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Estado de Minas

Comissão da Verdade ajuda a desvendar Massacre de Ipatinga

A maioria das testemunhas conta que mais de 30 operários foram assassinados a tiros na porta da Usiminas em Ipatinga, no Vale do Aço


postado em 11/12/2014 06:00 / atualizado em 11/12/2014 07:37

Após mais de 50 anos, corpos de operários mortos em confronto com a polícia ainda estão desaparecidos(foto: Hilton Rocha/EM - outubro d/63)
Após mais de 50 anos, corpos de operários mortos em confronto com a polícia ainda estão desaparecidos (foto: Hilton Rocha/EM - outubro d/63)

O mistério sobre o desaparecimento de operários no episódio que ficou conhecido como o Massacre de Ipatinga começou a ser desvendado com depoimentos divulgados no relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV). Segundo versão oficial da Polícia Militar, foram oito mortos no confronto entre os funcionários da Usiminas – na época empresa estatal – e policiais. A maioria das testemunhas, no entanto, afirmou que mais de 30 operários foram assassinados a tiros na porta da empresa em Ipatinga, no Vale do Aço, em Minas Gerais, e muitos corpos continuam desaparecidos há mais de quatro décadas. O relatório da CNV traz três nomes de vítimas desaparecidas que não estavam na lista oficial.

Relatos colhidos pela comissão apontam que os três operários podem ser identificados como vítimas da ação truculenta da PM em um episódio que aconteceu poucos meses antes do golpe militar e já apontava a política dura do regime contra seus críticos. Em depoimento à CNV, Aloísio Souza de Jesus, filho de Gesulino França Souza, desaparecido há mais de 40 anos, conta que só ficou sabendo do massacre no interior mineiro em 2005, quando saiu à procura de informações sobre seu pai. Após pesquisas, encontrou na Bahia duas testemunhas da morte de seu pai. Ele ouviu histórias sobre Gesulino ter sido executado por um policial militar durante uma confusão entre funcionários da Usiminas e a PM, em Ipatinga. O corpo dele nunca foi encontrado e seu nome não fazia parte da lista oficial de mortos no massacre. Outros desaparecidos que podem ter sido identificados no relatório são os operários João Flávio Neto e Fábio Rodrigues de Souza.

Antes mesmo do início da ditadura, os operários do setor metalúrgico no interior mineiro viviam na pele a realidade de repressão por parte de autoridades policiais e difíceis condições de trabalho. Em 6 de outubro de 1963, ao final da jornada de trabalho, a determinação de revistas na saída da empresa acirrou os ânimos entre os operários. Segundo relatos de funcionários e moradores vizinhos à empresa, a polícia foi chamada para garantir que não aconteceriam tumultos, mas a ação truculenta acabou deixando o clima ainda mais tenso. Um grupo chegou a ser espancado e foi preso. A notícia circulou entre os trabalhadores e, no dia seguinte, cerca de 3 mil operários foram até os portões da Usiminas pedindo a retirada da polícia. No final da manhã, quando a PM iria se retirar, começou o conflito. Os policiais, armados de metralhadoras, dispararam contra os operários, resultando na morte de vários trabalhadores. O saldo trágico é incerto, com estimativas de 30 mortos.


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