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Estado de Minas LIÇÕES DA PANDEMIA

SUS fica em evidência na pandemia

A COVID-19 reforçou a necessidade da presença de um sistema de saúde pública fortalecido no Brasil, bem qualificado e com acesso universal para todos


Medicina do Futuro
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Medicina do Futuro
postado em 12/07/2020 04:00 / atualizado em 01/12/2020 11:27

O Sistema Único de Saúde (SUS) sempre é associado a filas, longas esperas por exames e procedimentos de maior complexidade. Mas é uma referência mundial em saúde universal. Todos os brasileiros e estrangeiros residentes ou temporários têm acesso ao atendimento gratuito

A porta de entrada é a unidade básica de saúde. Uma vez cadastrado, o cidadão tem garantido atendimento na rede pública em qualquer parte do território nacional, mesmo em situação de emergência.

Com a vantagem de um cadastro em rede, onde qualquer atendimento, de urgência ou eletivo, o especialista médico tem disponível o histórico de saúde do paciente e todos os procedimentos realizados através do Programa de Saúde da Família (PSF).

Com o contrato de trabalho suspenso devido à pandemia do coronavírus, Carla Roberta Pereira Silva, de 33 anos, com três filhos adolescentes, há pouco mais de um ano adotou a pequena Ester aos nove meses (hoje com 2 anos). Ester Almeida da Silva sempre foi acompanhada pelas equipes do PSF do posto de saúde no Barreiro de Cima, em BH. A caçula da família foi diagnosticada com um tumor no olho direito, que precisou ser extraído.
 
 
 
(foto: Túlio Santos/em/d.a press )
(foto: Túlio Santos/em/d.a press )
 

Estou sem rendimentos e considero uma bênção ter acesso a todo esse acompanhamento. O tratamento continua e meus gastos se resumem a alguns medicamentos e insumos para os curativos”

Carla Roberta, de 33 anos, com a filha Ester, de 2, diagnosticada com um tumor no olho direito: cirurgia e acompanhamento pelo SUS

 
Sem fonte de recursos, a mãe da garota conta a trajetória desde o diagnóstico até cirurgia. “Foi tudo muito rápido e a atenção que recebemos das equipes médica e de enfermagem foi excepcional.” Em janeiro, a menina apresentou uma inflamação ocular e a mãe se dirigiu ao posto. “A pediatra do posto imediatamente nos encaminhou ao Hospital de Olhos da Santa Casa. O atendimento também foi imediato”, diz.

Carla conta que a filha passou por diversos especialistas, “uma verdadeira junta médica”, e incontáveis exames, até que foi diagnosticado o tumor. “Com uma semana do diagnóstico, ela foi para a cirurgia para extração do olho” (no início de junho). Ela se diz impressionada pela agilidade e carinho com que foram tratadas. Ester ainda precisou de nova cirurgia para enxerto e alguns meses à frente colocará uma prótese.

“Estou sem rendimentos e considero uma bênção ter acesso a todo esse acompanhamento. O tratamento continua e meus gastos se resumem a alguns medicamentos e insumos para curativos”, afirma.

Ester vem recebendo atendimento psicológico e a prótese será fornecida pelo SUS. “Disseram que pode demorar um pouco, mas vou precisar aguardar, uma vez que o custo é em torno de R$ 3 mil.”

ATENDIMENTOS 

Em maio, 3,6 milhões de pessoas com sintomas de gripe procuraram os serviços de saúde, mais de 80% dos atendimentos foram na rede pública, segundo dados da pesquisa PNAD-COVID-19, publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 16 de junho. Justo no momento em que se discutia “corte de gastos públicos” em áreas como a saúde, a pandemia do coronavírus mostrou a importância de um sistema público forte, qualificado e articulado para combater a doença.

