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Estado de Minas

Especialistas criticam folga de deputados e senadores, que devem ficar fora de Brasília por 13 dias

Novo presidente da Câmara quer convocar votações para matérias importantes. Recesso custará R$ 327 milhões


postado em 17/07/2016 06:00 / atualizado em 17/07/2016 08:07

Entre temas à espera de decisão está a renegociação das dívidas dos estados(foto: Carlos Moura/CB/D.A Press)
Entre temas à espera de decisão está a renegociação das dívidas dos estados (foto: Carlos Moura/CB/D.A Press)
Brasília – Mesmo sem a atividade dos parlamentares, o “recesso branco” dos deputados e senadores entre os dias 18 e 29 de julho vai gerar custos aos cofres públicos. Para manter o Senado e a Câmara dos Deputados funcionando ao longo dessas duas semanas de  folga, serão gastos cerca de R$ 327 milhões. O cálculo leva em consideração os valores autorizados no Orçamento Geral da União. A previsão de gastos de ambas as Casas para todo o ano é de R$ 9,2 bilhões.

Os parlamentares saíram na sexta-feira para o “recesso branco”, chamado assim por não ser formal. Para cada dia haveria um custo superior a R$ 25 milhões, que foi multiplicado por 13 dias. Segundo a Constituição, os parlamentares têm direito ao recesso legislativo somente após a aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Mas o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), decidiu liberar a folga mesmo assim.

Devido aos dias sem trabalho, o processo de cassação do mandato do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ficará para agosto. O novo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que quer convocar um esforço concentrado de pelo menos dois dias por semana para votar matérias importantes para o governo. Estão na pauta, com urgência, duas medidas caras ao Palácio do Planalto: o projeto de renegociação da dívida dos estados e o que muda o regime de partilha do pré-sal.

Além desse período até agosto que ficará sem votações, antes mesmo de sair para o recesso, a Câmara passou 13 dias sem votar projetos devido à suspensão de sessões deliberativas por causa das festas juninas. O texto do relatório da LDO, de autoria do senador Wellington Fagundes (PR-MT), foi votado na quinta-feira na Comissão Mista do Orçamento (CMO).

DÉFICIT
Fundador da ONG Contas Abertas, Gil Castello Branco avalia como “inoportuno” o recesso branco. “A meu ver, afronta a Constituição saírem sem ter votado a LDO. Em segundo lugar, a saída se torna mais inoportuna em função do rombo atual das contas”, avalia Castello Branco. “Esse recesso se torna ainda mais grave se for considerada a situação atual do país, o rombo nas contas, a necessidade da aprovação do projeto do teto de gastos, da situação econômica, de um déficit previsto para este ano de R$ 170,5 bilhões e R$ 139 bilhões para o ano que vem”, continua. Castello Branco lembra ainda que a volta do recesso coincidirá com o período de campanha para as eleições municipais e a Olimpíada.

Cientista político, o professor da Pontifícia Universidade de São Paulo (PUC-SP) Rudá Ricci considera uma afronta à Constituição a saída para o recesso branco. Ricci foca sua crítica nos deputados do chamado “centrão”, composto por 13 partidos pequenos e médios que agregam parlamentares do “baixo clero”. “Estão se preocupando com a eleição municipal. Vão tirar férias para alimentar as bases eleitorais formadas por prefeitos e vereadores. O Brasil para eles não existe, o que existe é a base.”

Já o professor de Ciência Política da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo Rui Tavares Maluf diz que, se comparado a outros países, o recesso brasileiro não é muito grande. Ele aponta que a folga nos trabalhos pode ser uma pausa importante para que se aproxime do período do desfecho em relação ao impeachment da presidente afastada Dilma.


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