(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas PALANQUE ANTECIPADO

No dia seguinte à saída de Lula da prisão, o petista e Bolsonaro acirram polarização política no país

No segundo discurso depois de deixar a cela da PF em Curitiba, onde ficou preso por 580 dias, Lula volta a fazer críticas ao governo, Jair Bolsonaro, Sérgio Moro e Deltan Dallagnol


postado em 10/11/2019 07:00 / atualizado em 10/11/2019 07:25

Bolsonaro e Lula põe país em clima de eleição(foto: Marcos Correia/PR - Carl de Souza/AFP)
Bolsonaro e Lula põe país em clima de eleição (foto: Marcos Correia/PR - Carl de Souza/AFP)

Os dois atuais protagonistas da política brasileira, o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acirraram a polarização em clima de disputa eleitoral no dia seguinte à soltura do petista da cela da Polícia Federal, onde esteve preso por 580 dias em cumprimento da pena por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex no Guarujá (SP). Ontem pela manhã, Bolsonaro fez duras críticas a Lula ao deixar o Palácio da Alvorada. À tarde, em discurso no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, o ex-presidente rebateu também com ataques pesados o capitão reformado.

Novos ataques a adversários
Lula discursou por cerca de 45 minutos em cima de trio elétrico no Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista (foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas/Divulgação)
Lula discursou por cerca de 45 minutos em cima de trio elétrico no Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista (foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas/Divulgação)
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva radicalizou o seu discurso e fez duras críticas ao governo federal, ao presidente Jair Bolsonaro, ao ex-juiz federal Sérgio Moro e ao procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Operação Lava-Jato. Em tom de campanha eleitoral, o petista discursou durante cerca de 45 minutos, ontem à tarde, em cima de um trio elétrico na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, ao lado de outras lideranças de esquerda, como o deputado federal Marcelo Freixo (Psol-RJ), a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffman (PT-RS), e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad.

"O Moro é mentiroso, o Dallagnol é mentiroso. Eu tomei a decisão de ir lá na Polícia Federal. Eu poderia ter ido para uma embaixada, para outro país. Mas eu fui lá para provar que o juiz Moro não é um juiz, é um canalha. Eu tive que provar que Dallagnol não é um procurador que representa o Ministério Público. Ele montou uma quadrilha para roubar a Petrobras”, acusou o ex-presidente, que voltou a alegar inocência.

Apesar de afirmar que não apoia o impeachment do presidente Jair Bolsonaro, Lula  chegou a falar em manifestações e disse que não pode aceitar um “governo de milicianos”. O discurso foi acompanhado por milhares de manifestantes. “Eu quero dizer uma coisa para vocês. Não tem outro jeito. Não tem ninguém que conserte este país se vocês não quiserem consertar. Não adianta ficar com medo. Ficar preocupado com as ameaças que eles fazem na televisão. A gente tem que ter a seguinte decisão. Este país é de 210 milhões de habitantes e não podemos permitir que os milicianos acabem com este país”, disse Lula.

Por diversas vezes, ele citou nominalmente Jair Bolsonaro e fez fortes críticas às políticas de governo. “No discurso do Bolsonaro de ontem, ele chegou a confessar que ele devia as eleições ao Moro (ministro Sergio Moro). Na verdade, ele deve ao Moro, aos juízes que me condenaram e à campanha de fake news e de mentira que fizeram eles ganharem do companheiro Fernando Haddad”, disse, se referindo à vitória de Bolsonaro nas eleições do ano passado.

JUROS 

“Esse cidadão foi eleito (Jair Bolsonaro). Democraticamente, aceitamos o resultado da eleição. Agora, ele foi eleito para governar para o povo brasileiro. E não para governar para os milicianos do Rio de Janeiro”, completou o ex-presidente. Ele criticou também a política econômica do governo federal, inclusive a queda da taxa Selic (taxa básica de juros), afirmando que esse indicador financeiro não representa alívio nas contas das famílias mais pobres. “Aqui tem muitos economistas. Vocês estão percebendo que a taxa de juros está caindo. Mas a taxa de juros que cai é a taxa Selic, que envolve o governo e a dívida pública. Mas quero saber se os juros do cartão de crédito caiu. Se os juros do cheque especial caiu. Se os juros da Casas Bahia caiu. Porque é esse juros que afeta o salário do trabalhador (sic)”, disse.

O ex-presidente afirmou que se preparou porque queria provar que dorme com a consciência mais tranquila do que seus "algozes". "Durmo com a consciência tranquila de um homem justo e honesto. Duvido que Moro durma com a consciência tranquila que eu durmo (sic). Duvido que Bolsonaro durma com a consciência tranquila que eu durmo. Duvido que o ministro destruidor de empregos o [ministro da Economia, Paulo] Guedes durma com a consciência tranquila que eu durmo", afirmou no discurso.

