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Estado de Minas

'Não assumo a Prefeitura de BH sem pagar o IPTU', afirma Kalil

O candidato também disse que o prefeito Marcio Lacerda (PSB) entrou e vai sair devendo ISS e acusou o socialista de quebrar seu sigilo fiscal


postado em 19/10/2016 06:00 / atualizado em 19/10/2016 09:51

(foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press)
(foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press)

O ex-presidente do Atlétic, Alexandre Kalil candidato do PHS à Prefeitura de Belo Horizonte, garantiu ontem em entrevista ao Estado de Minas que não assume o comando do Executivo municipal sem pagar a dívida de IPTU com os cofres municipais. Em uma entrevista na qual não faltaram críticas a partidos e ao adversário na campanha, o deputado estadual João Leite (PSDB), o empresário disse que o atual prefeito Marcio Lacerda (PSB) é quem vai terminar os oito anos de mandato na PBH devendo ISS de suas empresas. E mais: Kalil acusou o prefeito de ter quebrado seu sigilo fiscal ilegalmente e o acusou de ter “caráter frouxo”. Na conversa, o estreante na administração pública que se apresenta como não político disse já ter maioria garantida na Câmara Municipal de BH para governar. Também afirmou que tem achado o meio político mais sujo que o do futebol. Em momentos de descontração, Kalil também falou ao EM sobre os votos que conseguiu dos cruzeirenses. Segundo ele, isso em nada muda o que disse no passado sobre o time, pois naquele momento falava na função que ocupava. Aos alvinegros, Kalil garantiu que mesmo que agora esteja às boas com os torcedores celestes, nada muda: “Posso virar veado, mas de time eu não mudo.”

O que mais chamou a atenção do senhor em BH durante a campanha?
O que mais me impressionou foi, sem demagogia, o abandono. Negativamente foi o abandono da saúde, o abandono de sonhos. Você vê a pista do Aeroporto da Pampulha e vê porco com lixão misturado com menino. Isso não é cena pra gente ver no Brasil do século 21, não. Positivamente, foi como eu pude conhecer gente generosa, gente que tem uma carne diferente, gente que realmente vive para os outros. Quando você vê um voluntário de uma creche, de um assentamento, o arquiteto e o urbanista trabalhando de graça, isso me impressionou positivamente. O voluntariado é muito maior do que eu achava e sempre atende as classes mais carentes.

Veja também a entrevista exclusiva no videochat do Portal Uai

No momento em que políticos são execrados pela opinião pública, a vitória de João Doria, em São Paulo, é inspiradora?
Não comparo a minha eleição com a do João Doria. Ele teve um grande cacique político atrás dele. A vitória dele é a vitória do Alckmin. É diferente. Se acontecer a minha vitória será de um pequeno grupo que acreditou em fazer uma coisa melhor. Então não tem nem termos de comparação.

Mas Doria representa o não político…
Ele representa a figura do não político escorado por uma gama de grandes partidos, com maior tempo de televisão no primeiro turno e com uma máquina partidária enorme atrás dele.  Não tem absolutamente nada a ver, nossa campanha foi de formiguinha.

Caso eleito, como vai ser seu relacionamento com a Câmara Municipal?
Está indo muito bem. Estão todos vindo até mim, estou conversando e garanto para vocês, pasmem, que, se eleito, já tenho maioria na Câmara. Eles também cansaram de ser coadjuvantes, cansaram de ser fantoches de dois ou três, estão ansiosos por uma política diferente. Ao contrário do que se pensava, eles estão ansiosos por uma nova política.

Qual vai ser sua política com a Câmara?
Fazer a maioria, respeitar a minoria, fazer a mesa diretora com situação e oposição, tratar com respeito, como deve ser feito.

O prefeito Marcio Lacerda não fez isso?
Lacerda nunca fez isso. É só perguntar. O Lacerda ficou na mão de dois ou três vereadores que tiveram comando absoluto do resto. Vereador tem voto, não tem coadjuvante nem estrela não. Todos são iguais, foram votados e querem participação, conversar com o prefeito, querem que suas obras sejam atendidas, é assim que vamos fazer. Todos estão vindo para nós.

Se já tem maioria na Câmara, o senhor está se saindo um bom político...
Político ou não político, esse papo acabou. Agora nós não queremos é a politicagem. Quero ser prefeito de BH e ir embora. Se eu quisesse me perpetuar eu ia tentar uma CBF. Depois que fui presidente do Atlético, nem vou lá. João Leite está tentando colar uma imagem em mim: quer botar estrela no meu peito, agora diz que eu sou um incapacitado e que ele é um grande administrador, fez grandes coisas pela cidade. Ele pôs R$ 60 mil na Santa Casa, não teve um projeto aprovado no ano passado. Tem que parar de pregar as coisas em mim, sou um cara simples, comum, quero fazer alguma coisa para a cidade. Qual a minha agressão?

