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Estado de Minas artigo

Caso Lojas Americanas: a informação tem valor e depende do seu interesse


02/02/2023 04:00



Guadalupe Dias
Professora, contadora, CEO da Guadalupe Dias Contadores Associados
 
 

Mais um caso em que o balanço de uma empresa é o vilão e o mercado reage como se nada soubesse. Assim foram grandes empresas de diversos segmentos da economia mundial, palco de escândalos contábeis, os quais podem ser citados: Toshiba, Enron, WorldCom, Lehman Brothers, e, por aqui, Banco Nacional, PanAme- ricano, Petrobras.

Em controversos escândalos financeiros, descobriu-se que as empresas estavam usando lacunas contábeis para esconder bilhões de dólares de dívidas incobráveis, passivos exigíveis, ao mesmo tempo em que inflavam os ganhos da empresa. De venda de ativos tóxicos (sem ou baixa capacidade de geração de caixa e contaminação exponencial), em uma operação comumente chamada de “acordos de recompra”, a não baixa de créditos insolventes, o que se desenha é o quanto os investidores, principalmente os pequenos, encontram-se desprotegidos dos órgãos regulatórios.

Há poucos dias do início do ano, depois de assumir o cargo, o CEO da Lojas Americanas renuncia alegando descoberta de “inconsistências contábeis”. Revela também um rombo de R$ 20 bi- lhões referentes a operações de risco sacado (antecipações de recebíveis mediante deságio). Mas uma pergunta: os bancos que praticam esse tipo de operação não têm ciência e mecanismos para o risco a que se expõem?. E a contabilidade, tais operações não foram adequadamente registradas?

Segundo o ex-CEO, tal prática já vinha ocorrendo “há seis ou sete anos”, o que leva à natural indagação: fraude, incompetência, pressão?. Tudo junto? Começa a briga do “salve-se quem puder”. Bancos agora buscam na Justiça bloquear o fluxo de caixa da empresa, entre eles Bradesco, Itaú, Santander, BTG. Mas o que mais choca novamente são duas questões de extrema relevância para a sociedade: o que estão fazendo os órgãos reguladores e as áreas dos bancos de avaliação de risco?.

A informação tem valor e depende do seu interesse. Na contabilidade, sua essência enquanto subsídio para tomada de decisão de natureza econômico-financeira lhe confere credibilidade e fé pública, tal o seu impacto. Para tanto, e por isso, são resguardos dos órgãos reguladores, o que nos remete à única certeza de que como no passado, em que mecanismos foram repensados e evoluíram, leia-se a ideia de compliance, governança corporativa e, mais objetivamente, a Lei Sarbanes-Oxley, aplicada em grande parte do mundo, inclusive no Brasil. Essa lei foi promulgada logo após o escândalo contábil da Enron, e, visando garantir mecanismos de auditoria e segurança confiáveis enquanto transparência de gestão, continuarão se aprimorando. Uma complexa operação, pois já são 20 anos e, de novo, estamos à frente de nova fraude. São US$ 20 bilhões em registro ou sua falta, e outros tantos de danos de toda ordem.

Contabilidade é uma ciência social aplicada, mediadora de conflitos, cuja classificação se reveste pelo julgamento e, com ele, o entorno de sua aplicação, o que, sem dúvida, a coloca em patamar de fazer inveja a qualquer outro ramo do conhecimento, pois soma-se a todo um contexto a carga de desafios, sem trégua, a que se submete, e por extensão seus profissionais.


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