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Estado de Minas

A doença cardíaca no pós-COVID-19


13/07/2023 04:00 - atualizado 12/07/2023 21:28
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Rossana Dall’Orto Elias
Médica cardiologista, intensivista do Hospital Biocor/Rede D’Or
 
O novo coronavírus, ou SARS-CoV-2 (COVID-19), faz parte de uma geração de vírus descobertos na China desde 2002. A epidemia da doença, que se alastrou rapidamente, começou em dezembro de 2019 e foi declarada uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde em 11 de março de 2020. No Brasil, já foram milhares de infecções e mais de 700 mil mortes. Medidas estritas foram implementadas para controlar a propagação da infecção e suas consequências devastadoras.

A doença causada pela COVID-19 tem grande impacto, tanto na saúde pública, quanto na economia dos países, pois, além das consequências imediatas causadas pelo vírus, que envolvem múltiplas internações, a doença em sua forma crônica favorece sequelas, incapacidade no trabalho e piora da saúde e da qualidade de vida.

A COVID-19 tem sido o foco de muitos ensaios clínicos, desde a descoberta da vacina para imunizar e reduzir a infecção até as manifestações de novos sintomas emergentes do surto do vírus. Para entender melhor a evolução desta doença, a literatura mais recente definiu a evolução da COVID-19 em duas categorias: a fase aguda, incluindo sintomas e anormalidades que ocorrem de 4 a 12 semanas após a infecção, e a fase tardia, também chamada de síndrome crônica pós-COVID-19, que diz respeito aos sintomas e anormalidades que ocorrem ou persistem por mais de 12 semanas após a infecção inicial.

Foram descobertas evidências científicas de complicações clínicas em eventos subagudos e tardios após infecção por COVID-19, com doenças residuais criadas pelo vírus, como falta de ar, dor no peito, dor nas articulações, dor de cabeça, perda de memória, ansiedade, depressão, distúrbios do sono, palpitações, trombose, perda do paladar e do olfato, levando ao comprometimento da qualidade de vida.

Mais recentemente, a COVID-19 foi descrita na literatura científica como uma doença vascular, e não respiratória, o que aumenta o risco da interação fisiopatológica com doenças cardiovasculares e, consequentemente, aumenta a mortalidade em pacientes infectados.

Infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca e arritmias são algumas das complicações que afetam o sistema cardiovascular. A resposta imune do organismo, juntamente com a formação de componentes inflamatórios e pró-coagulantes, podem ser responsáveis por esses resultados. A inflamação envolve o miocárdio (músculo cardíaco, o pericárdio – membrana que envolve o coração) e afeta o sistema elétrico, desencadeando arritmias.

A incidência de doenças cardíacas por estresse também aumentou durante a pandemia de COVID-19. A detecção de alterações no músculo cardíaco, evidenciada por exames laboratoriais e de imagens, como ecocardiograma e a ressonância cardíaca, indicam inflamação. Portanto, é importante observar que um exame cardiológico se faz necessário caso os sintomas tenham se desenvolvido durante a recuperação do pós-COVID-19.

A avaliação médica com realização de exames complementares cardíacos deve ser considerada caso a caso para elucidar os sintomas do paciente. Informar a população sobre ocorrências clínicas que persistem após a infecção por COVID-19 é importante para o diagnóstico precoce de complicações, bem como para o tratamento específico das lesões cardíacas desenvolvidas. 


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