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Estado de Minas

Compra da casa de cachoeira é um negócio longe de ser esclarecido

Empresário depõe sobre compra de casa de Marconi Perillo, onde o bicheiro foi preso, e complica a vida do governador de Goiás


postado em 06/06/2012 06:00 / atualizado em 06/06/2012 07:28

Brasília – O depoimento do empresário Walter Paulo Santiago à CPI do Cachoeira, ontem, voltou a trazer à tona a venda de uma casa em Goiânia que pertencia ao governador de Goiás, Marconi Perillo, e onde Carlinhos Cachoeira morava até ser preso, em 29 de fevereiro. Entre os pontos em comum nos discursos de Santiago e Perillo, está o fato de nenhum dos dois saber explicar por que Cachoeira vivia no imóvel. Desde a instauração da CPI, o enredo da venda da mansão é o mais comprometedor para Perillo, que prestará depoimento no colegiado na terça-feira.

O empresário, que classificou Perillo como “guerreiro incansável”, afirmou que comprou a casa do governador por R$ 1,4 milhão, em dinheiro, e a registrou em nome da imobiliária Mestra, da qual é representante legal. A empresa tem capital de R$ 20 mil, apenas dois funcionários e, desde 2006 não tinha atividades. O negócio foi intermediado por Wladimir Garcez, ex-vereador de Goiânia, em julho de 2011. Desde a venda, registrada no cartório do município de Trindade, a casa passou a ser ocupada por Cachoeira e a mulher, Andressa Mendonça.

Santiago afirmou à CPI que, embora tivesse acabado de adquirir o imóvel, não sabia por quem estava sendo usado. “Wladimir pediu 45 dias para entregar a casa, pois teria de emprestá-la a uma amiga. Eu aceitei e nunca procurei saber que amiga é essa. Não gosto de saber da vida de ninguém”, tentou argumentar.

“Se a intenção desse senhor era proteger Perillo, a estratégia caiu. Ele veio tentar jogar uma cortina de fumaça nos fatos, mas sem sucesso. Assim como eu, muitos não conseguiram entender nem como ocorreu a venda dessa casa. A situação de Perillo é complicadíssima”, afirmou o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). Para o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), as contradições reforçam a necessidade de a comissão quebrar os sigilos bancário e fiscal do governador.

Petistas da CPI suspeitam que Perillo tenha recebido parte do pagamento em cheque (versão de Wladimir) e parte em dinheiro (versão de Walter Paulo). Interceptações telefônicas realizadas pela Polícia Federal com autorização da Justiça mostram Carlinhos Cachoeira e o ex-diretor da Delta no Centro-Oeste Cláudio Abreu definindo o preço da casa, que chegou a ser avaliada pelos dois em R$ 3,5 milhões.

Tanto Perillo quanto Santiago colocam a concessão de abrigo ao casal Cachoeira na conta de Wladimir. O ponto que mais complicou o empresário é o pagamento do IPTU da propriedade. Os parlamentares perguntaram quem pagou o imposto enquanto a mansão estava sendo ocupada por Cachoeira e Andressa. Ele não soube responder. As investigações da Polícia Federal apontam que o bicheiro arcava com o tributo. O empresário também se enrolou ao tentar explicar a origem do dinheiro usado na compra da mansão, segundo ele, pago em “pacotinhos com cédulas de R$ 50 e R$ 100”. Afirmou que o R$ 1,4 milhão é oriundo de empréstimos feitos pela Faculdade Padrão, da qual é dono.

A assessoria de imprensa do governo de Goiás informou que o depoimento do empresário reitera a versão de Perillo de que o imóvel tinha sido vendido para Wladimir, que pagou com cheques, e, posteriormente, a Walter, que o quitou em dinheiro.

Após o depoimento de Walter Santiago, a CPI ouviu a empresária Sejana Martins, que era sócia da empresa Mestra quando a casa do governador foi vendida. Aos deputados e senadores, disse que “não tem conhecimento dos fatos e das pessoas envolvidas com a CPI.” Os outros dois depoimentos, de Eliane Gonçalves, ex-chefe de gabinete do governador de Goiás, e de Écio Ribeiro, proprietário da Mestra, foram adiados porque eles apresentaram atestados médicos.


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