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Estado de Minas editorial

A queda no desemprego

Somados todos os fatores negativos, a recuperação do mercado de trabalho no Brasil, até aqui, é um dado surpreendente


01/07/2022 04:00



O Brasil registrou duas boas notícias ligadas ao trabalho nesta semana. Na terça-feira, dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Previdência, apontaram a criação de 277 mil vagas com carteira assinada em maio, um recorde para o mês na série histórica. Os dados vieram muito acima das previsões de analistas de mercado, que estimavam menos de 200 mil contratações formais. Na manhã de ontem, foi a vez de o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística contrariar os especialistas independentes, ao anunciar que, pela primeira vez em seis anos, a taxa de desemprego no país ficou abaixo dos dois dígitos. 

Pelos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), apresentados pelo IBGE, a taxa de pessoas sem emprego no país caiu para 9,8% no trimestre encerrado em maio – enquanto no mercado a previsão, na média, era de um recuo de 10,5% para 10,2%. Diante do conturbado cenário nacional e internacional, abalado pela pandemia de COVID-19, pela guerra aberta pela Rússia contra a Ucrânia – que detonou os preços dos combustíveis, com impactos drásticos na inflação mundo afora – e pelo temido risco de uma recessão mundial puxada pelos Estados Unidos, é compreensível a dificuldade de fazer esse tipo de previsão. Afinal, estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) estimou que os estragos provocados pela crise epidemiológica do novo coronavírus na economia global foram piores do que as duas grandes guerras mundiais juntas.

Somados todos esses fatores negativos, a recuperação do mercado de trabalho no Brasil, até aqui, é um dado, de fato, surpreendente. Conforme a Pnad Contínua, a taxa de 9,8% é a menor para o trimestre concluído em maio desde 2015, quando estava em 8,3%, no governo de Dilma Rousseff. Quando se faz a comparação com os três meses anteriores, de dezembro de 2021 a fevereiro de 2022, observa-se um recuo de 1,4 ponto percentual. Em relação ao mesmo período do ano passado, a queda chega a 4,9 pontos.

Além disso, um ponto destacado pelo IBGE é que o número de pessoas ocupadas, de 97,5 milhões, é o maior da série histórica, iniciada em 2012. Representa uma alta de 2,4% em relação ao trimestre anterior e de 10,6% na comparação anual. Traduzindo os percentuais em empregos, equivale a um aumento de 2,3 milhões de pessoas no mercado no trimestre e de 9,4 milhões de trabalhadores ocupados nos últimos 12 meses. No entanto, o número de brasileiros sem ocupação ainda é alto, de 10,6 milhões.   

Apesar de a metodologia usada no Caged ser diferente da empregada pela Pnad Contínua, a coordenadora de pesquisas por amostra de domicílios do IBGE, Adriana Beringuy, observou que o aumento nas contratações formais já se encontra no nível pré- pandemia. "A partir do segundo semestre de 2021, além da informalidade, passou a ocorrer também uma contribuição mais efetiva do emprego com carteira no processo de recuperação da ocupação", disse.

No entanto, a melhora na criação de empregos não vem sendo acompanhada por crescimento semelhante dos salários. No atual levantamento, a boa nova é que, pelo menos, o rendimento real dos trabalhadores – de R$ 2.613, na média – parou de cair. De acordo com a Pnad, apresentou estabilidade frente ao trimestre anterior. Mesmo assim, houve queda de 7,2% na comparação com o mesmo período do ano passado. 


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