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Estado de Minas Sabedoria

Feliz 2023 e um pouco de Pelé


01/01/2023 04:00 - atualizado 31/12/2022 15:39

Ricardo dos Reis
Belo Horizonte

“Quanto a você, leitor, não sei. Mas tive eu, sim (talvez até tenha sido sorte), bons professores ao longo da vida. Os melhores, hoje sei, foram os que não apenas ensinavam, mas aqueles que demonstravam aprender conosco. Veja bem: demonstravam aprender. Não disfarçavam ter ou trazer também consigo a dúvida, a incerteza. Li isso, muito mais tarde, em livro do saudoso Guimarães Rosa: ‘Mestre não é aquele que só ensina, mas aquele que principalmente aprende’. Insisto nisso, nesse aprendizado com Guimarães Rosa, porque, mais tarde, dando aulas, experimentei o prazer de aprender. 

Só mais tarde, lecionando, pude ver, também, o mesmo brilho e percepção no olhar de meus pupilos. Cônscios, os professores e professoras que tive detinham o poder. Mas não o usavam para manipular ou como vaidade. Usavam-no com sabedoria para ensinar e aprender. Ainda agora, redigindo estas linhas, lembra-me o que traziam no olhar: além do brilho, amor, muito amor ao que faziam. Ah, meus professores... Passando por Miraí agora, terra de Ataulfo Alves, lembro-me de ter ido muito além do be-a-bá. 

Sim, aquele citado em sua linda e marcante canção, ‘Tempos de criança’. Não que o be-a-bá ensinado ali não seja fundamental. Be-a-bá é início, princípio ‘sine qua non’ em tudo na vida. Mas, permita-me, ‘o pulo do gato’, isto é, o ‘ir mais fundo’ só vem de fato mais tarde, com o passar do tempo. Quando a sabedoria adquirida leva-nos também à compreensão de que ‘éramos felizes, e não sabíamos’. Tempo infinito, indivisível, inexorável. Tempo duro, inquebrantável. E, como se diz noutra canção: ‘O tempo passa, e com ele caminhamos todos juntos, sem parar. Nossos passos, pelo chão, vão ficar’. Ah, o tempo, sempre ele, soberano, a ditar o ritmo. E o be-a-bá, fundamental em tudo, na aprendizagem, sempre ali, intrínseco. Aprendizado, em tudo, sempre. A não ser nas telas de cinema e TV, não vi o nosso craque jogar. 

Mas, menino ainda, e bom de bola, me lembra agora a bolinha de meia oval, ora pelo chão, ora pelo ar, a desafiar a lógica, paradoxal e emocionantemente rolando de pé em pé, entre ziguezagues e dribles, a lá Mané, Pelé. Ah, o tempo passa... E como passa. Para todos. Caro leitor: O tempo é infinito e indivisível, mas a gente o pega de jeito e o faz em pedaços para comemorar. Que tenhamos todos um feliz ano novo.”

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