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Estado de Minas

Ministério Público quer tirar fazenda de sindicalista de Governador Valadares

Para promotores, propriedade foi adquirida com dinheiro de corrupção em Valadares


postado em 19/07/2016 06:00 / atualizado em 19/07/2016 07:33

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) requereu o sequestro da fazenda do presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Governador Valadares (Sinttro-GV), Jorge Ferreira, preso em junho, na quinta fase da Operação Mar de Lama, a força-tarefa que apura uma rede de corrupção envolvendo políticos e empresários no Vale do Rio Doce. Ele é acusado de forjar processos trabalhistas em prejuízo à própria categoria que representa, beneficiando a Valadarense, empresa que opera com exclusividade o transporte de passageiros no município.


O sindicalista ainda é suspeito de incentivar greves para pressionar a prefeitura a reajustar o preço das tarifas, prejudicando os usuários e beneficiando a concessionária. Os promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do MPMG querem que a fazenda, avaliada em R$ 2 milhões e situada no distrito de Chonim, seja usada como garantia em eventuais indenizações aos trabalhadores da categoria.


Jorge ganhou notoriedade ao ser flagrado recebendo maços de notas de R$ 100 e de R$ 50 do dono da Valadarense, Roberto Carvalho, também preso na Mar de Lama. Os vídeos foram gravados pelo próprio empresário e apreendidos pela Polícia Federal na terceira fase da operação, durante mandado de busca e apreensão num dos escritórios do transportador. Os investigadores encontraram indícios de que o sindicalista recebeu ao menos R$ 800 mil em propina.


O Gaeco considerou que a fazenda foi adquirida com dinheiro ilícito, pois Jorge não teria fonte de renda suficiente para adquiri-la só com o salário de rodoviário. O contracheque dele é de R$ 3,7 mil. Com esta renda, o sindicalista teria de trabalhar 22 anos e cinco meses, sem gastar um tostão do salário, para juntar os cerca de R$ 2 milhões em que a propriedade é avaliada.

Lavagem


“(A fazenda) é objeto de constantes lavagens de dinheiro praticadas por Jorge. (...) Ele dissimula a origem, a movimentação e a propriedade de bens adquiridos com recursos ilícitos, dando-lhes a aparência de licitude. (…) Ainda converte vários ativos ilícitos em lícitos, incluindo, aqui, a aquisição de cavalos de raça vencedores de diversos prêmios em concurso do gênero”, escreveu o promotor em denúncia ajuizada a que o Estado de Minas teve acesso. O sequestro do imóvel, justifica o promotor, é necessário “até como forma de ressarcir eventuais danos posteriormente identificados, incluindo-se aqueles já demonstrados e dos quais foram vítimas os trabalhadores do Sinttro-GV”. O pedido de constrição da propriedade foi encaminhado ao Judiciário por meio de um aditamento à denúncia, protocolada na semana passada, que defende a condenação de Jorge e de Roberto Carvalho.


A dupla pode ser condenada de 17 a 83 anos. Além deles, o MPMG denunciou o advogado do sindicato, Élcio Rocha, e Ana Paula Carvalho, filha do dono da Valadarense. Ela aparece num vídeo gravado pelo pai entregando dois pacotes com maços de R$ 100 ao empresário. O dinheiro foi parte da propina repassada ao sindicalista. Já o advogado é acusado de participar das negociatas para fraudar a Justiça do Trabalho.


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