O Ministério Público de São Paulo (MPE) apura supostos pagamentos de propina da chamada máfia da merenda que teria atuado nas gestões de Marta Suplicy (PT), José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (PSD) na Prefeitura de São Paulo. Documentos, planilhas, memorandos, testemunhas e a delação premiada do sócio de uma das empresas investigadas são as provas da promotoria de que o esquema de corrupção teria passado de uma gestão a outra na cidade.
Os depoimentos do empresário. Eles levaram à abertura ou à apreensão de novas provas sobre supostos pagamentos a políticos e funcionários públicos, incluindo planilhas detalhadas.
O empresário contou que as empresas da merenda formavam um cartel, inclusive combinavam preços e áreas de atuação no País. Usariam notas frias para encobrir os pagamentos de propina e obter verbas federais para a merenda - entre 2008 e 2010 o esquema teria movimentado R$ 280 milhões.
Em lobby pela terceirização do serviço de merenda, as empresas, segundo o MPE, se aproximavam dos candidatos a prefeito e ofereciam dinheiro para suas campanhas. Genivaldo Santos confirmou aos promotores que o financiamento ilícito das campanhas era feito em troca do compromisso do candidato de, se eleito, terceirizar o fornecimento de merenda escolar. E assim o esquema de corrupção se perpetuava.
No caso de São Paulo, teriam sido feitas doações ilegais de R$ 2 milhões para dois candidatos em 2004, segundo dados da investigação. Na gestão Marta Suplicy foi iniciada a terceirização da merenda - 30% do total. O processo continuou nas gestões Serra e Kassab até chegar a 90%. Além de pagar propina sobre o faturamento ou um valor fixo mensal, as empresas são acusadas de servir merenda de má qualidade. O número de refeições seria inflado.
Resposta
Todos os políticos e empresários citados da investigação negam as acusações. A Prefeitura de São Paulo informou que está à disposição do MPE e vai colaborar com as investigações.
“A Procuradoria-Geral do Município aguarda documentos e informações adicionais do Ministério Público sobre o caso para tomar medidas cabíveis, como já o fez anteriormente ao ser informada das investigações pelo MPE”, disse em nota oficial. Entre as medidas já tomadas estão a revisão dos contratos em 2009.
Procurado pela reportagem, o ex-governador e ex-prefeito José Serra (PSDB) não se manifestou. A ex-prefeita Marta Suplicy também não. No início da investigação ela negou, em nota, qualquer irregularidade e classificou as acusações como “absurdas, infundadas”. “Enfrentei uma prefeitura arrasada, escolas sem merenda”, disse em 2009. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.