São Paulo - A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) promete divulgar nesta quinta-feira um vídeo em que deputados da bancada ruralista aparecem estimulando produtores rurais a organizarem a defesa de suas propriedades e atacam Gilberto Carvalho, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República. A entidade adiantou que, por causa dessas "ações orquestradas" visando índios, quilombolas e sem-terra, vão também tomar providências contra os deputados por incitação à violência. “Estão estimulando as pessoas a matarem nosso povo”, justificou Otoniel Ricardo Guarani Kaiowá, da Apib.
Um dos oradores foi Luiz Carlos Heinze (PP-RS), da Frente Parlamentar Agropecuária. Ele diz: “O Gilberto Carvalho também é ministro da presidente Dilma. E é ali que estão aninhados quilombolas, índios, gays, lésbicas, tudo que não presta.”
Para Heinze, as autoridades se omitem em relação à defesa da propriedade. Ele diz que fazendeiros do Pará estão contratando serviços de segurança privada. E aconselha à plateia: “Façam a defesa como o Pará está fazendo”. Outra fala destacada no vídeo foi a de Alceu Moreira (PMDB-RS). Ele também critica o ministro: “Por que de uma hora para outra tem que demarcar terras de índios e quilombolas? O chefe dessa vigarice orquestrada está na antessala da presidente da República e o nome dele é Gilberto Carvalho.”
Moreira também fala da defesa da propriedade: “Não vamos incitar a guerra, mas lhes digo: se fartem de guerreiros e não deixem um vigarista desses dar um passo na sua propriedade.”
Após a divulgação do vídeo, Heinze admitiu que “se excedeu” ao falar de gays, lésbicas, índios e quilombolas como “tudo o que não presta”. “Essa questão dos gays eu não tenho nada contra (...) Com relação a eles eu retiro (o que disse)”. E Moreira alegou que os trechos foram pinçados de uma longa fala sobre demarcação de terras e estão fora de contexto. “Estávamos reunidos com produtores cujas propriedades tinham sido invadidas”. (Com Agência Estado)