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Estado de Minas

Deputados não se entendem e fazem "guerra" de relatórios na CPI do Cachoeira

Apesar de relator da CPI, deputado Odair Cunha, garantir que vai solicitar o indiciamento de quem se recusou a depor, parlamentares vão à PGR pedir a inclusão de governadores


postado em 20/11/2012 06:00 / atualizado em 20/11/2012 07:50

O deputado federal Odair Cunha (PT-MG), relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, se fechou em silêncio para evitar vazamentos, depois de adiar para esta quarta-feira a leitura do relatório final sobre o esquema de exploração de jogos e corrupção comandado pelo bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Em seu blog sobre a CPMI, Cunha manteve o mistério, mas atiçou a curiosidade: "Mais uma semana intensa de trabalho. Estou a poucos dias de apresentar o relatório final da CPMI do Cachoeira no plenário da comissão. Posso adiantar que ele será bastante contundente e que será solicitado o indiciamento dos depoentes que se recusaram a falar na CPMI ", afirmou.

Mas, mesmo antes da apresentação das conclusões do petista, um relatório paralelo preparado por parlamentares insatisfeitos promete também fazer barulho. Os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Pedro Taques (PDT-MT) vão entregar representação na Procuradoria Geral da República (PGR) para que sejam aprofundadas as investigações sobre as ligações do contraventor com os governadores do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), e do Tocantins, Siqueira Campos (PSDB), que não chegaram a depor na CPMI, apesar de haver requerimentos solicitando a convocação de ambos. Já os deputados federais Rubens Bueno (PPS-PR) e Ônyx Lorenzoni (DEM-RS) devem solicitar à PGR a quebra dos sigilos bancário e fiscal de 12 empresas consideradas de fachada ligadas à Construtora Delta, bem como o indiciamento do dono da empresa, Fernando Cavendish.

A ala dissidente da CPMI chegou a marcar reunião com o procurador-geral da República, Roberto Gurguel, para amanhã, mas recuou para aguardar a leitura do relatório oficial. De acordo com a assessoria de Odair Cunha, o adiamento da leitura marcada para hoje atendeu a um pedido da secretaria da comissão, em razão do curto prazo para impressão de cópias do documento com cerca de 3 mil páginas, para serem distribuídas aos parlamentares durante a sessão de leitura. O petista, que se dedica aos ajustes finais do texto, afirmou em seu blog ter analisado 69.694 páginas referentes a sigilos bancários, 11.333 folhas relativas a quebras de sigilo fiscal de 75 pessoas físicas e jurídicas e, ainda, 45.594 páginas de extratos de ligações telefônicas. Somando documentos, planilhas, fotos, vídeos, extratos, áudios e relatórios analíticos, chega-se ao total de 1,1 terabyte de informações recebidas.

Pista Seguindo a pista deixada pelo relator, entre os que optaram pelo silêncio está o próprio contraventor Cachoeira – preso na penitenciária da Papuda, no Distrito Federal –, sua mulher, Andressa Mendonça, além de seus colaboradores no esquema criminoso, como o ex-diretor regional da Delta e responsável pelas atividades da empresa no Centro-Oeste, Cláudio Abreu; o ex-presidente do Departamento de Trânsito de Goiás (Detran-GO), Edivaldo Cardoso de Paula – acusado de favorecer o grupo criminoso –; o ex-sargento da Aeronáutica suspeito de atuar como “araponga” do grupo, Idalberto Matias de Araújo, o Dadá; além de Gleyb Ferreira da Cruz, suposto “laranja”, e José Olímpio de Queiroga Neto, apontado como gerente da organização.

80 anos de prisão


O procurador Daniel Resende Salgado, do Ministério Público de Goiás, requereu em suas alegações finais que o contraventor Carlinhos Cachoeira seja condenado a 80 anos de prisão, de acordo com o juiz federal Alderico Rocha Santos, da 11ª Vara da Justiça Federal, que preside o processo referente à Operação Monte Carlo. O procurador defende que Cachoeira teria cometido vários crimes de corrupção, violação de sigilo e quadrilha. Uma das supostas tentativas de corrupção do grupo de Cachoeira teria sido cometida pela mulher do contraventor, Andressa Mendonça, e denunciada pelo próprio juiz em 30 de julho, depois de tentar suborná-lo em troca de um alvará de soltura.

A CPMI foi instalada no Congresso em abril, para investigar relações do contraventor com políticos, agentes públicos e privados, depois que as investigações da Polícia Federal apontaram que Cachoeira atuava como lobista e "sócio oculto" da construtora Delta, que teria repassado valores a empresas de fachada. Cachoeira está preso desde 29 de fevereiro, quando foi deflagrada a Operação Monte Carlo. Desde maio, a comissão ouviu governadores, policiais e empresários sobre a denúncia de que o bicheiro mantinha um esquema de exploração do jogo ilegal em Goiás e forte esquema de corrupção, culminando na cassação do então senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO).


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