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Estado de Minas

Coluna do Baptista Almeida


postado em 21/02/2017 12:00 / atualizado em 21/02/2017 07:52



A Lava-Jato não vai fazer água


As águas já rolaram, mas mesmo assim o desfile aconteceu e foi logo depois da votação na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Calma, gente, o carnaval lá já começou, mas quem pôs o bloco nas ruas foram os manifestantes que protestavam contra a privatização da Companhia Estadual de Água e Esgoto (Cedae), que foi aprovada por 41 votos a 28. Um deputado não votou, deve ter ido ao bebedouro tomar uma aguinha na hora da votação.

Bem, já que a coluna é de política, melhor passar ao que interessa. “A corrupção gera uma corrida entre os partidos para o financiamento ilegal. E financiamento ilegal não é caixa 2. É um toma lá dá cá. Quem paga exige algo desses grupos políticos.” Uma primeira frase. Outra: “A corrupção está em todo o sistema político brasileiro, seja partido A, B ou C. Seja no governo federal, seja no governo estadual. Ela grassa em todos os governos. Isso vai ser revelado bem claramente quando os dados das colaborações e da leniência da Odebrecht forem divulgados”.

Tudo isso é para voltar ao início do texto. São frases do procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, prevendo que haverá um “tsunami” nas delações premiadas dos executivos da Odebrecht. Daí a marchinha de carnaval. Tsunami? As águas vão mesmo rolar, será um desfile de cassações de mandato. Será mesmo um tsunami? Improvável.

Melhor deixar o próprio procurador explicar: “O mensalão, que era muito menor, já foi um sacrifício. Imagine agora. Acho que vai ser uma armadilha”. Lembram-se do mensalão? Do Roberto Jefferson (PTB-RJ)? Do José Dirceu, o todo-poderoso que era ministro da Casa Civil no governo Lula? Do ex-presidente do PT José Genoíno, que ganhou indulto de Natal da ex-presidente Dilma Rousseff?

Se a lista do mensalão, grande desse jeito, cheia de figurões, é “muito menor”, o tsunami previsto pelo procurador Carlos Fernando vai inundar as cadeias e esvaziar os plenários diante da Operação Lava-Jato da Polícia Federal (PF) com o Ministério Público Federal (MPF).

A política brasileira vai fazer água. E não é só no sentido de os envolvidos darem com os burros n’água, é que os investigadores estão com “água na boca”, salivando para pôr na cadeia todo mundo que estiver envolvido.

Candidatura à vista
O ex-prefeito Marcio Lacerda teve sua primeira aparição em um evento público em Belo Horizonte após ter deixado a prefeitura, em 31 de dezembro. Ele marcou presença na solenidade de filiação do deputado federal George Hilton ao PSB (foto), partido presidido por Lacerda aqui em Minas. Presente ao evento, o presidente nacional da legenda, Carlos Siqueira, aproveitou a ocasião para lançar a candidatura de Lacerda a governador. George Hilton foi ministro dos Esportes de 2011 a 2015.

A outra conta:
“Mas pode ficar mais fácil se a incumbência for distribuída entre os senadores e deputados, já que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou que ‘o problema ficou difícil. Eu devolvo para os autores?’. Se não errei nas contas, são 89 senadores e 531 deputados federais. A soma dá 620. Incluindo os 10 ministros do STF nos levam a 630 ‘servidores públicos’, o que resultaria em pouco mais 3.020 ligações para cada um. Quanto ao tempo para isso, que pode ficar caro como você colocou, os digníssimos servidores do povo poderiam ignorar a sugestão da sua última nota ‘ler um livro aos domingos’ para cumprir com o seu dever cívico.” Em tempo: são na verdade 81 senadores e 513 deputados, o que pouco interfere no número final.

É só o começo
Como entre mortos e feridos salvaram-se todos, não dá para resistir. Aliás, melhor corrigir. É que por volta das 4h, houve um princípio de incêndio na sede da Polícia Federal (PF) em Curitiba, onde estão presos os executivos da Odebrecht. Diante da delação premiada na Operação Lava-Jato, o princípio de incêndio deve ser apenas o aviso. O que vai pegar fogo mesmo é a lista da corrupção dos nobres parlamentares, que já nem despistam mais a preocupação em depor ao juiz Sérgio Moro.

Contas do leitor
Escreve Ricardo Camargos: “Dileto Baptista, um tiro certeiro o editorial da sua coluna no último domingo (19/02/2017) no Estado de Minas: ‘Do Guinness Book ao olho das ruas’. É sobre a conferência de 2.028.263 assinaturas do projeto de iniciativa popular anticorrupção”. E faz duas contas: “Proponho devolver à presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia . Ela distribuiria a lista para os 10 ministros da casa. Resultaria em algo em torno de 203 mil telefonemas de confirmação como você propõe no editorial”.

O voto vai rolar
O carnaval já começou país afora. Bem, nem tanto, pelo menos no Senado. Se os tambores não falarem mais alto, hoje tem palanque, ops, plenário cheio no Senado. Pelo menos começa na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) a mais importante de todas, e continua no plenário. É a sabatina de Alexandre de Moraes, necessária para que ele possa assumir como ministro no Supremo Tribunal Federal (STF). E não é só. Tem também a repatriação de dinheiro, boa parte de propina e sonegação, de brasileiros no exterior, que não precisarão deixar claro a origem, e ainda a securitização das dívidas dos estados. Com um nome desses, securitização, deixa para lá.

PINGAFOGO

Em tempo, sobre as notas do leitor. No finalzinho, Ricardo acrescenta: “Mesmo pagando, acredito que os eleitores adorariam trocar umas palavrinhas, ou palavrões, com os seus representantes constitucionais”.

O ex-presidente e hoje senador Fernando Collor (PTC-AL), que a coluna citou que tinha escapado, porque o ministro Edson Fachin arquivou seu processo no Supremo Tribunal Federal (STF), nem teve tempo de comemorar.

Pode é piorar para o lado dele. Fachin mandou para o juiz Sérgio Moro a investigação em esquema na Petrobras Distribuidora. É a Operação Politeia. Bem, se for preso, Collor pode estudar Politeia, descrita por Platão como cidade grega onde a ética e a virtude imperam.

“Escoamento da supersafra impulsiona exportações de soja em janeiro.” É o título. O e-mail informa ainda: “A safra de verão deste ano deve ser recorde e os primeiros sinais já começam a ser sentidos no Porto de Paranaguá”.

É informação do governo do Paraná. Só uma dúvida: é “o escoamento da supersafra que impulsiona as exportações de soja”? O escoamento? Achei que tinha sido o plantio, o clima favorável e a alta demanda no mercado externo.

 


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