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Estado de Minas

Desde a época da faculdade, o neto de Arraes sabia que seguiria os passos do avô


postado em 14/08/2014 06:00 / atualizado em 14/08/2014 07:01

(foto: Elza Fiuza/Arquivo Agência Brasil/Divulgação )
(foto: Elza Fiuza/Arquivo Agência Brasil/Divulgação )

Nascido em 10 de agosto de 1965, em Recife, Eduardo Henrique Accioly Campos foi colhido pela morte pouco depois de completar 49 anos, no mesmo dia em que, há nove anos, morreu o seu avô, Miguel Arraes, três vezes governador de Pernambuco, deputado estadual e deputado federal. Um político de esquerda, que viu o Palácio das Princesas cercado pelas tropas do IV Exército no dia seguinte ao golpe militar de 31 de março de 1964. Então no comando do estado, forçara usineiros e donos de engenho a estender o pagamento do salário mínimo aos trabalhadores rurais, dando forte apoio à criação de sindicatos, associações comunitárias e às ligas camponesas. Exilado durante os anos de chumbo, Miguel Arraes retornou ao Brasil em 1979, com a anistia. Foi quando conheceu o neto, filho de Ana Arraes com o genro Maximiano Campos. Eduardo tinha, então, 14 anos.

Três anos depois do reencontro com o avô, o rapaz ingressaria na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no curso de economia. Foi aí onde Eduardo Campos começou a militância, dirigindo o diretório acadêmico. Envolvido com a política, recusou o convite para cursar mestrado nos Estados Unidos quando se formou, em 1987. Preferiu assumir a chefia de gabinete de Miguel Arraes, então governador do estado.

Naquela época, Eduardo Campos já estava apaixonado por Renata, sobrinha de Ariano Suassuna, a quem conhecera na casa daquele que considerava um “segundo pai”. Ele tinha 8 anos e ela, 6, e eram amigos. Aos 15, Eduardo e Renata tornaram-se namorados. Vizinho de frente de Miguel Arraes, Suassuna declarou, este ano, três meses antes de morrer: “Minha sintonia com o governador Eduardo Campos não vem somente do discurso, certo? Essas são algumas coisas que me fazem ficar ao lado dele. Ele é a grande esperança. Getúlio, Jânio, Juscelino e Lula da Silva, para mim, foram os melhores presidentes que o Brasil já teve. Se Eduardo Campos fizer pelo Brasil metade do que ele fez em Pernambuco, vai ganhar de todos os quatro”.

Da chefia de gabinete do avô, quando ambos estavam filiados ao PMDB, à conquista das urnas, foi um passo. Em 1990, sempre com Miguel Arraes, Campos deixou o barco peemedebista e filiou-se ao PSB, legenda que passou a ser controlada por Arraes, em Pernambuco. Foi no novo partido que Eduardo Campos elegeu-se deputado estadual. Em 1994, elegeu-se deputado federal, tendo Recife como base eleitoral. Foi o mais votado de Pernambuco, obtendo 133.347 votos. Iniciou o mandato no ano seguinte, mas licenciou-se para assumir a Secretaria de Estado de Fazenda, na terceira gestão de Miguel Arraes como governador.

TÍTULOS Nesse tempo, Eduardo Campos viu-se envolvido na denominada “CPI dos Precatórios”, instalada no Senado Federal para investigar a emissão irregular de títulos por estados e municípios, a pretexto de pagamento de dívidas judiciais. Levantamento do Tribunal de Contas do Estado (TCE) dava conta de que Pernambuco havia lançado 480 mil títulos e arrecadado R$ 402 milhões à época, aplicando os recursos obtidos no mercado de capitais. Convocado a depor no Congresso Nacional em março de 1997, Eduardo Campos admitiu ter utilizado o dinheiro para saldar dívidas. Confirmou também que o Banco Vetor havia sido contratado sem licitação prévia para gerenciar a operação. Negou, contudo, a existência de irregularidades no processo, uma vez que a lei que autorizava o uso do saldo obtivera a sanção do próprio Senado. As investigações foram encerradas em julho de 1997.

