Túllio Marco Soares Carvalho
Belo Horizonte
“Bolsonaro vetou o nome da psiquiatra Nise da Silveira – ícone da humanização compassiva do atendimento psiquiátrico – no livro ‘Heróis e Heroínas da Pátria’. Nise foi aluna do também psiquiatra Carl Gustav Jung, que desenvolveu a genial ‘teoria da sincronicidade’, sobre a estreita conexão entre acontecimentos aparentemente aleatórios. Pouco tempo depois do veto, agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), reduto bolsonarista, assassinaram um esquizofrênico em uma câmara de gás improvisada, perpetrando a antítese aterradora das ideias de Nise. O bolsonarismo, o veto a um nome que simboliza compaixão e o assassinato covarde pela polícia de uma pessoa com transtorno mental, tudo acontecendo em sinistra e estreita conectividade. Enfim, a sincronicidade junguiana saltando aos olhos de uma nação aterrorizada que percebe, cada vez mais nitidamente, que nada nesse governo é por acaso, nada é aleatório e tudo exala desumanidade e morte, com as bençãos ruminantes da maioria dos evangélicos.”