O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), não conseguiu apoio dos vereadores da base aliada para votar os projetos de sua autoria que estavam na pauta da Câmara Municipal na segunda. Coube ao líder de governo, vereador Preto (DEM), ir à tribuna e dar uma bronca nos colegas: “Nós somos base ou fingimos ser base? Nós temos que ter responsabilidade com o governo”, disse. O excesso de propostas da prefeitura na ordem do dia – oito contra duas de vereadores – foi o motivo da insatisfação dos parlamentares com o Executivo, que quer aprovar ainda este ano as suas 29 matérias que tramitam na Casa. Os vereadores reclamam que o prefeito deixou as mais polêmicas para passar sem discussão no fim do ano.
Lacerda arrumou briga nessa segunda-feira, principalmente, com os nove vereadores do Barreiro, ao incluir na pauta o projeto que prevê a Operação Urbana Consorciada da região. A matéria propõe um aumento do adensamento populacional e permite a construção de prédios mais altos em uma área aproximada de 3,8 quilômetros quadrados no entorno da Estação BHBus na Avenida Afonso Vaz de Melo.
O vereador Juliano Lopes (SDD) observou que eles não poderiam votar a proposta antes da audiência pública sobre o tema, que acontece hoje à noite. Ronaldo Gontijo (PPS), que também tem base eleitoral no Barreiro, defendeu que a proposta tem de ser mais bem discutida com os moradores. Na pauta de ontem estava ainda o texto que institui a operação urbana para adensamento do Bairro Capitão Eduardo, Região Nordeste, e a que define a contratação de um empréstimo de R$ 100 milhões para obras de infraestrutura.
O líder de governo está tendo de correr contra o tempo. Enquanto nessa segunda-feira ele negociava com os vereadores da base, nas duas últimas semanas foram os parlamentares da oposição que deram trabalho ao Executivo. Durante cinco reuniões, os seis vereadores do PT, além de Gilson Reis (PCdoB), travaram os trabalhos na Casa. Eles só pararam de obstruir a pauta depois de um acordo com a prefeitura de não colocar na ordem do dia o projeto da operação urbana consorciada Nova BH, que permite o adensamento em uma área de 25 quilômetros quadrados do município até o fim da Conferência Municipal de Política Urbana, prevista para o primeiro semestre do ano que vem.
DIFICULDADES Não é de hoje que o prefeito tem dificuldades com sua base na Câmara. Dos 41 vereadores, Lacerda não teria mais do que 18 fiéis a ele. O número mínimo de votos para a aprovação de textos que criam leis ou as alteram é de 21 ou 28, dependendo da proposição. A situação piorou devido às mudanças partidárias. O prefeito perdeu dois aliados. Um deles, o vereador Dr. Nilton, deixou o PSB e se filiou ao PROS devido a divergências com Lacerda, que culminaram nas articulações do projeto de reajuste dos servidores municipais. Juninho Los Hermanos e Dr. Sandro também foram para o PROS. O primeiro saiu do PRB, que era da base governista, e o segundo do PCdoB, que é oposição. “A base do prefeito Marcio Lacerda é inconsistente”, disse um vereador governista.