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Estado de Minas

Para especialistas, contratação de médicos pode alavancar campanha de Dilma


postado em 25/08/2013 00:12 / atualizado em 25/08/2013 08:56

Com Maryna Lacerda

O Programa Mais Médicos, a grande aposta da presidente Dilma Rousseff para imprimir uma marca à gestão e recuperar a popularidade perdida nos últimos meses, estará no centro do debate eleitoral durante a campanha presidencial em 2014. Cientistas políticos ouvidos pelo Estado de Minas apontam que a iniciativa - com previsão de investimento de R$ 26 bilhões até 2026 - pode ter o mesmo efeito eleitoral do Bolsa-Família, programa de transferência de renda turbinado no governo Lula, se as barreiras jurídicas que ameaçam o andamento do plano forem derrubadas. A capilaridade do Mais Médicos, que engloba 3.511 municípios de todas as regiões do país, é apontada como o principal combustível para alavancar votos.

Por enquanto, os presidenciáveis Aécio Neves (PSDB-MG), Marina Silva (sem partido) e Eduardo Campos (PSB-PE) adotaram uma postura de cautela em relação ao tema. A avaliação é que críticas neste momento podem não ser compreendidas pela população, que sofre com a falta de médicos no país. Dos três presidenciáveis, Aécio foi o único que chegou a criticar publicamente a ação governamental. Na sexta-feira, o Estado de Minas tentou ouvir a opinião dos outros dois pré-candidatos, mas nenhum deles foi localizado pelas respectivas assessorias para falar sobre o assunto.

Cientista político e professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), Celso Melo classifica como “grande coincidência” o fato de o Programa Mais Médicos ter sido lançado recentemente. “Olha o momento: depois das grandes manifestações nas quais o tema da saúde apareceu fortemente, às vésperas das eleições de 2014 e com um ministro da Saúde potencialmente candidato ao estado de São Paulo. É muita coincidência”, destaca Melo.

Segundo ele, o programa em questão carrega um componente eleitoreiro forte, não somente devido ao momento em que é lançado, mas também por centrar em um aspecto de muito apelo para a população carente: a presença de um médico. “Não importa se vai continuar não tendo laboratório, máquina de exames, sala de cirurgia. O indivíduo vai ver que há um médico. Isso tem um forte impacto, e o governo sabe disso. É mais fácil que investir em saneamento, infraestrutura, segurança e educação, aspectos intimamente ligados à saúde”, avalia Melo.

Segurança jurídica

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, falou ontem sobre os entraves judiciais do programa. “Temos muita segurança jurídica do que estamos fazendo. Acho que quem tem críticas ao programa pode fazer sugestões para aprimorá-lo, mas não venham ameaçar a saúde da nossa população, que não tem médico.” A declaração foi feita no Posto de Saúde nº 1 da Estrutural, durante o lançamento do Dia D de mobilização para a vacinação infantil.

Padilha ainda assegurou que o foco do programa é exclusivamente o atendimento à população sem acesso a esse tipo de serviço. “Sabemos que estamos tendo uma atitude corajosa e que precisava ser feita”, afirmou, negando qualquer caráter eleitoreiro ao programa. “Faremos aquilo que outros países já fazem há muito tempo, que é trazer médicos estrangeiros quando não se tem número suficiente de brasileiros para atender a população”, acrescentou.

Nos últimos dias, começaram a desembarcar médicos para os 701 municípios sem atendimento profissional em todo o país. A maioria vem de Cuba e deve atender às cidades do interior do Brasil, principalmente na Região Norte. Ontem, um grupo com 206 profissionais pousou no Recife, em escala do voo que segue para Brasília, aonde chegaram no começo da noite.

Nas primeiras três semanas no Brasil, os cubanos participam do chamado módulo de avaliação, que inclui um treinamento sobre o sistema de saúde pública brasileiro e língua portuguesa. Também estão nessa preparação os estrangeiros e brasileiros formados no exterior que se inscreveram no programa.


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