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Estado de Minas

Acusado de ser o mandante da Chacina de Unaí vai confessar crime, diz advogado

Cleber Lopes disse na manhã desta quinta-feira, pouco antes de começar o terceiro dia do julgamento de Norberto Mânica e José Alberto de Castro, que este último iria confessar, durante interrogatório da sessão, participação na morte de um dos fiscais do trabalho


postado em 29/10/2015 09:18 / atualizado em 03/11/2015 12:01

Segundo advogado, José Alberto de Castro, vai confessar participação na Chacina de Unaí
Segundo advogado, José Alberto de Castro, vai confessar participação na Chacina de Unaí
No terceiro dia do julgamento de dois dos quatro acusados pelo Ministério Público Federal de serem os mandantes da Chacina de Unaí - crime ocorrido na cidade do Noroeste de Minas em 2004-, o advogado Cleber Lopes disse que seu cliente, José Alberto de Castro, vai assumir que intermediou a contratação dos pistoleiros que assassinaram o fiscal Nelson José da Silva, um dos três fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego, morto juntamente com João Batista Lages e Erastótenes de Almeida Gonçalves, além do motorista Ailton Pereira de Oliveira, enquanto vistoriavam fazendas em Unaí, após denúncias de trabalho escravo na região.

O julgamento de José Alberto e Norberto Mânica, fazendeiro conhecido na região e apelidado de "Rei do Feijão', entra no terceiro dia consecutivo nesta quinta-feira, com previsão de término para esta sexta-feira (30). A sessão do tribunal do júri acontece na sede da Justiça Federal, em Belo Horizonte.

Ainda de acordo com o advogado Cleber Lopes, serão mostrados hoje vídeos anexados ao processo. O advogado disse que está provado nesses vídeos que seu cliente é culpado apenas de participação no assassinato de Nelson José da Silva. "Está evidenciado nos autos que não houve reunião nenhuma para fazer aumento da empreitada. Os executores ( pistoleiros contratados) mataram quatro pessoas quando era para matar uma ( no caso, o fiscal Nelson, conforme o advogado)", disse Cleber Lopes.

A entrevista do advogado aconteceu antes do início da sessão do terceiro dia do julgamento. A declaração da defesa de José Alberto representa a admissão de culpa de José Alberto, feita pela primeira vez. A pena prevista por homícidio é de 12 a 30 anos de prisão. Com a confissão do culpado, caso condenado, a punição poder ser diminuída em dois anos.

Julgamento

O julgamento desta quinta-feira já começou. A expectativa é que dure até as 18 horas de hoje. A previsão é que a defesa tenha três horas para argumentação. Mesmo tempo será disponibilizado para o promotor público.

Para a defesa, a palavra do empresário cerealista Hugo Alves Pimenta, que fez acordo de delação premiada com a Justiça em 2007, 'não vale nada'.  "Ontem (nessa quarta-feira), ele (Hugo) pediu retificação da delação cinco ou seis vezes", argumentou a defesa. Hugo aponta o fazendeiro Norberto Mãnica como a pessoa que mandou matar três fiscais do trabalho e um motorista.

Em um dos vídeos mostrados na manhã desta quinta-feira, durante o julgamento, o pistoleiro, identificado como Rogério, diz que recebeu R$ 6 mil pelo crime. Ele afirma também que nunca viu o intermediário do fazendo Norberto Mânica, mas soube que seu apelido era Zezinho.

A sessão foi interrompida por por meia hora em função de problemas técnicos no DVD. Retomado o julgamento com a exibição de vídeos, foram mostrados os réus José Alberto e Norberto Mãnica, em 2004, ano da chacina, negando qualquer participação nos assassinatos. Mânica chegou a afirmar naquele ano que só ficou sabendo do crime após uma sobrinha lhe contar por telefone. Também na gravação, Mânica diz que  ligou para Hugo para  saber o que tinha acontecido.

Advogado Lúcio Adolfo solicitou  ao juiz a liberação de Hugo Alves Pimenta, alegando que a presença dele no tribunal do júri não fazia sentido já que não haveria acareação com os réus julgados nesta quinta-feira.

O julgamento foi suspenso para o almoço, com previsão de retorno a partir das 13h15.

 

Aguarde mais informações


Entenda o caso

A Chacina de Unaí aconteceu em 28 de janeiro de 2004 e repercutiu mundialmente. Os auditores fiscais do Trabalho Erastótenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva e o motorista Ailton Pereira de Oliveira foram mortos a tiros enquanto faziam uma fiscalização de rotina na zona rural de Unaí.

A Polícia Federal (PF) pediu o indiciamento de nove pessoas por homicídio triplamente qualificado: os fazendeiros e irmãos Antério e Norberto Mânica, os empresários Hugo Alves Pimenta, José Alberto de Castro e Francisco Elder Pinheiro, além de Erinaldo de Vasconcelos Silva e Rogério Alan Rocha Rios, apontados como autores do crime, Willian Gomes de Miranda, suposto motorista da dupla de assassinos, e Humberto Ribeiro dos Santos, acusado de ajudar a apagar os registros da passagem dos pistoleiros pela cidade.

Um dos réus, o empresário Francisco Elder, morreu no último dia 7, aos 77 anos. Apesar do crime ter sido cometido em 2004, os três primeiros responsáveis pela chacina de Unaí só foram condenados em agosto de 2013. Erinaldo de Vasconcelos Silva recebeu pena de 76 anos e 20 dias por três homicídios triplamente qualificados e por formação de quadrilha, Rogério Alan Rocha Rios a 94 anos de prisão pelos mesmos crimes e William Gomes de Miranda a 56 anos de reclusão por homicídio triplamente qualificado.


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