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Estado de Minas

Órfãos no 2º turno, eleitores do PT e do PSOL defendem voto nulo em Porto Alegre


postado em 11/10/2016 14:19

Porto Alegre, 11 - A derrota do PT e do PSOL na eleição à prefeitura de Porto Alegre provocou, entre eleitores desses partidos, um movimento de defesa do voto nulo no segundo turno. Muitos consideram que este é o único caminho a seguir diante de uma disputa entre Nelson Marchezan Júnior (PSDB) e Sebastião Melo (PMDB), e entendem que anular o voto no próximo dia 30 é uma oportunidade de protestar contra a futura administração municipal.

As manifestações a favor do voto nulo surgiram logo após a confirmação do resultado do primeiro turno, motivadas também pelo posicionamento de Raul Pont (PT), o terceiro colocado, e Luciana Genro (PSOL), a quinta colocada, que sinalizaram que não apoiariam nenhum dos candidatos que seguiram na disputa. Juntos, eles tiveram cerca de 203 mil votos, que equivalem a 28,4% dos votos válidos.

Nesta terça-feira, 11, à tarde, um grupo fará um ato no centro da cidade para disseminar a ideia do voto nulo. A manifestação foi convocada por três jovens pelo Facebook. Até o início da manhã desta terça, 4,6 mil pessoas tinham confirmado presença pela rede social. O texto que chama para o evento afirma que o segundo turno das eleições em Porto Alegre "não oferece nenhuma alternativa para aqueles que se interessam numa gerência social e democrática".

De acordo com os organizadores, o protesto é apartidário e tomou forma para dar voz àqueles que não se sentem representados pelo resultado das urnas. "A ideia é mostrar que quem chegar à prefeitura o fará com pouquíssimo apoio. Votar nulo é uma forma de resistir", disse Mikhael Bonfante, de 22 anos, um dos idealizadores.

Polarização

A polarização em Porto Alegre tem relação direta com a política nacional. Sebastião Melo, atual vice-prefeito da cidade, é do PMDB do presidente Michel Temer. E o PSDB do deputado federal Nelson Marchezan Júnior integra a base governista em Brasília.

Além de pregar o voto nulo, o ato desta terça-feira vai protestar contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que limita o crescimento dos gastos públicos - o texto foi aprovado em primeira turno na noite desta segunda-feira, 10, na Câmara dos Deputados.

Os organizadores da manifestação dizem que querem marcar "o maior número de votos nulos da história". Na prática, a capital gaúcha já viu no primeiro turno, assim como outras tantas cidades do País, uma diminuição dos votos válidos, num sinal de insatisfação popular com a classe política.

O somatório de nulos, brancos e abstenções chegou a 382,5 mil no dia 2 de outubro. O número, que representa 34,8% do eleitorado porto-alegrense, é maior do que o alcançado pelo primeiro colocado, Marchezan, que conseguiu 213,6 mil votos.

Para o ex-prefeito Raul Pont, os candidatos que estão no segundo turno representam um mesmo projeto político. Desta forma, os eleitores que não se identificam com este projeto se sentem órfãos. O PT governou Porto Alegre por 16 anos - entre 1989 e 2004. "Eles (Marchezan e Melo) são a mesma coisa, fazem parte do mesmo governo. Estão no municipal, no estadual, no federal. Em outras cidades não haverá o voto nulo. A situação de Porto Alegre é diferente", disse.

O PSDB integrava a administração municipal até o final do ano passado, quando decidiu lançar candidato próprio à eleição deste ano. Na esfera estadual, o partido faz parte do governo do peemedebista José Ivo Sartori. O mesmo ocorre no plano nacional, em que o PSDB compõe a base governista de Temer.

"O eleitorado mais fiel do PSOL sem dúvida vai anular. Mas eu não vejo que isso se desdobre num fenômeno político de grande significado, porque é um voto de impotência", afirmou Luciana Genro. "Não faço uma apologia ao voto nulo como uma saída para os eleitores de Porto Alegre. Simplesmente lamento que eu me sinta compelida a votar desta forma."

Para o cientista político Marcos Paulo dos Reis Quadros, existe uma tendência de aumento do voto nulo em Porto Alegre no segundo turno. "O protesto dos eleitores de esquerda é natural, principalmente daqueles mais doutrinários, que defendem de fato as bandeiras de partidos como o PT e o PSOL", avaliou. Segundo ele, este protesto vai se somar ao daqueles que, independente da orientação política, "estão desencantados e optam por não optar por ninguém".

Busca por votos

A disputa no primeiro turno em Porto Alegre terminou com 29,84% dos votos para Marchezan e 25,93% para Melo. Para vencer, ambos entendem que é necessário correr atrás dos votos tanto daqueles que escolheram outros candidatos no dia 2 de outubro como dos que abriram mão de votar em alguém.

O tucano tem um discurso centrado no combate à corrupção e na transparência da máquina pública. Ele se apresenta como uma alternativa de mudança e defende que hoje o eleitorado não está tão atrelado a um ou outro partido. "Os cidadãos estão muito angustiados com a situação atual. Querem um projeto que seja factível, que não faça mais do mesmo e dê resultado", disse Marchezan.

Melo acredita que o caminho passa por dialogar com todos os eleitores. "Além de disputar o voto de outras candidaturas, temos que trabalhar muito para sensibilizar quem não votou em nenhum candidato. Ele olha para a política, principalmente em Brasília, e diz: 'Ninguém me representa'. Ele passou uma régua em todo mundo", afirmou.


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