Em um ano em que a corrupção ganhou o protagonismo de uma acirrada disputa eleitoral e provocou discussões nas ruas, locais de trabalho e até grupos de família, o tema motivou startups de BH a criar jogos para diferentes plataformas com o objetivo de educar crianças e adultos para relações mais éticas. A proposta de gamificar a discussão séria foi encarada por cinco estúdios de jogos de Belo Horizonte, neste mês, em um desafio que valia prêmio.
No tabuleiro de Ágora, cada jogador representa um setor da sociedade de interesse comum, divididos em meio ambiente, cultura, bem-estar e ciência. “Eles têm projetos que querem colocar em pauta desses setores. Cada um recebe recursos que podem tanto negociar entre colegas, executar os projetos ou até mesmo desviar”, explica Fernando Cunha, da produtora Apiário. No fim da partida, os participantes descobrem que, se não jogarem colaborativamente e sem desviar os recursos, eles não conseguem executar os projetos. “A lição final vem com as cartas ocultas que revelam alguma coisa de ruim que aconteceu porque aquele projeto não foi aprovado”, conta Fernando. Ágora foi desenvolvido exclusivamente para empresas e organizações.
A iniciativa de organizar a maratona de jogos anticorrupção foi da Controladoria Regional da União do Estado de Minas Gerais (CGU) em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). “Foi um evento em alusão ao Dia Internacional Contra a Corrupção. A ideia é trabalhar esses temas, no sentido de gerar uma consciência e participação política da sociedade”, explica o superintendente da CGU, Breno Barbosa. Ele destaca a importância de tratar temas como a corrupção com o público jovem. “O jogo foi uma forma que encontramos para tratar um assunto tão pesado como a corrupção de forma lúdica e leve. A consciência ética pode e deve estar desde cedo no dia a dia do jovem”, ressalta.
Foi pensando na mudança de comportamento da nova geração que Malandroid, solução criada pela Mopix Game para crianças, questiona a cultura do jeitinho brasileiro. O jogo de realidade virtual, que levou a segunda colocação na maratona, mostra como as pequenas atitudes desonestas do dia a dia geram a corrupção. “Nosso jogo foi feito para crianças porque assim elas podem aprender e transformar os adultos. Nós acreditamos que os jogos podem mudar o mundo”, comenta Raoni Dorim, sócio-fundador da Mopix Game. Em Malandroid, o jogador assiste a curtas animações de situações cotidianas da cidade dos robôs e ao final terá que decidir entre as opções: ser ético ou dar um jeitinho brasileiro, antes que o tempo acabe.