasileiros, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o foco é garantir a adoção de medidas preventivas para a comunidade aeroportuária, fazer com que os procedimentos de desinfecção e limpeza das aeronaves sejam realizados corretamente e encaminhar os casos de pessoas que estejam manifestando sintomas.

Nos aeroportos 

Ainda segundo a Anvisa, os scanners térmicos, que estão sendo usados em outros terminais no mundo, no Brasil têm pouca efetividade para identificar casos suspeitos.O scanner é um instrumento portátil com uma tela que, com o auxílio de sensores eletrônicos, muda de cor de azul para vermelho em caso de febre. A cor muda quando a temperatura do corpo excede 37,5°C. Nesse caso, o alerta é acionado, e o passageiro é confiado ao sistema de saúde para uma possível quarentena. Nesta semana, os aeroportos de Roma e Milão, na Itália, passaram a usar aparelhos portáteis para medir a temperatura corporal dos passageiros que lá desembarcam. Nos Estados Unidos, o uso já vinha sendo feito.

Nota da agência reguladora informa que o uso de scanners não é obrigatório nem é indicado como ação preventiva, já que sua efetividade é baixa na detecção dos casos. “Isso ocorre porque os casos em que a pessoa não está manifestando os sintomas não são captados pelo scanner.”

A orientação dada pela Anvisa aos funcionários dos aeroportos é para que os órgãos sanitários sejam notificados imediatamente em caso de suspeita – pessoas que estão em vias de desembarque e apresentam sintomas como tosse, febre e dificuldade para respirar. No caso dos passageiros a bordo, os tripulantes foram orientados a informar o comandante do voo se houver suspeita. Este, por sua vez, fará contato com a torre de controle do aeroporto, que acionará a Anvisa.

O passageiro com sintomas será abordado antes do desembarque para que seu estado seja conferido. A Anvisa aciona o serviço médico do aeroporto e a vigilância sanitária do município e a equipe vão a bordo. Se o médico descartar o caso, o desembarque dos passageiros é liberado. Caso a suspeita seja mantida, o passageiro doente é removido para um hospital de referência. Os demais passageiros são entrevistados pela vigilância epidemiológica. A aeronave passa por desinfecção, inclusive dos efluentes.

 
 
 
 

Restrição dependerá do Itamaraty



O secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, afirmou que não há motivos ou decisão sobre possíveis bloqueios a chineses ou produtos importados do país. Segundo ele, um possível bloqueio seria discutido com Ministério da Justiça e Itamaraty.

“Não temos nenhum motivo e nenhuma decisão para fazer bloqueio. Isso pode mudar, mas essa decisão não vai ser tomada exclusivamente pelo Ministério da Saúde. Vai ser interministerial, pois envolve outros aspectos além de saúde”, disse.

De acordo com diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Júlio Croda, os relatos são de que o vírus apresenta risco de contaminação por 24 horas, o que dificulta a chegada no Brasil. “A maioria dos produtos da China são transportados via marítima, ou seja, supera esse tempo. Não existe nenhum risco de contaminação de produtos vindos do país”, disse. A China é o epicentro do novo vírus.

A Secretaria de Saúde de São José dos Campos, localizada no Vale do Paraíba, no interior de São Paulo, notificou na quarta-feira um caso suspeito de contaminação detectado no município. A paciente, uma mulher de 51 anos, procurou atendimento com sintomas da doença em um hospital particular e foi colocada em isolamento. Como o caso foi informado após as 16h, não entrou no balanço diário de casos suspeitos divulgado pelo Ministério da Saúde.

Conforme nota da Vigilância Epidemiológica municipal, a paciente apresentou os primeiros sintomas em 26 de janeiro e foi internada com febre, tosse, coriza, cefaleia (dor de cabeça) e fraqueza. Seu estado geral é estável. A paciente relatou que seu marido esteve em viagem à China, a trabalho, por 30 dias, em dezembro. Ele teria apresentado sintomas de gripe ao retornar para o Brasil. Só depois ela também passou a apresentar sintomas. No momento, o marido encontra-se em Itajubá, em Minas Gerais, onde trabalha, sem apresentar sintomas de gripe.

A nota destaca que, por enquanto, o caso está sendo tratado como suspeito. A paciente está em isolamento e sendo tratada com Tamiflu, que é o medicamento usado no tratamento da gripe Influenza (H1N1). O caso suspeito é o primeiro no interior – o Estado de São Paulo tem três casos suspeitos na capital. 





Doenças descartadas 
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais divulgou novas atualizações ontem sobre o estado da paciente de 22 anos de Belo Horizonte que está sob suspeita de infecção por coronavírus. Segundo a secretaria, os diagnósticos de nove doenças respiratórias com sintomas semelhantes já foram descartados, mas o coronavírus permanece uma possibilidade. As doenças descartadas são: Infuenza A e B, Adenovírus, Bocavírus, metapneumovírus, parainfluenza 1, parainfluenza 2, parainfluenza 3 e vírus sincicial respiratório. A jovem passou por um teste específico para detecção da doença cuja a maioria dos casos está concentrada na China. Os resultados estão sendo analisados na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que divulgará o resultado até amanhã. 


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