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Estado de Minas Economia prateada

Empreendedorismo na 3ª idade desengaveta sonhos e cria novas possibilidades

O empreendedorismo tem sido o caminho escolhido pelos idosos brasileiros, agregando conhecimento e prestando serviço à sociedade


Mercantil do Brasil
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postado em 01/05/2022 07:00

João Silveira Monteiro
João Silveira Monteiro, de 72 anos, decidiu se tornar empreendedor para complementar a aposentadoria (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

 
Não é segredo. O sonho de empreender faz parte dos projetos do brasileiro, ainda que, em crise, o alto percentual se destaque por milhões de empreendedores por necessidade, diante da escassez de trabalho. O que não invalida o perfil criativo, desafiador e perseverante de quem passa a ser dono do próprio negócio. E este nicho tem sido a escolha da população acima dos 60 anos, mesmo tendo de lidar com os obstáculos do etarismo, da qualificação, da inclusão no mundo digital.
 
O empreendedorismo tem sido o caminho dos idosos brasileiros após a aposentadoria. A chamada “economia prateada” só aumenta. Segundo o Oxford Economics, a silver economy é a soma de todas as atividades econômicas associadas às pessoas com mais de 50 anos. E os números são inquestionáveis e comprovam tanto o acelerado crescimento numérico como o enorme potencial qualitativo dessa faixa etária: até 2025, o mundo terá mais de 2 bilhões de pessoas acima de 60 anos, 25% da população total.
 
A economia prateada é a terceira maior do mundo, atrás dos EUA e da China. Globalmente, o poder de compra de 60% vai superar os US$ 15 trilhões até 2030. De acordo com o Federal Reserve, 53,2% do patrimônio das famílias dos EUA é controlado pelos babies boomers. Já no mundo corporativo, a idade média dos presidentes das 100 maiores empresas do mundo é de 63 anos. No Brasil, os 60 ou mais eram 7,1 milhões de pessoas em 1990 e serão 68,1 milhões (30% da população) até 2050. Por outro lado, é o grupo etário que tem o maior poder aquisitivo.
 
Mauro Wainstock, sócio-fundador da HUB 40, comunidade voltada para a empregabilidade e marketing de pessoas acima dos 40 anos, nomeado Linkedin Top Voice & Creator e mentor de executivos, destaca que, segundo o relatório Global Entrepreneurship Monitor, desenvolvido pelo Sebrae em parceria com o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade, empreender está no “top 3” dos principais sonhos dos brasileiros. E, de acordo com levantamento feito pelo Sebrae, 49% dos 53 milhões de empreendedores no Brasil têm mais de 50 anos.
 
Por que isto ocorre? “São vários motivos. Diante das dificuldades de obter um emprego formal, em virtude da crise econômica ou do etarismo, eles começam a pensar em empreender por necessidade financeira, já que precisam se sustentar e contribuir com os recursos financeiros da família: 76% dos brasileiros 50+ são a única ou a principal fonte de renda das residências do país.”
 
O brasileiro, enfatiza Mauro Wainstock, também decide empreender depois de anos de experiência no emprego formal: “O profissional 50 acredita que tem a experiência necessária, está aberto para os riscos do negócio próprio e identificou uma dor no mercado em que atua. Neste sentido, entende que chegou a hora de realizar um sonho adormecido. E ainda, o profissional 50 sabe que pode viver mais de 90 anos e precisa se sentir útil e produtivo, aplicando seus conhecimentos com autonomia, socializando e trocando conhecimentos com as gerações mais novas”.
 
Ou seja, empreendedorismo no Brasil “é tudo isto junto e misturado”. Mauro Wainstock lembra que, por ser especialista, e pela vasta carreira, ele pode tornar-se professor, mentor, consultor, palestrante, conselheiro de empresas e, até mesmo, abrir um negócio próprio se este for o seu perfil e se conseguir detectar oportunidades em seu segmento de atuação. Nestes casos, o mesmo profissional, muitas vezes, relegado pela empresa passa a ser considerado mestre, transmite credibilidade (é conselheiro!) e se torna uma referência, passando a ser requisitado cada vez mais, justamente, pela sua trajetória e experiência.
 
 

Mindset de crescimento 

 
É fato que as janelas de oportunidade de emprego no mercado tradicional tendem a se fechar às pessoas que atingem a faixa etária próxima dos 40 anos e essa percepção é facilmente corroborada por diversas pesquisas feitas nos últimos anos pelos mais variados centros de estudos. Essas pessoas têm no seu cotidiano uma vivência, muitas vezes, de 20, 25 até 30 anos de atividades laborais intensas e o sentimento de realização. Essa ruptura acontece quando o indivíduo se vê colocado à margem do mercado de trabalho e de certa forma até marginalizado na sociedade.
 
