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Estado de Minas

Preso pela PF, presidente da OAS é suspeito de envolvimento em esquema de desvios de R$ 200 mi

Elmar Varjão foi preso na Operação Vidas Secas, que investiga o superfaturamento da transposição do Rio São Francisco


postado em 12/12/2015 07:00 / atualizado em 12/12/2015 08:00

Túnel escavado na rocha para a passagem de água do São Francisco: PF deflagrou a Operação Vidas Secas para investigar superfaturamento na obra(foto: Cadu Gomes / Agência PT)
Túnel escavado na rocha para a passagem de água do São Francisco: PF deflagrou a Operação Vidas Secas para investigar superfaturamento na obra (foto: Cadu Gomes / Agência PT)

O presidente da Construtora OAS, Elmar Varjão, foi preso na sexta durante a Operação Vidas Secas, da Polícia Federal, que investiga superfaturamento em obras da transposição do Rio São Francisco
. Esse é o segundo presidente da empreiteira preso pelos federais em menos de um ano. Varjão é sucessor de José Aldemário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, preso em novembro, na Operação Lava-Jato, por suspeita de envolvimento com desvios de recursos da Petrobras. Leo, que foi preso ao lado de outros três executivos da empresa, foi condenado a 16 anos e quatro meses de prisão.

Além de Varjão, a operação desencadeada na sexta, prendeu temporariamente outros três dirigentes da Coesa Engenharia, Barbosa Melo e Galvão Engenharia, que integram o consórcio de empresas responsável pelo trecho da transposição entre o agreste de Pernambuco até a Paraíba. As investigações, de responsabilidade da Polícia Federal, apuraram um sobrepreço de R$ 200 milhões em dois lotes da obra, que estava orçada em R$ 680 milhões.

A Galvão Engenharia também é alvo da Operação Lava-Jato. O presidente do grupo, Dário de Queiroz Galvão Filho, foi preso em março, e condenado a 13 anos e dois meses por associação criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro, em razão de superfaturamento em contratos com a Petrobras para pagamento de propina a políticos. Além de Dário, foram condenados outros dois executivos do Grupo Galvão. Apenas o irmão de Dário, Eduardo de Queiroz Galvão, foi absolvido.

Transferência De acordo com o delegado Marcelo Diniz, superintendente da PF em Pernambuco, o esquema usado na obra de transposição do Rio São Francisco foi o mesmo da Petrobras. Para a lavagem dos valores superfaturados foram usadas as empresas do doleiro Alberto Youssef e do operador Adir Assad. Entre elas, a MO Consultoria, de Youssef, e a Legend Engenheiros, que pertence a Assad. Os dois doleiros já estão presos em Curitiba, onde está o quartel-general responsável pela Lava-Jato. “Foi constatada a transferência, em determinado momento, de Galvão Engenharia no valor de R$ 586 mil para a JD Assessoria e Consultoria”, afirmou Marcelo Diniz. A JD pertence ao ex-ministro da Casa Civil do governo Lula, José Dirceu, que está preso em Curitiba.

Segundo a PF, a primeira fase da operação teve início no ano passado, a partir de relatórios técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Controladoria Geral da União (CGU). Neles, laudos apontavam indícios de superfaturamento nas obras de terraplanagem nos lotes 11 e 12 da transposição. Durante a apuração, a PF constatou que parte do dinheiro enviado pelo Ministério da Integração Nacional para uma conta única do consórcio ia para as empresas de fachada e a JD. “Essa análise financeira foi possível graças ao compartilhamento de provas da Operação Lava-Jato, devidamente autorizado pelo juiz Sérgio Moro, que nos permitiu fazer o cruzamento de dados”, explicou o superintendente.

Balanço Além das quatro prisões dos executivos, os federais cumpriram 24 mandados de busca e apreensão e quatro de condução coercitiva em Pernambuco, Goiás, Mato Grosso, Ceará, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia e Brasília. Uma casa que pertence a Varjão, em Alphaville, região nobre de Salvador (BA), também foi alvo de busca e apreensão. Nas diligências, os investigadores apreenderam computadores, mídias e documentos técnicos como mapas e boletins de medição.

Com a investida, a PF pretende reunir elementos que também comprovem irregularidades cometidas pela Ecoplan, responsável pela assessoria técnica da obra, e pelas empresas Concremat e Arcadis, que formam consórcio responsável pelo gerenciamento de todas as obras da transposição. “Suspeitamos que houve omissão por parte dessas outras empresas. Primeiro atuamos nos núcleos econômico e operacional”, disse o delegado Felipe Leal, que preside o inquérito. Ele acrescentou também que, desde ontem, investiga a possível ligação de servidores públicos e políticos no esquema. “Queremos saber se houve facilitação e para quem foi esse dinheiro afinal”, concluiu.

A obra de transposição do Rio São Francisco é tocada pelo governo federal e foi iniciada na gestão do ex-presidente Lula. Segundo o Ministério da Integração Nacional, responsável pela execução da obra, engloba a construção de quatro túneis, 14 aquedutos, nove estações de bombeamento e 27 reservatórios. Desde que foi retomada, ela se arrasta há oito anos. O projeto está orçado em R$ 8,2 bilhões. O governo calcula que a obra beneficiará uma população de 12 milhões de pessoas, em 390 municípios nos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, onde a estiagem ocorre frequentemente.


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