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Estado de Minas

Marcio Lacerda e os desafios de seu segundo mandato

Técnico por natureza, prefeito reeleito da capital terá de adotar uma postura mais política e menos sisuda para enfrentar as turbulências que se desenham à sua frente


postado em 30/12/2012 06:00 / atualizado em 30/12/2012 08:20

(foto: Alexandre Guzanshe/EM)
(foto: Alexandre Guzanshe/EM)

A dois dias de ocupar pela segunda vez a cadeira de prefeito de Belo Horizonte, as previsões para Marcio Lacerda (PSB) não são das mais otimistas. Para driblar as dificuldades que terá com as novas bancadas da Câmara Municipal e a insatisfação de vários partidos aliados em torno da distribuição de cargos na Prefeitura da capital, o socialista terá que deixar de lado o perfil sisudo e técnico – que marcou os quatro anos de sua gestão – para adotar uma postura de político. Sem contar que 2013 será o ano das articulações para as eleições de outubro de 2014, quando ele poderá ter que escolher entre o padrinho político Aécio Neves (PSDB) e o presidente nacional de seu partido e governador de Pernambuco, Eduardo Campos.


A mudança nos rumos da vida política de Lacerda pode ser explicada por pelo menos três fatores. O primeiro é o rompimento com o PT, que até então integrava o governo com a vice-prefeitura e vários cargos no primeiro e segundo escalão, e agora faz parte, de fato, do bloco de oposição na Câmara Municipal. Grupo que, aliás, será bem maior que no primeiro mandato. Se até agora Lacerda enfrentou a oposição firme de apenas dois vereadores, a partir de 1º de janeiro baterão de frente com ele pelo menos nove parlamentares: seis filiados ao PT, dois ao PCdoB e um ao PMDB. E nos bastidores o assunto geral é que ele ainda corre o risco de terminar 2013 sem o apoio do PSDB.

“A grande dificuldade de Marcio Lacerda é que ele não é um político. A crise com o PSDB é sinônimo disso”, reconhece um aliado do prefeito. A fonte referiu-se à polêmica disputa pela Presidência da Câmara: capitaneada pelo senador Aécio Neves, a candidatura do vereador Pablito (PSDB) vem ganhando força na Casa, nome que Lacerda rejeita. Oficialmente, o prefeito nega que esteja participando das negociações, em razão da independência da Câmara.

Mas mais que a eleição do comando do Legislativo, tem desagradado aos tucanos o que eles chamam de postura autoritária do prefeito, que já barrou 90% dos nomes indicados pelo PSDB para ocupar cargos na prefeitura – sendo esse o segundo fator que contribui para complicar a vida política e administrativa do prefeito. Sabe-se que Lacerda tem recrutado quadros técnicos de fora, principalmente de Brasília, da época em que ocupou o cargo de secretário-executivo do Ministério da Integração Nacional.

No embalo das obras espalhadas pela cidade, o PSDB quer comandar a Secretaria de Obras. E para isso os tucanos chegaram a indicar o nome do deputado estadual e presidente municipal da legenda, João Leite, para secretário, ouvindo um sonoro não do prefeito, que vai indicar um técnico escolhido “a dedo” por ele próprio. “A inabilidade política dele é grande demais. O prefeito criticou quase todas as indicações do PSDB para cargos alegando incompetência”, contou uma fonte. Se falta jogo de cintura ao prefeito, faltam também aliados capazes de ajudá-lo nesse jogo político. Basta ver que seu núcleo de confiança é formado exclusivamente por técnicos.

O “quarteto de choque” do prefeito é formado pelos secretários de Governo, Josué Valadão; de Relações Institucionais, Marcello Abi-Saber; e de Serviços Urbanos, Pier Sensi, além do assessor de Comunicação, Régis Souto. Todos serão mantidos em seus cargos no segundo mandato. Outro técnico que ocupará um cargo importante é o administrador de empresas Leonardo Paolucci, indicado para a Secretaria de Planejamento. A estratégia do prefeito será adiar um pouco o anúncio dos integrantes da ala política da administração,  decisão que vem sendo criticada pelas legendas que estiveram ao seu lado na disputa eleitoral.

ARTICULAÇÃO No meio do imbróglio com o PSDB, poucos acreditam em um rompimento entre socialistas e tucanos – a exemplo do que aconteceu com o PT, que em julho deixou os cargos no governo e optou por lançar a candidatura do ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Patrus Ananias (PT) a prefeito de Belo Horizonte. Mas ninguém nega que os tucanos podem engrossar o discurso com Lacerda, além de levar com eles boa parte das legendas que giram ao redor do PSDB e só se aliaram ao PSB durante as eleições a partir de uma articulação encabeçada por Aécio.

As pretensões eleitorais do senador mineiro seriam o terceiro motivo de preocupação para o prefeito. Isso porque Lacerda é filiado a um partido que tem no seu presidente, Eduardo Campos, um nome forte para disputar a sucessão de Dilma Rousseff (PT), embora o próprio Campos tenha afirmado na semana passada que poderá estar ao lado do PT em 2014. Ao mesmo tempo, Lacerda tem como principal padrinho político Aécio Neves. Apesar de ter contado com a boa avaliação de seu governo para se reeleger, não dá para negar a influência do tucano no resultado.

Em entrevista ao Estado de Minas, Marcio Lacerda evitou antecipar o debate, alegando que em dois anos muita coisa ainda pode mudar. Citou como exemplo o rompimento com o PT: na manhã do mesmo dia da convenção em que os petistas optaram pela candidatura própria, alguns petistas estiveram na convenção do PSB para confirmar apoio a ele. À noite, tudo mudou. “O que sempre digo é que será difícil um mineiro não apoiar o Aécio para candidato a presidente.”

 


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