
Brasília – A presidente Dilma Rousseff, que prometeu, em café da manhã com jornalistas na semana passada, concluir a equipe ministerial até ontem, fechou mais sete nomes de titulares da Esplanada, mas deixou os 15 restantes para serem confirmados ao longo dos últimos dois dias do ano. Foram anunciados ontem os novos ministros dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues (PR); Integração Nacional, Gilberto Occhi (PP); Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto (PT); Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias (PT); Relações Institucionais, Pepe Vargas (PT); Comunicações, Ricardo Berzoini (PT); e Previdência Social, Carlos Gabas (PT).
A lista não trouxe surpresas. A presidente acatou as indicações feitas por PP e PR – Gilberto Occhi e Antônio Carlos Rodrigues, respectivamente. No primeiro caso, os pepistas optaram por um técnico, pela dificuldade em escolher um nome do Nordeste para ocupar a pasta. Ficaram com Occhi, filiado ao partido, mas com carreira ligada à Caixa Econômica Federal.
Já o PR conseguiu dobrar as resistências do Planalto ao fato de que Rodrigues é próximo de Valdemar Costa Neto, condenado no julgamento do mensalão. Pesou a proximidade do novo ministro com o PT. Ele é suplente de Marta Suplicy (PT-SP) no Senado, levou o PR a apoiar a candidatura de Alexandre Padilha (PT) ao governo de São Paulo e defendeu a aliança com Dilma no plano nacional.
A presidente manteve a disposição original de confrontar a principal tendência petista e nomear Pepe Vargas para a Secretaria de Relações Institucionais, deslocando Ricardo Berzoini para o Ministério das Comunicações. O núcleo de poder palaciano passa a ser formado por petistas mais próximos a Dilma do que a Lula, o que desagradou ao próprio ex-presidente. Formado em medicina, Pepe foi prefeito de Caxias do Sul (RS).
Dilma ainda confirmou Carlos Gabas como ministro da Previdência, após longa militância como número dois na pasta. Muito próximo à presidente – tanto que ambos já deram voltas de moto, sozinhos, pela noite brasiliense –, Gabas sempre foi encarado como o “espião petista” nas gestões do PMDB na Previdência. Agora, foi galgado ao posto principal. Dilma trouxe de volta a Brasília Patrus Ananias, depois da longa gestão no Ministério do Desenvolvimento Social, onde foi responsável por lançar e consolidar o Bolsa-Família.
Na Secretaria-Geral, Dilma escolheu o petista Miguel Rossetto, que coordenou a campanha à reeleição da presidente. Para exercer a função, ele se licenciou do Ministério do Desenvolvimento Agrário – o qual chefiou também no governo Lula – e retornou em outubro. Formado em ciências sociais, Rossetto, de 54 anos, foi vice-governador do Rio Grande do Sul. A pasta deixada por Rossetto fica com Patrus Ananias (PT).
INDEFINIÇÃO Restam algumas dúvidas na conclusão da reforma, prevista para ocorrer entre hoje e amanhã. No pacote confirmado ontem, não ficou claro se Berzoini agregará a verba de publicidade do governo, o que esvaziaria a necessidade de um ministro para a Secretaria de Comunicação.
Na pasta da Cultura, por exemplo, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, quer emplacar o jornalista e escritor Fernando Morais, mas parte da legenda defende Juca Ferreira. Com a saída do Ministério da Defesa, há especulações sobre o retorno de Celso Amorim para as Relações Exteriores. Mas, para isso, o segundo mandato de Dilma precisará ter uma visão de política externa muito distinta da atual.
O PT mantém a implicância com a possibilidade de permanência de Ideli Salvatti na Secretaria de Direitos Humanos. A ala gaúcha do partido defende o retorno de Maria do Rosário, especialmente após os ataques sofridos por ela por parte do deputado Jair Bolsonaro. Mas aliados da presidente acham difícil, uma vez que há dois petistas do Rio Grande do Sul – Rossetto e Pepe – no Palácio do Planalto. Uma provável definição diz respeito ao Ministério do Trabalho. Ontem, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, confirmou a permanência de Manoel Dias na pasta.

