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Estado de Minas

'Punhado de hienas', reforça assessor de Bolsonaro sobre vídeo

Segundo Filipe Martins, assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, o Brasil só vai mudar quando "se tornar uma nação de leões"


postado em 29/10/2019 16:22 / atualizado em 29/10/2019 16:34

(foto: Reprodução/Twitter)
(foto: Reprodução/Twitter)
Horas depois de o presidente Jair Bolsonaro se desculpar pela publicação de um vídeo em sua conta oficial no Twitter em que compara a si próprio como um leão e que tem de se defender de uma série de instituições, representadas por hienas, para tentar governar o país, o assessor especial da presidência para Assuntos Internacionais, Filipe Martins, reacendeu a discussão ao defender o conteúdo da gravação nesta terça-feira (29/10). Também no Twitter, ele escreveu que "o establishment" é "um punhado de hienas"."O establishment não gosta de se ver retratado, mas ele é o que ele é: um punhado de hienas que ataca qualquer um que ameace o esquema de poder que lhe garante benefícios e privilégios às custas do povo brasileiro. Isso só mudará quando o Brasil se tornar uma nação de leões", publicou o assessor de Bolsonaro.

 

 


Cumprindo agenda na Arábia Saudita, Bolsonaro se retratou sobre o caso ao jornal O Estado de S.Paulo. Ele pediu desculpas especialmente ao Supremo Tribunal Federal (STF), que representava uma das hienas no vídeo. "Eu me desculpo publicamente ao STF, a quem por ventura ficou ofendido. Foi uma injustiça, sim. Corrigimos e vamos publicar uma matéria que leva para esse lado das desculpas. Erramos e haverá retratação", afirmou.

O presidente ainda comentou que o vídeo não foi feito por ele. "Esse vídeo apareceu, foi dada uma olhada e ninguém percebeu com atenção que tinham alguns símbolos que apareciam por frações de segundos. Depois, percebemos que estávamos sendo injustos, retiramos e falei que o foco (nas redes sociais) são as nossas viagens."

Presidente da República em exercício, Hamilton Mourão também se posicionou sobre a postagem. Nesta manhã, ao conversar com jornalistas no Palácio do Planalto, ele eximiu Bolsonaro da culpa e disse que "alguém que tem acesso à rede social" do mandatário brasileiro foi quem publicou o vídeo. "Ver, eu não vi (o vídeo). Só ouvi os comentários. Acho que foi alguém que postou, alguém que tem acesso à rede social dele, não sei quem. E ele, obviamente quando viu, ele tirou", declarou Mourão.

Para o presidente interino, como Bolsonaro já se desculpou, o assunto deveria ser esquecido. "Ele já se desculpou, porque quando ele viu o conteúdo do vídeo, ele retirou. Então eu acho que vira a página."
 

STF, ONU, OAB e CNBB

 
Na segunda-feira (28/10), o vídeo ficou no ar por aproximadamente duas horas antes de ser deletado. Nele, um leão é acossado por um grupo de hienas. Cada uma "carrega" a logo de um órgão diferente, que vão desde partidos políticos — como o PSL, legenda do presidente —, a entidades como o STF, a Organização das Nações Unidas (ONU), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a ONG Greenpeace.

Hienas representando outras siglas políticas tentam atacar o leão, como PT, PCdoB, PSol, PSB, PDT e PSDB. Veículos de comunicação também aparecem entre a alcateia que avança contra "Bolsonaro": TV Globo, Rádio Jovem Pan, revista Veja, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo são alguns dos canais de mídia taxados como ameaça pelo presidente.

Movimentos, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Força Sindical e o Movimento Brasil Livre (MBL), são outras taxadas como inimigas a Bolsonaro. O vídeo ainda faz menção à Lei Rouanet e a termos como "isentão" e "via sensata" como potenciais "opositores" ao governo do pesselista. 

Nos momentos finais do vídeo, as hienas se dispersam somente após a aparição de um segundo leão, taxado de "conservador patriota", que se junta ao felino que representa Bolsonaro. Além disso, uma mensagem pede: "Vamos apoiar o nosso presidente até o fim! E não atacá-lo! Já tem oposição pra fazer isso!". A gravação termina com a reprodução da fala de Bolsonaro do slogan da sua campanha eleitoral: "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos".
 
Ministro do STF, o decano Celso de Mello repudiou as imagens. "A ser verdadeira a postagem feita pelo senhor presidente da República em sua conta pessoal no 'Twitter', torna-se evidente que o atrevimento presidencial parece não encontrar limites na compostura que um chefe de Estado deve demonstrar no exercício de suas altas funções, pois o vídeo que equipara,ofensivamente, o Supremo Tribunal Federal a uma 'hiena' culmina, de modo absurdo e grosseiro, por falsamente identificar a Suprema Corte como um de seus opositores", afirmou, em nota oficial.


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