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Estado de Minas GOVERNO

Servidores federais prometem pressão por reajuste de 33% no salário

Categorias do funcionalismo estão insatisfeitas com o congelamento dos salários e com a reforma previdenciária dos militares, que garantiu soldos até 73% maiores para a caserna


postado em 11/01/2020 04:00 / atualizado em 11/01/2020 08:20

Esplanada dos Ministérios: sindicatos e associações de classes, como a dos policiais federais, articulam grande mobilização a partir de março (foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado - 5/12/18)
Esplanada dos Ministérios: sindicatos e associações de classes, como a dos policiais federais, articulam grande mobilização a partir de março (foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado - 5/12/18)
Brasília – Servidores públicos federais prometem pressionar o governo e já se mobilizam por um reajuste salarial de 33%. O aceno positivo do presidente Jair Bolsonaro à concessão de reajustes para policiais do Distrito Federal, cujos salários são bancados com dinheiro da União, abriu a porteira para outras categorias do funcionalismo federal elevarem a pressão por aumentos na remuneração. Além disso, a reforma previdenciária específica para os militares garantiu aumentos salariais definidos pelo Executivo para os militares para a caserna.

A equipe econômica não vê espaço no Orçamento para ampliar as remunerações, mas admite nos bastidores que a pressão virá e será necessário mostrar à ala política do governo que não há folga fiscal para negociação. As categorias, por sua vez, já têm se reunido e discutem uma estratégia para a campanha salarial, que deve envolver mobilizações, incluindo um dia de paralisação geral, e pedidos de apoio a parlamentares das bancadas de segurança (295 membros) e de defesa dos servidores (241 deputados e senadores). Os reajustes precisam ser aprovados pelo Congresso.

Sindicatos e associações de classes como policiais federais articulam uma grande mobilização a partir de março contra o congelamento de salários. “Em 12 de fevereiro, teremos um debate, de manhã, com funcionários de todos os poderes e esferas, e, à tarde, vamos protocolar a campanha salarial no Ministério da Economia. Se militares ganham mais de 70%, em alguns casos, porque não teremos 33%?”, questionou Sérgio Ronaldo da Silva, secretário-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Federal (Condsef), que abrange 80% do funcionalismo.

Os militares recebem soldo, adicionais e gratificações de acordo com a habilitação, ao longo da carreira. Os soldos, em 2020, variam de R$ 1.078 a R$ 13.471 – para generais, almirantes e brigadeiros. Porém, com os penduricalhos, os valores podem aumentar em até 73%. Com isso, um general começa a ganhar R$ 22.631 este ano e chega a R$ 30.175, em 2023, já incluídos aí os 41%, por trabalho sem jornada definida e mais 10% de gratificação de representação para generais que chefiam unidades militares. O impacto financeiro do aumento dos militares é de R$ 4,73 bilhões em 2020 e de R$ 101,76 bilhões em 10 anos.

Por sua vez, o reajuste das forças de segurança do DF vai de 8% a 25%, com custo total de R$ 505 milhões – o valor sairá do Fundo Constitucional do DF, ou seja, não representa gasto adicional para a União, mas implicará redução de outras despesas com segurança.. “O teto dos gastos é só para os barnabés do Executivo e não para os amigos do rei. É para inglês ver, não tem rigor algum”, destacou Sérgio Ronaldo.

Rudinei Marques, presidente do Fórum Nacional das Carreiras de Estado (Fonacate), acredita que o governo federal terá de fazer alteração na Lei do Teto de Gastos, que determina correção das despesas pela inflação do ano anterior. Ele apontou dois motivos: evitar um apagão nos serviços públicos – “como já aconteceu em 2019 com a Defensoria Pública, que teve que reduzir 65% do pessoal” – e fazer frente aos reajustes. Em 2019, era possível fazer remanejamento de recursos entre órgãos. Este ano, a EC 95 proíbe tal movimentação. “Somente o crescimento vegetativo da folha custa cerca de 3%, para uma inflação estimada em cerca de 3,5%. Não resta outra opção. O governo precisará incluir o montante para os reajustes na lei orçamentária de 2021”, cravou Marques.

Tratamento diferenciado Para Luiz Antônio Boudens, presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), a correção dos salários do pessoal do DF foi “uma questão de justiça”. “No entanto, muitas categorias viram ali a oportunidade de pedir reajuste salarial. A partir de março ou abril, esse movimento vai se intensificar. Vamos apostar nisso”, disse. Os federais também querem de 33% a 34%. “Na explicação do teto dos gastos, o governo tem de deixar muito claro por que uns foram beneficiados e outros, não”, ressaltou. Em março, haverá um congresso, reunindo policiais civis, federais e rodoviários federais, para definir as estratégias da campanha salarial.

O Ministério da Economia esclareceu que, de acordo com o Art. 169 da Constituição Federal, reajustes e alterações de estrutura de carreiras só podem acontecer com prévia dotação orçamentária suficiente para fazer às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos decorrentes, e também com autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias. “Para o ano de 2020, não há previsão de reajuste salarial na Lei de Diretrizes Orçamentárias e na Lei Orçamentária Anual”, afirmou o ministério. A Secretaria-Geral da Presidência da República informou que “quanto ao reajuste dos servidores, não há proposta formalizada na Presidência da República”, mas que o “reajuste dos policiais do DF, o PLN 1/20, já foi enviado ao Congresso Nacional”.
 



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