
Os opositores usam como munição os problemas enfrentados pelo governador e pré-candidato à reeleição Fernando Pimentel (PT) como os atrasos de pagamento de pessoal e no repasse de recursos para os municípios. Os petistas rebatem, sob alegação que os transtornos surgiram devido a má condição financeira do estado herdada de gestões anteriores, ligadas ao PSDB do senador Antonio Anastasia, também pré-candidato a disputa estadual.
A Zona da Mata é uma das áreas que mais concentram caciques, com lideranças expressivas ligadas a Pimentel e a Anastasia, tendo ainda o ex-prefeito de Juiz de Fora, Bruno Siqueira, pré-candidato ao Senado pelo MDB. O partido aprovou em prévias o lançamento de candidatura própria, sob o comando do vice-governador Antonio Andrade, rompido com Pimentel.
Da mesma região, o deputado federal Julio Delgado, liderança do PSB, admite a possibilidade de não apoiar o pré-candidato a governador do seu partido, Márcio Lacerda, e vir acompanhar o atual governador, por conta de um entendimento nacional com o PT, envolvendo o apoio dos petistas ao PSB na eleição para governador de Pernambuco.
Disputa
No Triângulo Mineiro e no Leste do estado, PSDB e PT voltam a travar uma disputa, sendo que agora as prefeituras das duas cidades mais importantes dessas regiões, Uberlândia e Governador Valares, estão sob comando de aliados do pré-candidato tucano Antonio Anastasia. Na eleição de 2014, elas eram comandadas por petistas.
No Norte de Minas, uma das regiões mais carentes do estado e historicamente castigada pela seca, o apoio dos caciques sempre foi determinante na eleição estadual. Também historicamente, a região sempre deu maioria de votos para candidatos da situação, “tradição” que foi quebrada em 2014, quando Fernando Pimentel saiu vencedor na maioria dos municípios norte-mineiros.
Agora, à frente do governo e candidato à reeleição, Pimentel tem como principal cabo eleitoral no Norte do estado o deputado estadual Paulo Guedes (PT) que foi o mais votado no pleito de 2014, com 164 mil votos e que, neste ano, vai buscar uma cadeira na Câmara Federal, em dobradinha com Virgilio Guimarães (PT), ex-deputado federal que vai tentar uma vaga no parlamento estadual.
Guedes disse que vai trabalhar para que, mesmo diante das dificuldades da gestão estadual, Pimentel repita no Norte de Minas a mesma performance de 2014. “Mesmo diante da crise enfrentada, o nosso governo está superando as dificuldades e não perdeu o controle do estado, como aconteceu no Rio de Janeiro e no Grande do Sul. Temos feitos positivos, como a diminuição da violência em 30%”, afirma o parlamentar. Ele disse acreditar que pelo menos 60% dos prefeitos da região vão acompanhar o atual governador.
Também no Norte do estado, o ex-prefeito de Montes Claros Ruy Muniz (PSD) anuncia que vai se desdobrar para a eleição de Anastasia para governador, ao lado da mulher, a deputada federal Raquel Muniz (PSD). “Acredito que de 70% a 80% das lideranças região vão ficar com o Anastasia”, diz Muniz, que pretende disputar uma vaga para o Senado, mas lembra que não faz nenhuma exigência para que o pré-candidato a governador do PSDB venha a apoiá-lo no seu projeto pessoal. “O meu apoio é incondicional”.
No ano passado, quando estava filiado ao PSB, o ex-prefeito chegou a circular com o pré-candidato a governador Márcio Lacerda (PSB) pelo Norte do estado. “Mas, fizemos a opção pelo PSD e por uma questão partidária vamos encaminhar com o Anastasia. O povo entende a nossa condição”, diz Muniz. O pré-candidato tucano tem ainda o apoio dos deputados estaduais Gil Pereira (PP) e Arlen Santiago (PTB), também votados no Norte de Minas e com grande influência junto aos prefeitos.
Adversários No apoio a Antonio Anastasia, Ruy Muniz deverá ficar ao lado do atual prefeito de Montes Claros, Humberto Souto (PPS), seu adversário que o derrotou na eleição para a prefeitura em 2016. Ele afirma que não se incomoda com isso. “O voto é livre. O mais importante é todas as lideranças se unirem para eleger o Anastasia e recuperar Minas Gerais”, argumenta.
Por sua vez, o prefeito Humberto Souto argumenta que ainda não pode declarar apoio porque, “oficialmente”, o seu partido, o PPS, ainda não decidiu que caminho vai seguir na sucessão estadual. Porém, ele admite que sua “tendência pessoal” é acompanhar Antonio Anastasia. Quanto à possibilidade de vir a dividir espaço no palanque de rivais, como o ex-prefeito Ruy e a deputada federal Raquel Muniz, Souto argumenta: “Não tenho preocupação com isso. Eu, como prefeito, que sou a liderança. Então, os adversários é que estarão apoiando o meu candidato”.
Outra liderança norte-mineira, o ex-prefeito de Montes Claros e ex-deputado federal Jairo Ataíde (DEM) disse que não vai concorrer na eleição deste ano, mas quer trabalhar para o deputado federal Rodrigo Pachado, o pré-candidato a governador do seu partido. “Acho que o Rodrigo não tem ligações com a política do passado e conta todas as condições para governar o estado dentro de uma visão moderna”, opina Ataíde.
Olho nas regiões
A importância das lideranças regionais na sucessão estadual é enaltecida pelas direções do PT e do PSDB em Minas, que têm procurado promover encontros nas regiões para fortalecer suas campanhas para a eleição deste ano. “Os apoios a releição do governador Fernando Pimentel estão construídos em todas as regiões do estado. O Partido dos Trabalhadores tem realizado diversas atividades, encontros e reuniões por toda Minas Gerais no sentindo de estreitar ainda mais os laços com os movimentos populares, lideranças, apoiadores e com a população”, afirma a presidente estadual do PT, Cida Santos. O presidente estadual do PSDB, deputado federal Domingos Sávio, sustenta que o senador Antonio Anastasia angaria apoios das lideranças nas diferentes regiões porque durante as gestões tucanas, os municípios sempre tiveram um tratamento diferenciado. “O PSDB sempre compreendeu a importância dos municípios. Em nossas gestões a frente do governo do estado, todas as cidades mineiras foram atendidas, independente de questão partidária”, destacou Sávio.