Lula lembrou ainda de revoltas populares que estão ocorrendo em outros países da América do Sul, como o Chile, o Peru e o Equador, e convocou o povo para ir às ruas, sem marcar uma data. “Os nossos deputados vão ter que virar leões naquele Congresso para não deixar eles aprovarem o que querem contra o povo trabalhador. Temos que seguir o exemplo do povo da Bolívia, do Chile, do Equador. Não é só lutar, é resistir. É atacar. Estamos muito calmos”, completou. (Com agências)

MORO RESPONDE

Depois do discurso de Lula, que o criticou, o ex-juiz Sérgio Moro escreveu em seu perfil no Twitter: “Aos que me pedem respostas a ofensas, esclareço: não respondo a criminosos, presos ou soltos. Algumas pessoas só merecem ser ignoradas”. Ele já havia postado outra mensagem no Twitter pedindo respeito à decisão do Supremo Tribunal Federal, que proibiu prisão em segunda instância antes do julgamento de todos os recursos dos condenados. “Lutar pela justiça e pela segurança pública não é tarefa fácil. Previsíveis vitórias e revezes. Preferimos a primeira e lamentamos a segunda, mas nunca desistiremos", ressaltou Moro no tweet acompanhado de um vídeo.


Militância petista critica Lava-Jato

São Paulo - A Operação Lava-Jato foi o maior alvo dos protestos das centenas de militantes petistas e simpatizantes do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que se aglomeraram em volta do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo, onde o petista discursou ontem. Dezenas de cartazes com a frase "Lava-Jato é uma fraude" disputaram espaço com bandeiras, faixas e outros cartazes de movimentos sociais e do próprio PT.

A Operação Lava-Jato é o conjunto de investigações conduzidas pela Polícia Federal que cumpriu mais de mil mandados de busca e apreensão, de prisão temporária, de prisão preventiva e de condução coercitiva, visando apurar um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou bilhões de reais em propina. O ex-presidente Lula foi o principal e mais importante alvo da Lava-Jato e esteve preso em uma cela da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, desde 7 de abril do ano passado, após ter sido condenado pelo, à época, juiz de primeira instância Sérgio Moro. O petista foi condenado sob a acusação de receber propina da OAS por meio de reserva de um apartamento tri-plex no Guarujá (SP) em troca de contrato com a Petrobras. Lula sempre negou.

Depois do pronunciamento em Curitiba, logo após ser solto, na tarde de sexta-feira, Lula gravou vídeo e postou no Instagram, ainda na noite de anteontem, afirmando que o Brasil está vivendo uma "loucura" e que está livre para ajudar a tirar o país dessa situação.  "Quero dizer 'pra' vocês que 'tô' livre 'pra' ajudar a libertar o Brasil dessa loucura que está acontecendo no nosso país", diz Lula no vídeo. Leia a íntegra da mensagem: "Queria falar com meus seguidores do Instagram. Quero dizer a vocês que sou um senhor muito jovem. Tenho 74 anos do ponto de vista biológico. Mas tenho 30 anos do ponto de vista de energia e 20 anos, de tesão. Só para vocês ficarem com inveja desse jovem que está falando com vocês. Quero agradecer do fundo do coração toda solidariedade de vocês (...) e dizer pra vocês que 'tô' livre para ajudar a libertar o Brasil dessa loucura que está acontecendo no nosso país. É preciso cuidar da educação, cuidar do emprego, do salário, da cultura. É preciso cuidar do prazer e da alegria. Aliás, a juventude não vive se não tiver prazer, motivação de vida. E é isso que nós temos para oferecer 'pra' vocês. Beijos."

JOSÉ DIRCEU 

Assim como o ex-presidente Lula, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT) também foi solto como consequência da derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da prisão logo após condenação em segunda instância. Depois de ser solto, ele se reuniu com Lula e gravou vídeo no qual  afirmou que, agora, a sua luta "não é por Lula livre". "Agora, (a luta) é para nós voltarmos, retomarmos o governo do Brasil", diz o petista em gravação reproduzida por Emídio de Souza, deputado estadual do partido em São Paulo, em sua conta no Twitter.

"Para isso (retomar o governo), temos que deixar claro o que nós somos: nós somos petistas, de esquerda e socialistas. Somos tudo contrário (sic) ao que esse governo (do presidente Jair Bolsonaro) está fazendo", comenta Dirceu. No fim do vídeo, Emídio pergunta ao correligionário se ele estará no Congresso Nacional do PT, de 22 a 24 de novembro, em São Paulo. "Estarei lá", confirma o ex-ministro.




receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)