Eduardo Campos reassumiu o mandato de deputado federal em abril de 1998. Candidato à reeleição nas eleições gerais de outubro daquele ano, voltou a liderar a votação do estado, desta vez, com 173.600 votos. O socialista apoiou, em 2002, a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de quem foi ministro da Ciência e Tecnologia no primeiro mandato. Deixou o cargo em 2005, pretendendo disputar o governo de Pernambuco. Naquele mesmo ano, assumiu a presidência nacional do PSB, mantendo, desde então, o controle da legenda no país. Eduardo Campos conquistou o governo em 2006 – mantendo o apoio à reeleição de Lula – e, em 2010, quando apoiou Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República, foi novamente eleito ao governo de Pernambuco, com 83% dos votos válidos, um recorde percentual na história das eleições dos estados brasileiros.

Presidência Decidido a disputar a Presidência da República este ano, Eduardo Campos rompeu a aliança com o PT em setembro do ano passado, declarando que o seu partido deixaria os cargos no governo federal para “ficar à vontade” para “debater” o Brasil. O PSB teve, no governo Dilma, dois postos de primeiro escalão: o Ministério da Integração Nacional e a Secretaria de Portos. A partir daí, Eduardo Campos começou a trabalhar estrategicamente os apoiamentos políticos para concorrer. Viu, no fato de Marina Silva não ter conseguido viabilizar o seu partido político, a Rede Sustentabilidade,  em tempo hábil para disputar a eleição presidencial, uma oportunidade para fazer crescer a sua candidatura. Convidou a ex-petista, também ex-ministra no primeiro mandato do governo Lula, para compor a sua chapa como vice.

Ao conceder a sua última entrevista ontem, ao Jornal Nacional, Eduardo Campos defendeu o fim dos cargos vitalícios em órgãos da Justiça e em outros órgãos. Ele disse ser favorável a processos de escolha, que chamou de “de caráter mais impessoal”, depois de uma sequência de perguntas relacionadas ao fato de ter apoiado a indicação de sua mãe, Ana Arraes, para o Tribunal de Contas da União (TCU) – e de dois de seus parentes para o Tribunal de Contas do Estado (TCE) de Pernambuco, estado que governou. Esses dois tribunais são órgãos que auxiliam o Poder Legislativo na fiscalização do Executivo. “Na hora em que ela saiu candidata, com apoio do meu partido, se fosse outra pessoa, eu teria apoiado. Por que não apoiaria ela, que tinha todos os predicados? E ela tem feito um trabalho no Tribunal de Contas que tem o reconhecimento, inclusive do corpo técnico do tribunal”, declarou.

PROMESSAS Eduardo Campos foi também questionado sobre a compatibilidade entre as promessas que fez na área social (escola em tempo integral, passe livre para estudantes, aumento do investimento em segurança e saúde) na área econômica, de levar a inflação ao centro da meta (4,5%) no primeiro ano de governo, e a 3% até o fim do mandato. “É possível, sim. Estamos fazendo contas, para, com planejamento, em quatro anos, trazer a inflação para o centro da meta, fazer o Brasil voltar a crescer”, declarou.

Eduardo Campos e Renata Campos, que é economista e auditora licenciada do Tribunal de Contas de Pernambuco, tiveram cinco filhos – Maria Eduarda, João Henrique, Pedro Henrique, José Henrique e Miguel, nascido este ano.

 

 

 

Trajetória política

* 1987 – Chefe de gabinete do então governador de Pernambuco, Miguel Arraes

* 1990 – Filia-se ao PSB e candidata-se a deputado estadual

* 1994 – Eleito deputado federal

* 1995 – Licencia-se do cargo de deputado federal para assumir a Secretaria de Estado de Fazenda em Pernambuco

* 1995 a 1998 – Secretário de Fazenda de Pernambuco

* 1999 a 2006 – Deputado federal (licencia-se em

* 2004 para assumir cargo no governo federal; renuncia em 2006 para assumir o governo)

* 2004 a 2005 – Ministro de Ciência e Tecnologia no governo Lula

* 2005 – Presidente nacional do PSB

* 2007 a 2013 – Governador de Pernambuco

* 2014 – Candidato à Presidência pelo PSB
 

 


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