(none) || (none)
UAI

Continue lendo os seus conteúdos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/mês. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas

As idiossincrasias da ESG no Brasil

Tira-se dinheiro da saúde e da educação e dá-se aos políticos, juízes, ministros e aos comissionados. Bilhões e bilhões todo ano


12/12/2022 04:00

José Renato de Castro Cesar
Administrador, tecnólogo, doutorando em Ciências 
Ambientais e Conservação pela UFRJ
 
omo o assunto sobre ESG já vai adiantado, faz-se oportuno corrigir os rumos da teoria (e da prática). É preciso pontuar uma questão conceitual crítica, uma vez que muitos interessados não percebem (não têm visão sistêmica e holística) além dos seus interesses corporativos. Não se dão conta dos fatos sociais e ambientais do país (e que são históricos). E, fazem da governança corporativa o jogo mágico das influências e das aparências. Para estes magos do business, a Environmental, Social and Corporate Governance é pura magia de gente cool, fashionable.
 
É forçoso frisar, que as idiossincrasias do desenvolvimento econômico sul-americano vêm sendo debatidas, discutidas, expostas e analisadas desde o pós-guerra. Cara! E parece que ninguém aprende o que é justiça social, equidade e Índice de Gini. Nunca se produziu tantos milionários no país e na América do Sul, e, seria uma alegria, não fosse essa geração de riquezas às custas da vida de crianças pobres miseráveis que não têm acesso à saúde, educação, moradia e alimentação digna. João Paulo II denunciou isso, quando veio aqui em 1980. E, qual consciência límpida e transparente pode compactuar com tantas falcatruas políticas em nome de um “desenvolvimento sustentável” que é um acinte à racionalidade econômica, social e histórica? Que política é essa, senão a necropolítica de Achille Mbembe?
 
A situação é desgastante do ponto de vista da ética social, especialmente quando se estuda e leva a sério Arthur Fridolim Utz. Essa minha crítica à “ESG carnavalesca” é a mesma análise que viemos fazendo, desde 1999, juntamente com Viviane Guolo, Lorenzo Canova, Alberto Sessa e Vinod Agarwall (Professor de Economia em Berkeley), aos conceitos de “desenvolvimento sustentável”, “turismo sustentável”, “globalização” e “sustentabilidade”. Estudos cruciais que envolvem as apreciações ao capitalismo feitas por Alasdair MacIntyre, no seu famoso livro “After Virtue” (University of Notre Dame Press, 2007), onde ele trata do fracasso das narrativas (discursos) sobre a moral no mundo atual, especialmente entre os homens (e mulheres) de negócios, políticos e dirigentes de classe, demonstrando o fracasso da ética das virtudes. Claro e óbvio! Qual moral pode sustentar tanta corrupção envolvendo a lucratividade de empresas prestadoras de serviços públicos, desvios de verbas, orçamentos secretos e salários miliardários para políticos, juízes, ministros e secretários? Em países periféricos, o fomento a projetos e programas para os ricos e o desprezo aos programas sociais para os pobres é a realidade. Vejam-se as ameaças ao SUS e às escolas e universidades públicas. Tira-se dinheiro da saúde e da educação e dá-se aos políticos, juízes, ministros e aos comissionados. Bilhões e bilhões todo ano. Quinquênios, triênios, prêmios e mais maracutaias.
 
Ora, quem conhece contabilidade sabe muito bem como e porque se fazem dresser-windows, desde os tempos memoráveis de Al Capone, para que as empresas escondam seus lucros do fisco. Mas, onde estamos? Qual teoria e qual prática? Quais ajudas querem dar os ricos empresários à sociedade? E, por que dariam dinheiro ao Estado se já pagam a corrupção dos políticos? Eis a idiossincrasia do círculo vicioso da pobreza e da ignorância que desde 1970 estudamos sem cansar. Celso Furtado, Gunnar Myrdal, Ragnar Nurkse, dentre outros importantes economistas do desenvolvimento. Quais políticos fizeram o seu para-casa? A questão central do debate sobre o desenvolvimento, entre Nurkse e Furtado, que se deu em 1950, trata exatamente dos trade-offs entre consumo de luxo e investimento (vide Bastos; Oliveira, REC/UFRJ/2020). Eis o nó górdio da sociedade brasileira, que a burguesia vê, entende, mas não engole: não queremos ser solidários com a pobreza. Não queremos renunciar ao luxo, às banalidades, às frivolidades do American Way of Life. E não há ESG nesse mundo que resolva esse trade-off a favor dos pobres. Eis o que nos diz a realidade social e as análises científicas e filosóficas. Só não vê quem não quer ver.
 
Portanto, toca à sociedade escolher governantes que façam frente aos interesses corporativos, para mudar as políticas a favor dos mais necessitados. A ESG no Brasil precisa muito aprumar o seu discurso moral. 
 
 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)