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Estado de Minas

Sob argumento de que colaborou com investigações, Youssef quer suspensão de processos

Delação premiada poderá ser usada para redução das penas


postado em 29/11/2014 06:00 / atualizado em 29/11/2014 07:04

Brasília – Por julgar que colaborou de forma fundamental para a Operação Lava a Jato, que investiga corrupção na Petrobras,  inclusive em ação que prendeu executivos de empreiteiras, o doleiro Alberto Youssef pediu à Justiça que sejam suspensos os processos a que responde por lavagem de dinheiro. O objetivo é ganhar tempo para que seja homologada sua delação premiada, que poderá reduzir a pena.

O primeiro pedido foi feito na ação em que é acusado de enviar recursos ilegalmente para o exterior pelo laboratório Labogen. Um de seus advogados, Tracy Reinald, disse que logo serão feitos pedidos de suspensão em outros processos, como o que responde por ter operado desvios de dinheiro da Petrobras por meio da fornecedora de tubos Sanko Sider e da construtora Camargo Corrêa.

O advogado mencionou à Justiça decisão do próprio juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal, que suspendeu o andamento de processos do doleiro referentes ao caso Banestado, do início da década passada. Os processos haviam sido reabertos depois que foi constatado que Youssef descumpriu acordo de delação premiada de 10 anos atrás ao voltar a operar no mercado ilegal de câmbio. Com a nova delação premiada, Moro suspendeu o processo mais uma vez.

Além disso, no início da semana, Tracy e a equipe de advogados do doleiro argumentaram a importância da ajuda do doleiro na Operação Juízo Final, que prendeu executivos de empreiteiras e o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, ligado ao PT. “Essa sétima fase não seria possível sem a colaboração do Alberto Youssef”, argumentou Tracy.

COSTA Na tarde de ontem, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa depôs por cerca de duas horas e meia em sua casa, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, perante a promotora do Ministério Público estadual Gláucia Santana. Ela queria ouvi-lo para instruir duas investigações.

Numa, a promotora apura se o presidente licenciado da Transpetro, o ex-senador Sérgio Machado, do PMDB, teve evolução patrimonial incompatível com sua renda. Paulo Roberto disse ter recebido dele R$ 500 mil em propinas para ajudá-lo na contratação de “alguns navios”. Noutra investigação, Gláucia apura se houve superfaturamento na ampliação do Cenpes, um centro de pesquisas da Petrobras. A obra foi feita por várias empreiteiras, entre elas a Andrade Gutierrez, considerada por Paulo Roberto integrante do cartel de construtoras que superfaturava preços e combinava resultados em licitações.

Na semana que vem, a força-tarefa de procuradores da Lava a Jato deve começar a analisar informações obtidas na Suíça. Os principais objetivos da missão eram acelerar a repatriação de US$ 26 milhões de Paulo Roberto, cuja maior parte ele diz ter recebido da Odebrecht sob forma de propinas, e checar a existência de outras contas secretas no país, como do ex-diretor de Serviços Renato Duque e do lobista Fernando Baiano.

Assessores do Ministério Público não esclareceram se os procuradores Deltan Dallgnol e Orlando Martello vão trazer documentos obtidos na Suíça ou apenas a informação da existência deles. Nesse segundo caso, o papel dos investigadores é esperar a liberação oficial dos papéis e usar esse conhecimento para orientar diligências e saber quando testemunhas mentem.

Ainda ontem, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, foi aplaudido de pé durante o encontro do Diretório Nacional do partido, que está sendo realizado em Fortaleza, com a presença da presidente Dilma Rousseff. Ele fez um breve discurso, defendendo-se das acusações levantadas pela Lava a Jato, segundo as quais ele seria o operador do PT no esquema de cobrança de propinas na Petrobras. “Nunca fiz nada de errado”, disse. O petista também reclamou a correligionários que estaria sendo vítima de uma injustiça e disse que as doações captadas por ele para o partido eram todas legais.

NEGROMONTE
Outro investigado pela Operação Lava a Jato, Adarico Negromonte Filho deixou a carceragem da Polícia Federal em Curitiba ontem, depois que a Justiça revogou sua prisão. Acompanhado de advogados, ele saiu da Superintendência da PF por volta das 19h sem falar com a imprensa. Ele é investigado por suspeita de transportar dinheiro de propina para agentes políticos e partidos.

A revogação da prisão foi determinada pelo juiz federal Sergio Moro, mesma data em que venceria a prisão temporária. Na decisão, Moro cita um parecer do Ministério Público Federal recomendando a soltura, com restrições. Negromonte terá cinco dias para entregar seu passaporte e está proibido de deixar o Brasil. Também não poderá mudar de endereço sem autorização da Justiça e terá ainda de comparecer a todos os atos do processo.

Segundo Moro, a decisão de revogar a prisão foi baseada em informações colhidas pela investigação de que Negromonte seria apenas um emissário de Youssef, com papel de “caráter subordinado”. “Muito embora haja prova, em cognição sumária, de que Adarico Negromonte Filho teria participado do grupo criminoso dirigido por Alberto Youssef dedicado à lavagem de dinheiro e ao pagamento de propina a agentes públicos, forçoso reconhecer que o papel era de caratér subordinado, encarregando-se de transportar e distribuir dinheiro aos beneficiários dos pagamentos", afirmou o juiz no despacho. Negromonte se entregou no dia 24. Ele é irmão do ex-ministro das Cidades Mário Negromonte (PP-BA).

 


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