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Estado de Minas POLÍTICA

Poder é constante construção de relações, diz editor do The New York Times


postado em 30/10/2019 15:42

O que é poder? Um dos editores de opinião do jornal The New York Times, o jornalista Peter Catapano tentou responder a essa pergunta nesta quarta-feira, 30, em painel no Estadão Summit Brasil - O que é poder?. "Poder não é violência, não é uma coisa só", afirmou. "É a constante construção de relações, da qual todos fazemos parte. Quanto melhor entendermos isso, melhor entendermos quem somos. E o que podemos fazer em seguida."

Catapano criou em 2010 a série The Stone, um espaço para divulgar artigos de pensadores sobre tópicos atuais e grandes questões da sociedade. De maio a junho deste ano, o The New York Times publicou 14 textos de filósofos, ativistas, escritores e ensaístas que buscaram responder a essa mesma pergunta: o que é poder?

"Surpreendentemente, poucas das respostas que recebemos eram abertamente políticas", lembrou. "A maioria eram narrativas empolgantes e filosóficas sobre o poder da liberdade individual e de expressão, o feminismo e o patriarcado, as forças da natureza. Houve até uma rejeição bem-humorada sobre a necessidade de poder tradicional".

Essa diversidade de opiniões foi celebrada por Catapano. Segundo ele, uma das mais frequentes simplificações sobre o conceito de poder é reduzi-lo à força física, violência ou guerra. Outra concepção reducionista é pensar apenas no poder econômico, na riqueza de um indivíduo.

O jornalista cita o filósofo francês Michel Foucault como o pensador que mais perto chegou de entender a miríade de formas com que o poder se manifesta. "O poder está em todo lugar, é uma força que permeia toda a experiência humana", parafraseou Catapano. "Há poder nas relações do cotidiano, de comércio, de amor e sexo, de crime e punição, de normas sociais, e, mais importante, no próprio conhecimento".

'Jornalistas são alvo pois informação é fonte de poder'

Catapano também ressaltou que os jornalistas têm sido com cada vez mais frequência alvo de ataques, assédio e intimidação. "Eles são alvo por razões óbvias", disse o americano. "Eles divulgam informação e informação é uma fonte de poder. Silenciar e eliminar fontes de informação é uma forma de proteger quem está no poder".

Ele destacou ainda o papel do jornalismo em questionar sobre os grandes temas da sociedade. Nesse sentido, Catapano refletiu que jornalistas estão bem próximos dos filósofos. Ambos analisam fatos e tiram conclusões sobre a verdade de uma situação. "A diferença é que o jornalismo tem a urgência que a filosofia não tem", disse ele. "E a filosofia se baseia na contemplação para a qual muitos jornalistas não têm tempo".


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