A gente sabe que ser prefeito no Brasil é administrar problemas, principalmente num momento de extrema penúria econômica. O que o move?
Não sei o que me move porque não sei o que move um voluntário. O que me move provavelmente é o que me moveu a ser presidente do Atlético. Chegaram para mim e disseram: ‘você pode ir lá e ajudar, cara’. E quando resolvi eu falei: ‘não é que eu posso mesmo?’ Então, eu posso ajudar esta cidade. Quando meu primeiro esboço de programa de governo ficou pronto chamei o Cláudio Beato, que é um sociólogo, e perguntei: a saúde tem jeito? Ele falou que tem. Tem uma frase que eu queria que saísse na reportagem de amanhã. Foi minha primeira frase na Associação Médica, no debate: ‘Enquanto a Secretaria de Saúde for ambicionada loucamente por grandes partidos a saúde não tem solução. Porque não era para todo mundo ter esse desejo pela Secretaria de Saúde’.

O senhor já tem o secretário de saúde?
Já escolhi o secretário de Saúde.

O senhor vai trabalhar basicamente com técnicos em todas as áreas?
Claro. O da saúde é médico.

O da Segurança é um policial?
Não, um técnico.

Seria Cláudio Beato?
Não seria, mas, por exemplo: o Beato não é um policial. Existe em Minas autoridade em segurança pública igual a ele? Mas não é o Beato. Estou dizendo que é esse critério que vou usar, isso é definitivo, porque é o critério que usei no Atlético. Botei cada cara no lugar certo. Eu conheço gente. Claro que clube é diferente mas o princípio é o mesmo.

Lacerda foi eleito com esse discurso de que queria priorizar a gestão e colocar técnicos no seu governo. O senhor acha que ele falhou?
Ele entregou o transporte, a educação e a segurança para o PSDB. Isso é técnico?

Mas muitas vezes um técnico é indicado por um político. Os partidos que apoiaram o senhor podem querer apresentar nomes…
Os partidos que me apoiaram foram a Rede e o PV.


O senhor não aceita novos apoios?
Aceito e já peguei um monte.

O mundo da política é mais sujo que o mundo do futebol?
É, porque é muito interesse... por emprego e outras coisas, mas vai melhorar.

Entre os indecisos que o senhor precisa conquistar para virar o jogo tem certamente uma parcela de torcedores. Pensa em mandar algum recado aos cruzeirenses sobre o vídeo em que o senhor fala que iria destruir o time? Arrepende-se do que falou?
Não. Eu estava em uma função e exercendo bem essa função. Quis exercer minha função. Me arrependeria se tivesse feito mal a alguém e nunca fiz. Se estou hoje disputando a Prefeitura de BH é porque fiz um trabalho reconhecido. E, pasmem, quando caminho não são um dois ou cinco cruzeirenses que chegam perto de mim, não. São muitos. Lúcidos.

Tem receio de ferir o sentimento atleticano por pedir desculpa ou voto aos cruzeirenses?
Eu não tenho esse sentimento mesquinho. Sou atleticano. Meu coração é preto e branco, eu posso mudar até de sexo, posso virar veado, mas de time eu não mudo. Eles vão eleger ou não um prefeito atleticano apaixonado pelo Atlético. Quem for votar sabe que está votando em um homem que criou uma família, que é honrado, que tem mãos limpas, que entrou num clube que faturava R$ 30 milhões e entregou um clube faturando R$ 300 milhões, teve as contas aprovadas por unanimidade e nunca botou a mão em nenhum vintém. É nesse cara que as torcidas do Atlético e do Cruzeiro vão votar.

João Leite foi melhor como goleiro ou como deputado?
Como goleiro do Atlético, porque como deputado não sei nada que ele fez de relevante.

Outro assunto que tem incomodado bastante o senhor é a dívida do IPTU...
Não assumo a Prefeitura de BH sem pagar o IPTU. Agora, eu não jogo sujo. Na eleição de 2008, quando o Marcio Lacerda debateu com a Jô Moraes, as empresas dele deviam ISS e eu sabia desde o primeiro dia. Na hora que a Jô Moraes perguntou sobre a dívida dele de ISS na prefeitura, que está lá até hoje, ele respondeu que ela não tinha nível. Ele entrou devendo e vai sair devendo ISS. Hoje monta em R$ 1,5 milhão, na época era R$ 150 mil. Só que IPTU é sigilo fiscal. O Marcio Lacerda foi lá e quebrou meu sigilo fiscal. Eu não tive a oportunidade de falar isso, sabe por quê? Porque ele tem caráter frouxo, o Paulo Brant tem razão: o Lacerda tem caráter frouxo.

O senhor vai processar o Lacerda por ter quebrado o seu sigilo?
Não. Ele me processou né, porque chamei ele de corrupto. Foi arquivado.

No Atlético, o senhor diminuiu a estrutura. Já tem uma ideia de quanto vai enxugar o quadro da PBH?
Não, porque não sabemos nem o valor do orçamento da prefeitura e nem quantos cargos estão na mão dos políticos, não temos noção, ninguém sabe, só eles.

Essa é sua primeira e última campanha ou se eleito tentaria a reeleição?
Se eleito, provavelmente vou tentar a reeleição se eu for bem, porque se for uma merda de prefeito, quem é que vai querer?

Se o senhor pudesse escolher só um presente de Natal, qual seria? Eleger-se prefeito, o Atlético conquistar o título de campeão brasileiro ou o Cruzeiro ser rebaixado?
Ser eleito prefeito. Campeão brasileiro tem muita chance pela frente.

Assista ao videochat:


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