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Estado de Minas

Acusado de extorsão, Cunha usa hoje cadeia nacional de rádio e televisão

Na véspera de pronunciamento em cadeia nacional e após dizer que analisa pedido de impeachment da presidente Dilma, Eduardo Cunha é surpreendido por denúncia de que pediu propina de US$ 5 milhões


postado em 17/07/2015 06:00 / atualizado em 17/07/2015 07:25

(foto: Arte/Quinho)
(foto: Arte/Quinho)
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), usa nesta sexta-feira a cadeia nacional de rádio e televisão como o responsável pelas principais derrotas do governo Dilma Rousseff (PT) no Congresso Nacional. O peemedebista só não contava que estaria nas manchetes do dia acusado de ter extorquido um consultor de empresas envolvidas na Operação Lava-Jato. Em nova delação feita nessa quinta-feira (16), o executivo Júlio Camargo disse que Cunha pediu propina de US$ 5 milhões em um contrato de navios-sonda da Petrobras. Pouco antes de a notícia vir a público, o peemedebista, que agora se dedica a negar a denúncia, dizia à imprensa estar analisando um pedido de impeachment contra a presidente da República e prometia a ela um segundo semestre ainda mais duro no que depender dos congressistas.

Na primeira citação ao presidente da Câmara, o consultor da Toyo-Setal disse ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba, que Eduardo Cunha teria lhe pedido a propina pessoalmente.  Segundo o delator, o peemedebista teria dito que comandava 260 deputados. Cunha teria pressionado Júlio Camargo em um encontro do qual também participou Fernando Soares, o Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB no esquema. A reunião teria sido marcada depois de pressão exercida na Câmara pelo deputado , à época líder do PMDB na Casa.

“O deputado Eduardo Cunha é conhecido como uma pessoa agressiva mas confesso que, comigo, foi extremamente amistoso dizendo que ele não tinha nada pessoal contra mim, mas que havia um débito meu com o Fernando (Fernando Baiano, suposto operador do PMDB no esquema da Petrobras) do qual ele era merecedor de US$ 5 milhões”, relatou Júlio Camargo. O dinheiro foi repassado pelo doleiro Alberto Youssef, já que, segundo Camargo, era preciso agilizar a operação e ele tinha a verba.

Cunha chamou o delator de mentiroso e o desafiou a provar o que disse. O deputado afirmou que as denúncias são inválidas porque foram feitas perante um juiz de primeira instância sobre um deputado federal, que só pode ser investigado no Supremo Tribunal Federal.

Cunha disse que o Palácio do Planalto e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, “podem estar por trás” da acusação. “Após ameaças publicadas em órgãos da imprensa, atribuídas ao procurador-geral da República, de anular a sua delação caso não mudasse a versão sobre mim, meus advogados protocolaram petição no STF alertando sobre isso”, disse, em nota. E finalizou: “É muito estranho, às vésperas da eleição do procurador-geral da República e de pronunciamento meu em rede nacional, que as ameaças ao delator tenham conseguido o efeito desejado por Janot, ou seja, obrigar o delator a mentir”.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) reagiu. Em nota,  destacou que não tem “ingerência” sobre o depoimento dado à Justiça Federal no Paraná.  “A PGR não tem qualquer ingerência sobre a pauta de audiências do Poder Judiciário, tampouco sobre o teor dos depoimentos prestados perante o juiz”, diz o texto.  

 O peemedebista enfrentou nessa quinta-feira também um protesto de deputados que o acusam de autoritário por causa das suas “pedaladas regimentais” para aprovar matérias rejeitadas anteriormente. Parlamentares do PT, PSB e Psol já ingressaram com duas ações no STF tentando reverter votações comandadas por ele. E nesta sexta-feira, se depender das redes sociais, ele será alvo de um panelaço durante seu pronunciamento. Mas disse não temer os protestos, que, segundo ele, virão apenas de petistas.

Mais cedo, Cunha havia dito que está aguardando pareceres jurídicos para decidir sobre um pedido de impeachment protocolado contra Dilma pelo Movimento Brasil Livre (MBL). Ele afirmou ainda que o julgamento das contas da presidente pelo Congresso será político e não técnico, como quer o Palácio do Planalto. Com isso, independentemente do que disser o Tribunal de Contas da União (TCU), os parlamentares podem aprovar ou rejeitar a gestão da petista. Cunha disse ser a primeira vez na história recente do país que um governo não tem maioria no Congresso e indicou que as coisas devem piorar para ela a partir de agosto.


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