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Estado de Minas

Pressão do PT derruba ministro da Justiça

Acusado de não ter controle sobre a Polícia Federal, principalmente das investigações contra Lula, José Eduardo Cardozo pede demissão. Ele vai assumir a Advocacia-Geral da União


postado em 01/03/2016 06:00 / atualizado em 01/03/2016 07:15

José Eduardo Cardozo vinha dizendo que sua situação no ministério era insustentável diante das pressões do PT e de Lula (foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
José Eduardo Cardozo vinha dizendo que sua situação no ministério era insustentável diante das pressões do PT e de Lula (foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Depois de resistir por meses à forte pressão do PT, que queria vê-lo fora de uma das pastas mais importantes do governo da presidente Dilma Rousseff, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, decidiu deixar o cargo. Aliado de primeira hora da petista e um dos responsáveis pelo caminho que a levou ao Palácio do Planalto, ele perdeu a queda de braço com a legenda, mas não deixará a administração federal. Vai assumir a Advocacia-Geral da União, que, embora tenha um status inferior ao antigo posto, terá neste momento fundamental importância por cuidar da defesa do governo no processo de impeachment de Dilma que tramita na Câmara dos Deputados.

Cardozo era um dos coordenadores de campanha, com o falecido ex-presidente do PT José Eduardo Dutra e o ex-ministro Antônio Palocci, que acabaram recebendo o apelido de “três porquinhos” – foi fritado pelos petistas por deixar correr soltas as investigações contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele já havia manifestado o desejo de deixar o posto algumas vezes, mas sempre era convencido por Dilma Rousseff a ficar. Desta vez, ela aceitou a demissão.

A animosidade entre o ministro e o próprio partido piorou depois das recentes denúncias que envolvem um apartamento triplex no Guarujá e um sítio em Atibaia. O PT não era o inimigo mais poderoso de Cardozo. Antes mesmo de o cerco se fechar contra ele, o ex-presidente Lula já se queixava da atuação do desafeto, que, segundo ele, “não controla a Polícia Federal”. Lula chegou a trabalhar nos bastidores para trocá-lo pelo ex-ministro da Justiça do seu governo, Nelson Jobim. No sábado, durante o aniversário do PT em que disse ter deixado de ser o “Lulinha paz e amor”, o ex-presidente disse ter sido informado de que terá os sigilos bancário, fiscal e telefônico quebrados.

SEM PACIÊNCIA
Ao comunicar sua decisão a Dilma na noite de domingo, Cardozo teria dito que sua situação estava insustentável. A amigos mais próximos, teria confidenciado que perdeu a paciência diante das pressões dos petistas e, principalmente, de Lula. Nesse meio tempo, o antecessor de Dilma fez chegar à Presidência o recado de que era necessário trocar o ministro da Justiça. Na última semana, parlamentares foram ao Ministério da Justiça cobrar pessoalmente providências de Cardozo sobre os vazamentos das ações da Polícia Federal. Os deputados acusaram um descontrole na condução das investigações. Um deles chegou a dizer que se o ministro não tomasse providências, Lula acabaria sendo preso. Na visita, foi reforçado que a presença de Cardozo na festa do PT não era bem-vinda, assim como sua permanência no cargo. Na ocasião, o ministro teria respondido que é praticamente impossível identificar e impedir os vazamentos e que não se pode interferir no trabalho da PF.

Nessa segunda-feira (29), Dilma confirmou a saída de Cardoso e sua ida para a AGU para substituir Luiz Inácio Adams, que deixa o posto alegando motivos pessoais. Assumirá o lugar de Cardozo o ex-procurador-geral da Justiça da Bahia Wellington César Lima e Silva, indicado pelo ministro da Casa Civil Jaques Wagner. O governo aproveitou para anunciar também que o novo ministro-chefe da Controladoria-Geral da União será Luiz Navarro de Brito.


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