
Os dois principais lances na reta final do aquecimento do jogo eleitoral sinalizam para nova polarização dos grupos políticos no estado. No campo tucano, Dinis se cacifa para ser o vice da chapa encabeçada pelo ex-prefeito de Belo Horizonte e ex-ministro das Comunicações Pimenta da Veiga (PSDB). No campo petista-peemedebista, Josué vem para compor a chapa liderada pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel (PT), sem que seja descartada, contudo, a hipótese de o novo filiado do PMDB encabeçar a coligação se o contexto assim sugerir. É a réplica do embate nacional protagonizado por dois belo-horizontinos: a presidente petista Dilma Rousseff, candidata à reeleição, e o tucano Aécio Neves, que se afirma em seu partido como candidato ao Palácio do Planalto.
A chapa majoritária do PSDB, partido que há quase 12 anos comanda o governo de Minas, caminhava para ser do tipo “sangue-puro”. Agora, com o ingresso de Dinis Pinheiro no PP, poderá contemplar outra fiel legenda da base aliada no estado. Neste momento, Dinis Pinheiro desponta como opção mais provável para a composição da chapa majoritária. Ele foi por duas eleições consecutivas o deputado estadual mais votado e, à frente da Presidência da Assembleia Legislativa, surpreendeu com um mandato voltado para o debate itinerante pelas regiões do estado sobre políticas públicas de combate à pobreza, de mobilidade urbana e da saúde, temas até então reivindicados pelo PT. Com boa penetração junto ao eleitorado popular, ele seria, em tese, o complemento para a candidatura de Pimenta da Veiga. Além disso, pelo PP, o deputado abriria em Minas a defecção em relação à direção nacional do partido, que deverá apoiar a reeleição de Dilma Rousseff.

No campo da oposição ao governo tucano no estado, Josué Gomes da Silva vem reforçar o time que tentará arrancar do PSDB o governo de Minas. Pelo momento, com maior recall e melhor desempenho nas pesquisas, Fernando Pimentel é o mais cotado para encabeçar a chapa. Mas muita água passará por debaixo da ponte até o ano que vem. O filho do ex-vice-presidente da República José Alencar Gomes da Silva, que compôs a chapa vitoriosa capital-trabalho com Lula em 2002 e em 2006, é a nova aposta aposta de Lula.
Para o Senado Federal, a chapa PT-PMDB poderá apresentar a candidatura à reeleição de Clésio Andrade, que ameaçou sair, mas, ao final, após conversa com o vice-presidente da República, Michel Temer, decidiu permanecer no PMDB. Com isso, Antônio Andrade (PMDB), ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que antes da filiação de Josué era tido como nome certo para ser vice de Fernando Pimentel, poderá ter de disputar a indicação para o Senado com Clésio Andrade.
Irmã vai para o DEM
A filiação de Dinis Pinheiro ao PP provocou a reação de democratas, que desejavam vê-lo na legenda. A questão transbordou para a Executiva Nacional, de onde veio a reclamação, ontem: “O PP vai apoiar o Aécio nacionalmente? Quem é leal ao Aécio são os democratas”. Para acalmar os ânimos, Dinis Pinheiro contará com a filiação de sua irmã Ione Pinheiro ao DEM. Ela herdará a sua base política como deputado estadual e poderá ter uma das votações mais expressivas no ano que vem.
