O dia não é muito apropriado com o que acontece na Indonésia, mas é necessário destacar a execução orçamentária no Brasil. Tanto do governo federal quanto das estatais, para não estender para os estados e municípios, porque espaço não há. As denúncias de corrupção que jorram aos borbotões dos poços de petróleo da Petrobras dominam as manchetes do momento. E fazem os cidadãos e contribuintes brasileiros se esquecerem do que já ficou no passado.
Pouca gente deve se lembrar dos anões do Orçamento, liderados pelo então deputado João Alves, que sangravam os cofres públicos com a maior desfaçatez nos anos 1980 e início dos anos 1990. É, no século passado. E com um detalhe: quem denunciou o esquema de corrupção foi o economista José Carlos Alves dos Santos. E ele foi preso, mas como suspeito de matar a mulher. E decidiu, então, contar tudo o que sabia.
O escândalo da mensalão ainda está vivo na memória dos brasileiros, principalmente depois que o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) foi transmitido ao vivo e em cores pelas imagens geradas pela TV Justiça. E o que houve? Muitas condenações e punições discutíveis.
Líder do esquema dos mensaleiros, o ex-ministro José Dirceu já está no conforto de sua casa. Até viagens, devidamente autorizadas pela Justiça, ele já fez. Também cumpre prisão domiciliar o ex-presidente nacional do PT José Genoino (SP). O mensalão será logo esquecido, porque a Petrobras produz escândalos bilionários. É tanto dinheiro que os cidadãos de bem deste país acabam perdendo a conta. Está em curso a investigação e toda hora aparece um novo ataque aos cofres da estatal. Se era o mensalão, o petrolão parece um poço sem fundo.
Mas ainda resta uma esperança, a de que a impunidade no Brasil, em especial a que sempre marcou os corruptos, esteja a caminho de acabar de vez. E sem pena de morte, por favor.
Haja insistência
O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) não desiste, ao contrário, insiste. Voltou a apresentar projeto que estabelece novas regras para a criação de municípios no país, uma ideia que, na prática, só gera despesas, porque multiplica as estruturas de serviço público e obriga a contratação de funcionários, além de pagamentos a prefeitos, vice-prefeitos, vereadores, secretários e por aí vai. E tem um detalhe: a proposta que foi colocada no fim do ano passado é praticamente a mesma que a presidente Dilma Rousseff (PT) vetou integralmente. E duas vezes. Esta será a terceira tentativa.
Estratégia pepista
Quem informa é o primeiro vice-presidente estadual do PP, deputado Luiz Fernando. Além do incentivo ao presidente da Assembleia Legislativa, Dinis Pinheiro, e ao ex-governador Alberto Pinto Coelho para que disputem a Prefeitura de Belo Horizonte em 2016, o partido pretende estender os tentáculos para as cidades-polo. E quer lançar candidatos a prefeito em Juiz de Fora, Uberaba, Montes Claros e Governador Valadares. Para Uberlândia e Betim, já falam até em nomes: o deputado federal eleito Odelmo Leão e o ex-deputado Pinduca. Atualmente, o PP tem 65 prefeitos no estado.
Tática inédita
Candidato à presidência da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pode traçar uma estratégia que pode surpreender os adversários. Seria uma espécie de revolução dentro da disputa. Como só para o cargo de presidente não pode haver candidatos avulsos, Cunha pensa em montar uma chapa inteira composta por colegas dissidentes de partidos que não estão apoiando a sua candidatura. E que não são poucos em várias legendas. Ele distribuiria entre eles cargos na mesa e promete ajudar nas eleição para presidências de comissões técnicas.
Fogo amigo
A Câmara dos Deputados pode votar o fim do fator previdenciário, aquele que obriga as pessoas a se aposentarem mais tarde, mesmo tendo cumprido os prazos de quando entrou no mercado de trabalho. E até petistas são favoráveis. O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) , por exemplo, usa forte argumento: “Este atual fator foi feito de maneira injusta. Prioriza aqueles que retardam a entrada no mercado de trabalho em detrimento daqueles que entram muito cedo no mundo do trabalho, se aposentam mais cedo e têm maior prejuízo ao se aposentar. É evidente que o Brasil precisará de um novo fator previdenciário”. Só falta combinar com a equipe econômica da presidente Dilma.
Dupla nacionalidade
O que todo mundo suspeitava agora é sabido. Não é à toa que ele estava se desfazendo de seus bens. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró tem dupla nacionalidade e poderia escapar do Brasil usando um passaporte espanhol. Os promotores acusam Cerveró de ter omitido a sua cidadania espanhola. Se ela fosse italiana, quem sabe o ex-diretor da Petrobras não poderia dividir apartamento com Henrique Pizzolatto, que usou a dupla cidadania e se mandou para a Itália. E de lá, não volta, pode escrever.
PINGAFOGO
O governo de Fernando Pimentel (PT) deverá contar com uma base “flutuante” de cerca de 20 deputados de diversos partidos na Assembleia Legislativa. A desculpa é boa. Eles topam votar projetos de interesse da sociedade.
Na verdade, a história é se ‘hay gobierno, soy a favor’. Apesar de terem ficado do outro lado nas eleições do ano passado, querem pôr, pelo menos, um pezinho nas benesses governistas.
A qualidade dos grãos e a presença de impurezas devem constar das embalagens de café. É o que prevê projeto de lei do senador Antônio Aureliano (PSDB-MG).
Para se tornar realidade, a proposta de Antônio Aureliano precisa passar pela Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) do Senado. E será necessário indicar um novo relator na volta aos trabalhos no Senado.
Fiel apoiador nas últimas campanhas eleitorais do PT, o líder do Racionais MC, Mano Brown, parece estar desiludido com o partido. Em show ontem em Belo Horizonte, não poupou críticas. E chegou a gritar até um palavrão.
O mais curioso é que o público que lotou o Bailão Sertanejo em Venda Nova, que normalmente segue a mesma preferência política de seu ídolo, aplaudiu o desabafo feito no palco pelo rapper.
