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Estado de Minas

Lula, Dilma e PT baixam o tom sobre prisões dos condenados no processo do mensalão

Reação do partido e de seus principais nomes à prisão de petistas condenados foi comedida para evitar conflitos com o STF. Risco à saúde de Genoino foi ponto central das declarações


postado em 19/11/2013 06:00 / atualizado em 19/11/2013 07:25

Lula, em evento em SP:
Lula, em evento em SP: "Vou esperar o julgamento total (do mensalão), que eu tenho muita coisa para comentar" (foto: thiago bernardes/frame/estadão conteúdo)
Apesar da intensa movimentação da militância petista em frente à Papuda e dos próprios gestos de José Genoino e José Dirceu, de se considerarem presos políticos, as reações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff às prisões dos mensaleiros foram comedidas. O próprio PT, que reuniu o Diretório Nacional para discutir a conjuntura política e econômica brasileira, citou o mensalão em um longínquo 12º parágrafo da nota oficial emitida nessa segunda-feira, na qual praticamente repete opiniões expressas em notas anteriores.

Dilma tocou no assunto durante reunião com senadores da base aliada para discutir os projetos em tramitação na Casa que aumentam os gastos públicos. Questionada por integrantes da base sobre o tema, Dilma se limitou a dizer que “os partidos podem se manifestar sobre o caso, mas não o Executivo, sob pena de provocar uma crise institucional”. Segundo relato de parlamentares presentes, ela rechaçou a ideia de alguns senadores de pedir o impeachment do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, por supostas ilegalidades cometidas no processo de prisão e de traslado dos presos. “Não é caso de impeachment”, frisou Dilma.

A presidente apenas manifestou preocupação com o estado de saúde do deputado federal José Genoino, ex-presidente do PT, que sofre de problemas cardíacos e luta para migrar para a prisão domiciliar. Ele e Dilma compartilham médico. “O estado de saúde de Genoino é dramático”, comentou a presidente.

Embora não tenha citado nominalmente o deputado, o ex-presidente Lula também referiu-se aos companheiros de partido presos em Brasília afirmando que os condenados que têm direito ao regime semiaberto devem cumprir as penas nos termos definidos em lei. “Eu estou aguardando que a lei seja cumprida e, quem sabe, eles fiquem em regime semiaberto”, disse.

Lula conversou rapidamente com jornalistas ao deixar uma conferência sobre igualdade racial na Faculdade Zumbi dos Palmares, em São Paulo. Ele elogiou a nota divulgada pelo PT, na sexta-feira em que o presidente do partido, Rui Falcão, considerou que a prisão antes da análise dos embargos infringentes “constitui casuísmo jurídico e fere o princípio da ampla defesa”. O ex-presidente voltou a prometer que fará uma manifestação pública sobre o mensalão após a conclusão do julgamento. “Eu ‘tô’ dizendo para vocês há muito tempo que eu vou esperar o julgamento total, que eu tenho muita coisa a comentar e eu gostaria de falar sobre o assunto.”

O Diretório Nacional do PT passou o dia, nessa segunda-feira, reunido em São Paulo, e em uma longa nota, de quatro páginas, mencionou no 12º parágrafo o julgamento do mensalão, criticando a decisão do STF e o traslado dos presos de São Paulo para Brasília. Para a legenda, a operação da Polícia Federal pôs em risco a vida do deputado José Genoino. “O mandado de prisão expedido pelo presidente do STF, ao não especificar o regime de cumprimento das penas, além de propiciar um espetáculo indesejado e condenável, desrespeitou direitos dos companheiros e ainda colocou em risco a vida do deputado José Genoino, cardiopata recém-operado”. 

Apesar da pressão de setores da esquerda petista, foi descartada a possibilidade de um pedido de impeachment de Joaquim Barbosa. Coube à bancada do PT na Câmara, presidida pelo deputado José Guimarães (CE), irmão de Genoino, os ataques mais incisivos a Barbosa. “Manifesto perplexidade e profunda contrariedade com as ilegalidades cometidas pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, na condução do caso dos réus da Ação Penal 470”, criticou.

Pivô leva vida reservada

Personagem inicial do escândalo do mensalão, o ex-funcionário dos Correios Maurício Marinho (foto), flagrado em vídeo recebendo – e guardando no bolso sem conferir – R$ 3 mil de propina em 2005, leva hoje uma vida reservada. Apesar de ter sido indiciado por corrupção passiva pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) Mista dos Correios e de responder a pelo menos uma ação penal em andamento na Justiça do Distrito Federal, ele segue em liberdade e morando no mesmo endereço, em área nobre da capital federal. Marinho evita falar sobre o assunto. “Pelo amor de Deus, não quero nem ouvir falar (em mensalão)”, disse ontem ao Estado de Minas. No vídeo de 2005, o ex-funcionário da ECT aparece falando que recebia dinheiro vivo em nome do PTB e cita o então deputado federal Roberto Jefferson (RJ). Ao se defender, Jefferson, pela primeira vez, denunciou o mecanismo de corrupção de parlamentares, o qual chamou de mensalão.


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