Entre os 3,6 milhões que procuraram atendimento, podendo ter buscado mais de um tipo, 43,6% foram ao posto de saúde, Unidade Básica de Saúde (USB) ou Equipe de Saúde da Família; 23,4% ao pronto-socorro do Sistema Único da Família ou Unidade (SUS) de Pronto-Atendimento (UPA) e 17,3% a hospitais do SUS. Todos componentes do sistema universal de atenção à saúde, que começou a ser construído no Brasil a partir da Constituição de 1988.

“O sistema universal garante acesso a toda a população e tem papel fundamental para um problema tão complexo. Se pensarmos na constituição de temas coletivos, de abordagens coletivas, que envolvem toda a população de um município como Belo Horizonte, só conseguimos com sistema de saúde forte. Considerando situações especiais como vulnerabilidades sociais, bolsões de pobreza, doenças crônicas, maior complexidade clínica das pessoas com maior risco da doença. Tudo isso se consegue com um sistema universal, atenção primária forte”, observa Taciana Malheiros Lima Carvalho, subsecretária de atenção à saúde da Prefeitura de Belo Horizonte.

O SUS é o sistema com maior programa de imunização, com oferta de vacinas, de dispensação de medicamentos, vigilância sanitária e da água, Samu, hospitais porta aberta, “é muito maior que assistência da saúde, evidente em momento de pandemia, são atendimentos a acidentados, procedimentos de alta complexidade”, diz a subsecretária. Trata-se um projeto onde são aplicados “45% do total de gastos na saúde, para atender 100% da população”.

Essa pandemia revelou a necessidade de sermos efetivamente mais ágeis e principalmente ter processos de trabalho cada vez mais qualificados e operacionais.

“De uma forma geral, nós qualificamos internamente muitos processos de aquisição, cessão e doação de bens. Houve a organização da Sala de Situação em Saúde, das unidades de Resposta Rápida (plantões telefônicos) da rede de laboratórios estaduais. A pesquisa foi reforçada visando ao objetivo prático e envolve hoje tanto o Hemominas quanto o Instituto Otávio Magalhães, ligado à Fundação Ezequiel Dias (Funed), na busca por qualificação de testes e validação de medicamentos”, explica o secretário de Saúde de Minas Gerais, Carlos Eduardo Amaral.

A Fundação Hospitalar do Estado de Minas (Fhemig), por meio do Hospital Eduardo de Menezes, faz parte de estudos multicêntricos vinculados ao Ministério da Saúde. Então, toda a rede de saúde do estado teve uma qualificação e um engajamento grandes na pesquisa, observa Amaral.


Personagem da notícia


 
Débora Matos Ribeiro, 
de 27 anos, estudante de técnica de enfermagem

Experiência positiva

“Resido no Bairro Novo Florença, em Ribeirão das Neves, na RMBH. Quando me casei, eu e meu marido, Rogério de Almeida Tavares, de 28 anos, fizemos cadastro no Programa Saúde da Família local. Foi em 2011, lembro-me de que marquei um ginecologista e a consulta demorou dois anos. Já houve muita deficiência de atendimentos, demoras e filas, mas reconheço que hoje melhorou muito. Atualmente, não faltam ginecologistas no posto. Toda quinta-feira tem o profissional para atender às pacientes. Os agentes de saúde passam nas ruas marcando as consultas de quem tem acompanhamento continuado. O pré-natal e puericultura do meu filho Roger (hoje com 6 anos) foi todo feito no posto. A pediatra era uma médica cubana excelente. Meu sogro, Valdivino Tavares de Paula, de 53, também é usuário do SUS. Ele faz hemodiálise há três anos. Uma van busca ele em casa, em Ribeirão das Neves, três vezes por semana, e o leva ao hospital, em Venda Nova, e o transporta de volta para casa. Considero que ainda há o que melhorar no SUS, mas pessoalmente não tenho nada a reclamar.”

"Considerando situações especiais como vulnerabilidades sociais, bolsões de pobreza, doenças crônicas, maior complexidade clínica das pessoas com maior risco da doença. Tudo isso se consegue com um sistema universal, atenção primária forte”


Taciana Malheiros Lima Carvalho, subsecretária de atenção à saúde da Prefeitura de Belo Horizonte

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