“Infelizmente, o que resta é o sentimento de que a tão famosa obsolescência programada, que é inerente a todas as coisas e produtos, os alcançou precipitadamente. O afastamento do trabalho, representado pela ruptura identitária, implica uma reorganização do projeto de vida, processo que acarreta profundas mudanças no cotidiano das pessoas”, a constatação é da mestre em administração e psicóloga Heliane Gomes Azevedo, diretora institucional do Instituto de Pesquisa e Projetos Empreendedores (IPPE), que investe na inclusão empreendedora por meio de capacitações inovadoras e criativas com cursos gratuitos.
 
No entanto, avisa Heliane Azevedo, quando o chamado “empreendedorismo na melhor idade” entra nesta equação, os resultados são totalmente opostos. “Neste novo cenário, a pessoa descobre que diante dela está o tão sonhado 'oceano azul' de possibilidades, onde ela consegue ver que não é preciso ter um 'patrão' para estar em atividade, e que pode se munir de conhecimentos aliados à sua bagagem de vida. Na capacitação empreendedora ela consegue entender que pode por si só, com base no seu talento”, explica.
 
Ao analisar os benefícios para o mercado, para a sociedade e para a competitividade do empreendedorismo acima de 60 anos, Heliane Azevedo destaca que os mais velhos apresentam maior capacidade para superar os problemas pela experiência acumulada ao longo da vida. “Isso por si só já seria um fator diferencial e de alavancagem para o empreendedor acima dos 60 anos, pois o empreender tem grandes desafios e necessita de conhecimento, o que esse público já experimentou ao longo de sua trajetória.”
 
Para Heliane Azevedo, os principais entraves dos empreendedores 60 são que a maioria fica engessado, dentro de si mesmo e utilizando aquele processo de engavetar sonhos e possibilidades. Para ela, é preciso tomar uma atitude. De antigas ideias e antigos modos, o que tem que ser feito? Isso é um grande desafio. “Ter um mindset de crescimento, romper com aquela mentalidade fixa, de eu não posso, eu não consigo, eu não dou conta, para um que diz: eu vou, eu dou conta, eu vou vencer. O mindset de crescimento diz: eu vou dar conta. É esse o grande desafio. Acreditar. Saber, saber fazer e querer fazer.”
 

Desafios

 
“Em julho de 2014, trabalhava como engenheiro civil em uma obra de grande porte, comandando mais de 150 operários. Acreditava que tudo estava indo bem, quando para minha surpresa o diretor do empreendimento me avisou que, diante da grande crise financeira por que passava o Brasil e as atividades da empresa estavam diminuindo, alguns colaboradores seriam dispensados, inclusive eu. Foi um choque. E no dia 14 setembro de 2014 fui chamado ao setor de RH para encerrar meu contrato após 12 anos de trabalho sem interrupção. Cheguei em casa arrasado. A minha vida mudou de repente. Eu me vi acuado, sem lugar para ir, sem ter o que fazer. Tinha consciência do meu potencial criativo e de minha experiência como engenheiro civil com 42 anos participando de empreendimentos de grande, médio e pequeno porte.” O depoimento é de João Silveira Monteiro, de 72 anos.
 
Ele conta que o empreendedorismo foi a saída para ter uma renda extra, que reduziu a metade depois da demissão e aposentadoria: “Depois de três anos procurando emprego, já com 68 anos, com a inquietação aumentando, resolvi sair da minha zona de conforto, fiz vários cursos que aumentaram meus conhecimentos para melhorar como empreendedor”.
 
Ao observar que havia muitas calçadas necessitando de conserto para entrar na padronização exigida pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), João Silveira procurou um amigo que tinha uma pequena empresa de construção e reformas, propondo parceria no empreendimento. “Eu faria a captação das obras e ele realizaria. Com essa dobradinha entre 2018 e 2019, executamos 32 reformas de calçadas e de oito banheiros, deques de piscinas e não paramos mais de trabalhar até hoje.”
 

Empreendedorismo no Brasil

 
Dados do terceiro trimestre de 2021, conforme estudo feito pelo Sebrae
 
1,8 milhão de empreendedores brasileiros com 65 anos ou mais, o que corresponde a 7,3% do total de donos de negócios de pequeno porte
50% desses empreendedores estão na Região Sudeste, sendo que São Paulo (29%) e Minas (10%) são os estados com maiores concentrações

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