
A esperança dos amigos e brizolistas é que o fim das disputas em torno do espólio do ex-governador possa resolver o destino do acervo, que teria, entre suas preciosidades, cartas e documentos inéditos de fatos históricos como a Rede da Legalidade, organizada por Brizola do Rio Grande do Sul para impedir a deposição de João Goulart. Um acordo na Justiça em torno do espólio teria sido selado em dezembro do ano passado e o processo arquivado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
A divulgação do local onde está guardado o acervo desagradou à família do líder trabalhista. O guarda-móveis na entrada da Favela da Galinha fica em um prédio com janelas quebradas e sinais de infiltração nas paredes. Ao lado da construção, passa um córrego não canalizado, tomado por lixo e esgoto. O guardião dos documentos é Manoel de Oliveira Gonçalves, dono de uma transportadora e guarda-volumes. Ele admite que o estabelecimento não é apropriado para a manutenção do acervo.
A permanência dos documentos em local precário se dá em meio à disputa pelo espólio político do líder pedetista travada pelos netos do ex-governador que ocupam cargos eletivos no Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul e aliados do ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi (RJ), reeleito presidente do PDT. Procurados pela reportagem, os netos do ex-governador, a deputada estadual Juliana Brizola (PDT-RS) e o vereador Leonel Brizola (PDT-RJ), irmãos do ex-ministro do Trabalho Brizola Neto (PDT_RJ), não quiseram dar entrevistas. Lupi também não quis falar sobre o assunto. Segundo sua assessoria, a situação do acervo é de responsabilidade da família e o partido não pode interferir.
O acervo de Brizola pertence ao único filho vivo do ex-governador, João Otávio Brizola, responsável na Justiça pelo inventário do espólio do pai, e aos filhos de Neusinha Brizola, também filha do ex-governador, falecida em 2011. Eles são donos também dos direitos de imagens e da história de Brizola, segundo apurou a reportagem. O terceiro filho de Brizola, José Vicente, morto em 2012, teria vendido sua parte para os irmãos. No guarda-volumes em Inhaúma, o material só pode ser visitado ou retirado com autorização de João Otávio, que reside no Rio de Janeiro e em Montevideú, no Uruguai.
